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30/11/2005
-
09h07
KENNEDY ALENCAR
da Folha de S.Paulo
Diferentemente de quatro meses atrás, quando tinha interesse na cassação de José Dirceu (PT-SP) para acelerar o desfecho da crise, o governo atua discretamente para ajudar o ex-ministro a se salvar ou, no mínimo, a perder o mandato de deputado por placar que não seja humilhante e que lhe permita entoar o discurso de vítima de vingança política.
O ministro Jaques Wagner (Relações Institucionais) tem deixado claro em conversas com líderes de partidos aliados que a cassação de Dirceu não é mais boa notícia para o Planalto. Essa avaliação estimulou a cúpula do PT a fazer uma operação de última hora para tentar salvar o deputado.
A articulação do governo e do PT consiste em pedir que setores das legendas que apóiam o governo não compareçam à sessão em que será votada a cassação do mandato do deputado. Acusado de ser um dos responsáveis pelo esquema do "mensalão", Dirceu nega, dizendo não haver provas.
Dirceu deverá contar com apoio de PT, PSB e PC do B. Os partidos de oposição tendem a votar pela cassação. Dirceu dependerá dos votos das legendas mais envolvidas no "mensalão" (PP, PL e PTB), além do PMDB. Quanto menor o quórum, maior a chance de Dirceu. Há possibilidade de a votação ocorrer hoje, caso o Supremo Tribunal Federal não decida pela refeitura de parte do processo no Conselho de Ética.
Para cassá-lo, são necessários ao menos 257 votos, número que a oposição só alcançará se tiver apoio de segmentos dos partidos aliados. Como o voto é secreto, quem votar a favor de Dirceu não seria exposto a crítica pública.
Contra Dirceu pesam as avaliações de líderes partidários de que a opinião pública exige sua cassação e de que a Câmara será muito criticada se o salvar. Um sentimento de autopreservação da Casa tornaria a cassação provável.
Nas palavras de um auxiliar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, há um "fio de esperança" para Dirceu. Quatros meses atrás, Lula e auxiliares avaliavam que entregar a cabeça de Dirceu arrefeceria a crise desencadeada pela entrevista de Roberto Jefferson à Folha, dada no início de junho.
A avaliação no Planalto é que pouco adiantará sacrificá-lo, já que o ministro Antonio Palocci (Fazenda) veio para o centro da crise e o próprio Lula é alvo da oposição. O PT tem dito que salvar Dirceu reforçaria o discurso de que não houve "mensalão".
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Governo quer sessão vazia para salvar Dirceu
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da Folha de S.Paulo
Diferentemente de quatro meses atrás, quando tinha interesse na cassação de José Dirceu (PT-SP) para acelerar o desfecho da crise, o governo atua discretamente para ajudar o ex-ministro a se salvar ou, no mínimo, a perder o mandato de deputado por placar que não seja humilhante e que lhe permita entoar o discurso de vítima de vingança política.
O ministro Jaques Wagner (Relações Institucionais) tem deixado claro em conversas com líderes de partidos aliados que a cassação de Dirceu não é mais boa notícia para o Planalto. Essa avaliação estimulou a cúpula do PT a fazer uma operação de última hora para tentar salvar o deputado.
A articulação do governo e do PT consiste em pedir que setores das legendas que apóiam o governo não compareçam à sessão em que será votada a cassação do mandato do deputado. Acusado de ser um dos responsáveis pelo esquema do "mensalão", Dirceu nega, dizendo não haver provas.
Dirceu deverá contar com apoio de PT, PSB e PC do B. Os partidos de oposição tendem a votar pela cassação. Dirceu dependerá dos votos das legendas mais envolvidas no "mensalão" (PP, PL e PTB), além do PMDB. Quanto menor o quórum, maior a chance de Dirceu. Há possibilidade de a votação ocorrer hoje, caso o Supremo Tribunal Federal não decida pela refeitura de parte do processo no Conselho de Ética.
Para cassá-lo, são necessários ao menos 257 votos, número que a oposição só alcançará se tiver apoio de segmentos dos partidos aliados. Como o voto é secreto, quem votar a favor de Dirceu não seria exposto a crítica pública.
Contra Dirceu pesam as avaliações de líderes partidários de que a opinião pública exige sua cassação e de que a Câmara será muito criticada se o salvar. Um sentimento de autopreservação da Casa tornaria a cassação provável.
Nas palavras de um auxiliar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, há um "fio de esperança" para Dirceu. Quatros meses atrás, Lula e auxiliares avaliavam que entregar a cabeça de Dirceu arrefeceria a crise desencadeada pela entrevista de Roberto Jefferson à Folha, dada no início de junho.
A avaliação no Planalto é que pouco adiantará sacrificá-lo, já que o ministro Antonio Palocci (Fazenda) veio para o centro da crise e o próprio Lula é alvo da oposição. O PT tem dito que salvar Dirceu reforçaria o discurso de que não houve "mensalão".
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