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04/11/2005 - 09h23

Lula diz a assessores que ignorava esquema

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da Folha de S.Paulo, em Brasília

Em conversas reservadas, membros da cúpula do governo federal já admitem que parte do dinheiro do "valerioduto" tenha origem na operação Visanet. E, nos bastidores, apontam o ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato como provável contato no governo do esquema do "mensalão". Pizzolato, por meio de seu advogado, negou participação no esquema.

A revelação da operação Visanet deixou preocupado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que pediu a auxiliares que se informassem sobre a revelação de membros da CPI dos Correios e lhe dessem um relato.

O deputado federal Osmar Serraglio (PMDB-PR), relator da CPI dos Correios, disse que dinheiro público do BB (Banco do Brasil) alimentou o "valerioduto". A Visanet, empresa de direito privado que reúne uma associação de bancos, tem um fundo no qual o Banco do Brasil participa com 31,9% das cotas.

Um dos principais auxiliares do presidente disse à Folha que o governo considera "provável" que Henrique Pizzolato, Marcos Valério de Souza e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares tenham montado operação com a Visanet. Pizzolato trabalhou com Delúbio para arrecadar recursos para a campanha de Lula em 2002.

Na versão de auxiliares, Lula foi surpreendido com a revelação da CPI e está preocupado porque ela confirmaria, pela primeira vez, uma origem pública para os recursos do "valerioduto". Os assessores dizem que Lula sempre se queixa de que Delúbio fazia coisas sem seu conhecimento, mas na realidade o ex-tesoureiro do PT era bem próximo do presidente: oriundo do meio sindical, como Lula, Delúbio não chegou ao comando do PT pelas mãos de José Dirceu, mas via CUT. Em 2002, viajou ao lado de Lula pelo Nordeste antes da costura da aliança PT-PL. No governo, viajou na comitiva oficial para a África e, em 2003, foi fotografado segurando uma cigarrilha que Lula fumava às escondidas numa audiência.

Até agora, o governo argumenta que não foi provada nenhuma rede de corrupção federal para alimentar o esquema de Marcos Valério e Delúbio Soares. Admite corrupção "pontual" nos Correios. Mas esse discurso pode cair por terra e desgastar ainda mais o governo e o PT num momento em que pensavam que a crise perdia força no campo investigativo e se transformava mais em uma luta política com o PSDB.

Disputa PT-PSDB

Com uma primeira revelação feita por Serraglio por volta do meio-dia, auxiliares de Lula no Palácio do Planalto e expoentes petistas no Congresso Nacional começaram a buscar informações sobre os detalhes da operação Visanet. Nos bastidores, disseram que Delúbio teria concordado com Valério em recorrer a um esquema de financiamento que já teria beneficiado os tucanos quando Fernando Henrique Cardoso foi presidente (1995-2002).

No atual estágio da crise, o governo e o PT ameaçam entrar em guerra com a oposição se ela estiver disposta a elevar o tom dos ataques a Lula a ponto de ressuscitar a tese de impeachment ou convocar familiares do presidente a depor nas CPIs.

Após a reportagem da revista "Veja" sobre suposta doação de U$ 3 milhões ou U$ 1,4 milhão ao PT na campanha presidencial de 2002, houve uma forte tensão entre governo e oposição.

No entanto, a oposição freou as iniciativas mais radicais. Pediu investigação do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e articulou a convocação para depor nas CPIs de dois ex-auxiliares do atual ministro Antonio Palocci (Fazenda) que falaram do caso Cuba à revista "Veja".

Revelações sobre as quais governo e oposição não têm controle contribuem para dificultar o estabelecimento de um limite na guerra política, como têm pregado políticos dos dois lados, seja de público, seja reservadamente.

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