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27/01/2006 - 10h53

Ativistas do Fórum Social pedem radicalização contra capitalismo

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EDUARDO DAVIS
da Efe, em Caracas

O Fórum Social Mundial continua endurecendo suas posições, e um grupo de reconhecidos ativistas pediu aos movimentos sociais que "radicalizem a luta contra o capitalismo".

Acompanhado por cerca de 2.500 pessoas que na noite desta quinta-feira ocuparam a principal sala do teatro Teresa Carreño de Caracas, o economista egípcio Samir Amin, um dos fundadores do Fórum Social, fez um apelo "à rebelião na América Latina".

Amin chegou a Caracas procedente de Bamaco, capital de Mali, onde na semana passada concluiu um dos três capítulos em que foi dividido o Fórum Social Mundial deste ano.

O egípcio explicou que em Mali os movimentos sociais concordaram em lançar "um plano de ação e mobilização mundial" que "resista e combata a expansão capitalista", e que identifica o Governo dos Estados Unidos como o principal "inimigo".

Também disse que se trata de formar um movimento global "contra o imperialismo, contra a agressão e o poder militar", que definiu como uma espécie de "internacional dos povos", baseada no conceito da "solidariedade mundial".

O discurso de Amin foi feito num momento em que o Fórum Social debate a relação dos movimentos sociais com os Governos de esquerda surgidos na América Latina e critica a 'fragilidade política' que caracteriza as ONGs.

No centro do movimento contra a globalização há pessoas que, assim como Amin, estão convencidas de que passou a hora do debate e é necessário planejar ações concretas, dirigidas a fortalecer esses Governos e conseguir que outros países tomem o mesmo caminho.

A historiadora venezuelana Margarita López Maya assinalou que há alguns países, entre os quais citou Peru e México, "quase a ponto de aderir à onda progressista", mas alertou que as forças do grande capital se mobilizam para preparar uma "contra-ofensiva".

Maya disse que "os movimentos de mudança estão chegando ao poder com a força dos votos", mas colocou em dúvida que as grandes reformas sociais possam ser realizadas "de forma pacífica".

"A experiência venezuelana revela a feroz resistência dos velhos interesses ao perder o jogo e é preciso estar preparados para uma maior polarização e riscos de violência", afirmou.

Segundo a historiadora, os movimentos sociais "têm uma visão parcial dos problemas" e devem "avançar na formação política" de seus ativistas para se prepararem "para as lutas que se aproximam".

No mesmo sentido, o sindicalista uruguaio Juan Castillo assinalou que enquanto "Cuba ilumina o caminho", países como Venezuela, Brasil, Argentina, Uruguai e Bolívia "avançam pelo caminho da esquerda".

No entanto, citando o caso do Uruguai, advertiu que Tabaré Vázquez e os partidos de esquerda que o apóiam "conquistaram o Governo, mas não conquistaram o poder".

O sindicalista afirmou que os sindicatos e movimentos sociais devem ser "solidários" com estes Governos, mas sem "perder a independência nem a consciência da classe", pois "se os Governos de esquerda não avançarem, a classe operária deverá responder com uma mobilização militante e combativa".

Castillo também citou algumas ações do Governo de Vázquez que "decepcionaram" os sindicalistas de esquerda. "Não concordamos em assinar um acordo de investimentos com os Estados Unidos e não estamos de acordo em manter tropas de ocupação no Haiti", especificou.

Nesse clima "combativo" que está ganhando força no Fórum Social de Caracas, os defensores da "linha dura" terão um banquete hoje à noite, quando está previsto o primeiro discurso do presidente Hugo Chávez na reunião.

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