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16/12/2005 - 12h25

Mensagem espalhada na internet diz que cena das bengaladas foi armada

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MARI TORTATO
da Agência Folha, em Curitiba

Uma mensagem que se propaga na internet há pelo menos dez dias acusa o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) de ter contratado o escritor e ex-ator Yves Hublet, 67, para dar bengaladas no ex-deputado José Dirceu (PT-SP) no corredor do Congresso, no dia 29 de novembro, véspera da cassação.

Segundo o texto, a encenação foi articulada pelo funcionário público aposentado Paulo Abbas, amigo e cabo eleitoral do senador, que mora em Curitiba.

O texto afirma também que a repórter da Folha em Curitiba foi avisada com antecipação da agressão e que alertou aos repórteres que cobrem o Congresso, o que não corresponde à verdade.

A mensagem com informações falsas vem sendo replicada nos espaços reservados a comentários do leitor em blogs assinados por colunistas da área de política, em sites sobre jornalismo e em bate-papos no Orkut.

A versão completa divulga os números dos telefones de casa da repórter e de Abbas, a pretexto de confirmação da história.

O texto diz que Abbas comprou em seu nome a passagem de avião para o escritor viajar de Curitiba a Brasília --ele é paranaense-- na Sidney Turismo & Câmbio, agência de viagens que tem loja no shopping Müeller, em Curitiba.

Não há, porém, nenhuma referência sobre o dia do suposto embarque, o número do vôo e por qual companhia aérea viajou Hublet. O shopping é indicado, também segundo o texto, como local onde Hublet "trabalha sempre como Papai-Noel" no Natal.

O escritor, Alvaro Dias, Abbas, e as gerências da agência de turismo e da empresa de eventos do shopping negaram a história.

Hublet disse que "desde 20 ou 21 de março", quando foi morar em Brasília, não voltou mais a Curitiba nem tomou algum avião da cidade para a capital federal.

Ele também negou ter incorporado Papai-Noel em alguma loja ou centro comercial de Curitiba. "E teve um período que estava tão ruim de finanças que até toparia, se me convidassem."

"Esse nome, Yves Hublet, está virando lenda por aqui", afirma Tamara Colle, responsável há seis anos pela conta do Müeller na agência de promoção e eventos VCT. "Estou no mercado há 11 anos e o meu cadastro nunca teve esse nome", diz ela.

Na Sidney Turismo, depois de muita insistência, a gerente checa o cadastro de clientes no computador e não localiza nenhum dos nomes citados na mensagem.

Apontada como outra opção onde a passagem teria sido comprada, a agência de câmbio e viagens Soviagem --ex-Sidney Catenacci-- não atende o pedido para checar sua relação. A não ser com ordem judicial, informa o gerente, Marcelo Couto.

"Ninguém comprou passagem para ninguém. A gente só tem que dar risada desse absurdo: gastar dinheiro para um cara ir a Brasília dar bengalada no José Dirceu", disse Abbas. "Nunca vi esse homem nem mais gordo nem mais magro." A Folha procurou Abbas no gabinete de Alvaro Dias em Brasília. Ele atendeu no escritório do senador em Curitiba, pelo serviço "siga-me".

"Não tive essa feliz idéia", ironizou Alvaro Dias, em resposta à pergunta sobre se mandou pagar a passagem do agressor de Dirceu. O senador disse que nas reproduções das imagens do dia seguinte, Hublet lhe pareceu "uma figura conhecida", mas que não teve contato com ele.

Disse também que não se incomoda com o que diz a mensagem da internet. "Se ele me pedisse uma passagem, atenderia. Não para ir dar bengaladas no José Dirceu, mas por ser um escritor."

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