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16/12/2005
-
10h00
EDUARDO SCOLESE
LUCIANA CONSTANTINO
da Folha de S.Paulo
O encontro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o bispo de Barra (BA), dom Luiz Flávio Cappio, ontem no Palácio do Planalto, terminou em impasse. Para o governo, o projeto atual de transposição do rio São Francisco não será modificado. O religioso, porém, disse a Lula que o encontro deu "início à participação da sociedade na discussão".
A audiência, no gabinete do presidente, foi fechada à imprensa. A Folha, porém, teve acesso ao discurso de dom Luiz a Lula. Diante do presidente e dos ministros Ciro Gomes (Integração Nacional) e Jaques Wagner (Relações Institucionais), o bispo atacou a transposição do rio.
Entre o final de setembro e o início de outubro, dom Luiz passou dez dias em greve de fome para protestar contra o atual projeto. O jejum somente foi interrompido depois de o governo ter se comprometido a retomar os debates.
"Não é verdade que a transposição levará água a quem tem sede e isso, por si só, já é um impedimento ético mais do que suficiente para justificar a oposição a este projeto", afirmou o religioso ao presidente, que acrescentou não ter mudado sua "compreensão sobre a transposição".
O encontro foi dividido em duas partes. Na primeira, Lula e o bispo conversaram sozinhos por cerca de dez minutos. Ao lembrar das caravanas petistas ao Nordeste, nos anos 80 e 90, dom Luiz e Lula ficaram com os olhos marejados, segundo o bispo. "Eu fiz aquilo [greve de fome] com o coração", disse o religioso ao presidente, que respondeu: "Então me convença, me convença [dos supostos erros do atual projeto]".
Em seguida, ao lado de ministros e integrantes de movimentos sociais e da Igreja Católica, iniciou-se um debate que durou cerca de duas horas. Ao contrário de outras audiências no Palácio do Planalto, ontem não houve espaço para momentos de descontração do presidente com os demais presentes. Com a cara fechada, Lula procurou mais ouvir do que contra-argumentar com o bispo.
Num dos momentos, Lula disse, segundo a Folha apurou, que era para aproveitarem o espaço de diálogo porque eles sentiriam "saudades" quando ele "voltar para São Bernardo" no final do mandato. Dom Luiz respondeu a seguir: "Eu só encerrei a greve porque vocês se comprometeram a retomar as negociações".
Depois da reunião, o bispo afirmou, sobre a possibilidade de as obras começarem no início de 2006: "Ele [Lula] não disse nem sim nem não".
Especial
Leia o que já foi publicado sobre a transposição do rio São Francisco
Bispo se reúne com Lula e ataca transposição
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LUCIANA CONSTANTINO
da Folha de S.Paulo
O encontro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o bispo de Barra (BA), dom Luiz Flávio Cappio, ontem no Palácio do Planalto, terminou em impasse. Para o governo, o projeto atual de transposição do rio São Francisco não será modificado. O religioso, porém, disse a Lula que o encontro deu "início à participação da sociedade na discussão".
A audiência, no gabinete do presidente, foi fechada à imprensa. A Folha, porém, teve acesso ao discurso de dom Luiz a Lula. Diante do presidente e dos ministros Ciro Gomes (Integração Nacional) e Jaques Wagner (Relações Institucionais), o bispo atacou a transposição do rio.
Entre o final de setembro e o início de outubro, dom Luiz passou dez dias em greve de fome para protestar contra o atual projeto. O jejum somente foi interrompido depois de o governo ter se comprometido a retomar os debates.
"Não é verdade que a transposição levará água a quem tem sede e isso, por si só, já é um impedimento ético mais do que suficiente para justificar a oposição a este projeto", afirmou o religioso ao presidente, que acrescentou não ter mudado sua "compreensão sobre a transposição".
O encontro foi dividido em duas partes. Na primeira, Lula e o bispo conversaram sozinhos por cerca de dez minutos. Ao lembrar das caravanas petistas ao Nordeste, nos anos 80 e 90, dom Luiz e Lula ficaram com os olhos marejados, segundo o bispo. "Eu fiz aquilo [greve de fome] com o coração", disse o religioso ao presidente, que respondeu: "Então me convença, me convença [dos supostos erros do atual projeto]".
Em seguida, ao lado de ministros e integrantes de movimentos sociais e da Igreja Católica, iniciou-se um debate que durou cerca de duas horas. Ao contrário de outras audiências no Palácio do Planalto, ontem não houve espaço para momentos de descontração do presidente com os demais presentes. Com a cara fechada, Lula procurou mais ouvir do que contra-argumentar com o bispo.
Num dos momentos, Lula disse, segundo a Folha apurou, que era para aproveitarem o espaço de diálogo porque eles sentiriam "saudades" quando ele "voltar para São Bernardo" no final do mandato. Dom Luiz respondeu a seguir: "Eu só encerrei a greve porque vocês se comprometeram a retomar as negociações".
Depois da reunião, o bispo afirmou, sobre a possibilidade de as obras começarem no início de 2006: "Ele [Lula] não disse nem sim nem não".
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