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29/10/2005
-
09h43
da Folha de S.Paulo, em Brasília
A CPI do Caixa Dois, que seria a quarta a funcionar na atual crise política, não deve ser instalada. A saída discutida por líderes partidários no Senado é criar uma sub-relatoria na CPI do Mensalão.
Assim ela não ganharia tanto destaque e, ao mesmo tempo, os parlamentares não seriam acusados de conduzir uma operação-abafa.
O requerimento para a criação da comissão foi protocolado anteontem pelo líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM). A proposta seria investigar a existência de caixa dois nas campanhas eleitorais realizadas entre 1998 e 2004.
A avaliação da oposição é que a criação da CPI foi um gesto impensado. A intenção de Virgílio era reagir às denúncias de irregularidades no financiamento de campanha do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), que o levaram a sair da presidência da sigla.
O líder tucano agiu politicamente, mas depois foi acusado de estar blefando e não teve outra saída senão protocolar o requerimento, que teve 37 assinaturas, dez a mais do que o necessário. Entre os que subscreveram o documento estão dois petistas: Ana Júlia Carepa (PA) e Paulo Paim (RS) --e Azeredo.
Para parlamentares da oposição, a atitude do líder tucano foi "suicídio". Isso porque o caixa dois do PT já está sendo vasculhado pelas CPIs em funcionamento. A nova comissão só serviria para investigar o financiamento das campanhas do PSDB e do PFL.
O publicitário Duda Mendonça declarou que recebeu R$ 10,5 milhões no exterior, não declarados, para quitar dívidas das campanhas petistas de 2002, embora tenha poupado a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Além disso, a versão do caixa dois foi levantada pelo próprio Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, e pelo publicitário Marcos Valério de Souza. Essa versão justificaria os saques feitos por deputados e desviaria o foco do "mensalão", suposta compra de apoio parlamentar pelo governo.
Planalto
Para o Palácio do Planalto a instalação de mais uma CPI representaria uma nova derrota. A preocupação maior, no entanto, é em relação aos senadores Aloizio Mercadante (SP), líder do governo, e Ideli Salvatti (SC), principais alvos dos tucanos.
Azeredo admitiu à CPI dos Correios que houve caixa dois em sua campanha à reeleição ao governo de Minas, em 1998, mas jogou a responsabilidade para o ex-tesoureiro Cláudio Mourão, da mesma forma que o PT fez com Delúbio.
Na semana passada, apareceu um cheque de Marcos Valério de Souza, de 2002, para pagar uma dívida do senador, o que agravou sua situação. Pressionado, ele deixou a presidência do PSDB para não prejudicar o partido.
Apesar de Azeredo ter reconhecido a existência do caixa dois e o envolvimento com Marcos Valério, os tucanos reagiram com indignação. Para eles, o governo e o PT tentam confundir as investigações sobre supostos casos de corrupção na gestão Luiz Inácio Lula da Silva trazendo à tona o caso do senador.
Para Aloizio Mercadante, a oposição não quer investigar realmente a existência de caixa dois em campanhas eleitorais. Segundo ele, por esse motivo propôs a criação de mais uma frente de investigação. Para ele, o assunto já está sendo apurado e a existência de uma nova CPI só serviria para tirar o foco das investigações.
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Leia a cobertura completa sobre a crise em Brasília
Oposição se arrepende de pedir CPI do caixa 2
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A CPI do Caixa Dois, que seria a quarta a funcionar na atual crise política, não deve ser instalada. A saída discutida por líderes partidários no Senado é criar uma sub-relatoria na CPI do Mensalão.
Assim ela não ganharia tanto destaque e, ao mesmo tempo, os parlamentares não seriam acusados de conduzir uma operação-abafa.
O requerimento para a criação da comissão foi protocolado anteontem pelo líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM). A proposta seria investigar a existência de caixa dois nas campanhas eleitorais realizadas entre 1998 e 2004.
A avaliação da oposição é que a criação da CPI foi um gesto impensado. A intenção de Virgílio era reagir às denúncias de irregularidades no financiamento de campanha do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), que o levaram a sair da presidência da sigla.
O líder tucano agiu politicamente, mas depois foi acusado de estar blefando e não teve outra saída senão protocolar o requerimento, que teve 37 assinaturas, dez a mais do que o necessário. Entre os que subscreveram o documento estão dois petistas: Ana Júlia Carepa (PA) e Paulo Paim (RS) --e Azeredo.
Para parlamentares da oposição, a atitude do líder tucano foi "suicídio". Isso porque o caixa dois do PT já está sendo vasculhado pelas CPIs em funcionamento. A nova comissão só serviria para investigar o financiamento das campanhas do PSDB e do PFL.
O publicitário Duda Mendonça declarou que recebeu R$ 10,5 milhões no exterior, não declarados, para quitar dívidas das campanhas petistas de 2002, embora tenha poupado a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Além disso, a versão do caixa dois foi levantada pelo próprio Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, e pelo publicitário Marcos Valério de Souza. Essa versão justificaria os saques feitos por deputados e desviaria o foco do "mensalão", suposta compra de apoio parlamentar pelo governo.
Planalto
Para o Palácio do Planalto a instalação de mais uma CPI representaria uma nova derrota. A preocupação maior, no entanto, é em relação aos senadores Aloizio Mercadante (SP), líder do governo, e Ideli Salvatti (SC), principais alvos dos tucanos.
Azeredo admitiu à CPI dos Correios que houve caixa dois em sua campanha à reeleição ao governo de Minas, em 1998, mas jogou a responsabilidade para o ex-tesoureiro Cláudio Mourão, da mesma forma que o PT fez com Delúbio.
Na semana passada, apareceu um cheque de Marcos Valério de Souza, de 2002, para pagar uma dívida do senador, o que agravou sua situação. Pressionado, ele deixou a presidência do PSDB para não prejudicar o partido.
Apesar de Azeredo ter reconhecido a existência do caixa dois e o envolvimento com Marcos Valério, os tucanos reagiram com indignação. Para eles, o governo e o PT tentam confundir as investigações sobre supostos casos de corrupção na gestão Luiz Inácio Lula da Silva trazendo à tona o caso do senador.
Para Aloizio Mercadante, a oposição não quer investigar realmente a existência de caixa dois em campanhas eleitorais. Segundo ele, por esse motivo propôs a criação de mais uma frente de investigação. Para ele, o assunto já está sendo apurado e a existência de uma nova CPI só serviria para tirar o foco das investigações.
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