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15/11/2005 - 20h43

Mais uma jovem indígena do Amazonas tenta suicídio

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KÁTIA BRASIL
da Agência Folha, em Manaus

Mais uma jovem indígena tentou o suicídio em São Gabriel da Cachoeira (AM). Segundo a Delegacia de Polícia Civil, a morte da adolescente D., 16, foi impedida porque um amigo dela avisou a polícia de que a garota havia selado um pacto de morte com outros dois menores.

Entre outubro e novembro, três jovens indígenas cometeram suicídio por enforcamento em São Gabriel da Cachoeira, cidade na fronteira com a Colômbia e a Venezuela, localizada a 850 km de Manaus.

Outros quatro jovens, além de D., tentaram suicídio durante esse período. A polícia investiga a existência de uma lista que estaria circulando na cidade e que relaciona pelo menos 20 adolescentes que também cometeriam suicídio.

O motivo da seqüência de suicídios e das tentativas de suicídio ainda não foi identificado. Há duas versões em investigação: a existência de uma seita de jovens que se encontra em cemitérios à noite e que teria feito um pacto de morte e a de que um homem, que se faria passar por um pastor, estaria incentivando os jovens a se matar.

Segundo o delegado Prudêncio Brisolla Corrêa, D. foi encontrada ontem à noite sozinha em sua casa, no bairro Areal, quando a polícia chegou. No local, investigadores encontraram uma corda.

"Encontramos ela em casa muito assustada, descontrolada. Ela disse que morreria ontem e que no outro dia [hoje] outra garota se mataria", disse um investigador, que não quis se identificar.

Ele afirmou que os policias estão em alerta, já que não se sabe os nomes dos outros adolescentes que poderiam cometer suicídios.

A menina D. estudava na Escola Estadual Irmã Inês Penha, onde também estudavam os três índios que se mataram. O primeiro suicídio foi da menina R.,13, em 11 de outubro. O segundo, dia 24, da adolescente M., 12,. O último, do jovem D.,14, aconteceu na quinta-feira passada.

"Os pais do garoto que morreu foram a casa da menina D. e conversaram muito para ela desfazer essa idéia de morrer", disse o investigador que esteve na casa da garota.

A Delegacia Civil de São Gabriel da Cachoeira diz que tem apenas quatro policiais para investigar crimes que ocorrem na cidade --de 30 mil habitantes, sendo que 90% são indígenas, das etnias tukanos, barés, werekena e baniwas. O juiz da cidade, Rene Gomes da Silva Junior, pedirá reforços para a Secretaria Estadual de Segurança Pública.

A maioria dos indígenas que vive em São Gabriel se desagregou das aldeias isoladas do alto rio Negro em busca de emprego na cidade, vivendo em bairros da periferia em condições precárias de saneamento e abastecimento de água. Muitas jovens são mães solteiras, rejeitadas pelas aldeias porque se envolveram com não-índios.

A polícia, a Funai (Fundação Nacional do Índio), a Funasa (Fundação Nacional de Saúde), o governo municipal e representantes de organizações da cidade montaram comissões para investigar o caso dos suicídios e também para dar apoio aos jovens e a suas famílias.

No sábado, mais de mil pessoas participaram de uma caminhava pela vida. Hoje, a presidência da Funai, em Brasília, informou que estuda a possibilidade de acionar a Polícia Federal para investigar os casos.

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