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26/01/2006 - 10h26

Gerdau teme campanha eleitoral "cruenta"

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CLÓVIS ROSSI
MARIA CRISTINA FRIAS
Enviados especiais da Folha a Davos

Jorge Gerdau Johannpeter, um dos maiores pesos pesados do empresariado brasileiro, não tem medo particular de nenhum dos presumíveis candidatos favoritos à eleição de outubro, mas teme, sim, a própria campanha eleitoral: "Se for cruenta, como tudo indica, poderá desmoralizar todo mundo, ainda mais em um país que tem tradição de promover desmoralizações", diz Gerdau, também coordenador da Ação Empresarial Brasileira, ativo grupo que busca soluções para as reformas estruturais no país.

São exatamente essas reformas que fazem aumentar o temor de Gerdau. O empresário acha que os problemas brasileiros já estão devidamente mapeados. Falta apenas o que chama de "inteligência política" para executá-las.

É óbvio que um presidente, seja qual for, desmoralizado por uma campanha eleitoral "cruenta", terá ainda mais dificuldades para pôr em prática o que é necessário.

Quanto aos candidatos, ao menos os principais, preocupam menos. Gerdau acha que já não existem diferenças essenciais entre as propostas dos grandes partidos.

Concorda com Gerdau outro brasileiro de ascendência alemã ou, mais exatamente, um alemão nascido no Brasil, caso de Caio Koch-Weser, que foi secretário de Finanças na Alemanha com o anterior governo e acaba de ser convidado para o Deutsche Bank. Koch-Weser, nascido em Rolândia (PR), também teme a campanha mais que os candidatos.

Motivo: "O escândalo de corrupção foi mais fundo do que se imaginava", o que, naturalmente, repercutirá na disputa eleitoral.

Koch-Weser evita fazer comentários mais agudos sobre o quadro eleitoral brasileiro.

Mas, quando a Folha perguntou se era verdade que o mercado temia mais o prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), do que Luiz Inácio Lula da Silva, ergueu a sobrancelha em sinal de espanto e respondeu com um forte "não".

Fora do radar

Mas, fora essas duas personalidades, ambas ligadas ao Brasil, o assunto eleição brasileira ainda não entrou na agenda da elite política, empresarial e acadêmica que se reúne, todo mês de janeiro, em Davos para o encontro anual do Fórum Econômico Mundial.

Mesmo George Soros alega que está desinformado. O mega-investidor ou mega-especulador produziu, na campanha de 2002, um diagnóstico bombátisco ("é Serra ou o caos", afirmou em encontro informal com a Folha em Nova York). Agora, conversando com o mesmo jornalista, prefere perguntar quando é a eleição e quem são os candidatos.

Informado, prefere desviar o assunto para a economia. Diz que estava preocupado com o baixo crescimento brasileiro, mas o brutal consumo chinês acabou ajudando o desempenho da economia "não ter sido tão ruim".

Mas Soros concorda em que o Brasil sumiu da agenda de Davos neste ano. "Estão obcecados com a China", explica.

Há quem veja outros problemas, além de a China desacelerar, para o crescimento brasileiro. É o caso de Laura D'Andrea Tyson (London Business School e chefe dos assessores econômicos da Casa Branca no primeiro governo Bill Clinton): "Ajuste fiscal não significa rápido crescimento. Faltam parcerias comerciais e uma série de condições para crescer mais", diz Tyson, que ressalva não conhecer muito do Brasil.

Já Nancy Birdsall, que foi especialista do Banco Mundial em políticas de combate à pobreza e hoje preside o Centro para o Desenvolvimento Global (Estados Unidos), ataca pelo lado de sua especialidade, o social. Acha que seja qual for o presidente eleito, terá que cuidar do que faltou no governo Lula: "Equacionar a questão social".

Já o sarcástico Lawrence Summers, secretário do Tesouro norte-americano entre 1999 e 2001, hoje presidente da Universidade Harvard, acha até bom que o Brasil esteja fora da agenda.

"Nos últimos 15 anos, o Brasil aparecia como fonte de potencial ou real crise financeira. Agora, não há esse problema, graças a uma política fiscal sadia", diz.

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