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29/01/2006 - 09h40

CPI encontra R$ 96 mil em cheques de Duda para rinha

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LEONARDO SOUZA
da Folha de S.Paulo

O publicitário Duda Mendonça gastou R$ 96.080 no Clube Privé Cinco Estrelas, local onde foi preso em flagrante no dia 21 de outubro de 2004 por participar de um evento em que eram disputadas brigas de galo, o que é considerado crime ambiental.

Foram ao todo cinco cheques, emitidos pelo publicitário entre 2003 e o final de 2004. O maior deles, no valor de R$ 48.080, foi compensado menos de um mês antes da prisão de Duda.

Além dos gastos no Clube Privé, quatro cheques para Reginaldo Prata Rocha, no valor de R$ 21.980, podem complicar a situação de Duda, que responde a processo por maus tratos a animais. Prata Rocha é criador de galos. Foi preso em maio do ano passado numa rinha no Clube do Galo, em Salvador. Na ocasião, Reginaldo disse que "vendeu e vende galos de briga" para Duda. Afirmara também que o publicitário manteria oito tratadores para cuidar dos seus galináceos.

O advogado do publicitário, Tales Castelo Branco, admitiu que Duda pode ter comprado "galos de raça", mas disse que o publicitário não aposta nem os coloca para brigar. "Ele apenas assiste às rinhas, nunca foi um apostador", disse Castelo Branco.

Indagado sobre o motivo, então, de o publicitário ter passado um cheque de R$ 48.080 ao Clube Privé, Castelo Branco disse que se devia a "encontros com amigos", como jantares e bebidas. "O Duda é homem que ganha muito e gasta muito." Após a insistência da reportagem sobre o alto valor do cheque para justificar jantares e bebidas, Castelo Branco lembrou que o publicitário gosta, por exemplo, do vinho francês Romanée-Conti, com o qual presenteou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva após um debate na TV Glona campanha de 2002. O vinho tomado por Lula, safra 1997, foi avaliado na época em R$ 6.000.

A pena por organizar ou participar de rinha de galo pode chegar a um ano de prisão. Além de crime ambiental, há quem considere a briga de galo como formação de quadrilha e jogo de azar, por causa das apostas. Porém, em março de 2005, a Justiça do Rio decidiu que Duda não seria processado por formação de quadrilha e apologia ao crime, mantendo o processo por maus tratos a animais.

Os nove cheques (cinco para o Clube Privé e quatro para Prata Rocha) fazem parte dos dados do sigilo bancário de Duda recebidos pela CPI dos Correios.

Se Duda tem galos de briga ou fez apostas em rinhas é algo que não está na esfera de interesse da CPI. Um gasto de R$ 25 mil supostamente para compra de gado, no entanto, chamou a atenção dos técnicos da comissão.

A CPI localizou um cheque de R$ 25 mil de Duda para uma pessoa identificada como Edson Moura, mesmo nome do prefeito de Paulínia (SP). Questionado sobre se o dinheiro seria para o prefeito, o advogado Tales Castelo Branco confirmou que sim.

Disse que não seria somente um cheque, mas quatro de mesmo valor, totalizando R$ 100 mil. O dinheiro seria para a compra de gado pertencente ao prefeito, que teria uma fazenda na Bahia.

Procurado pela Folha, o prefeito disse, por meio de sua assessoria, que nunca havia feito negócio com Duda e que só conhecia o publicitário pela televisão. Sobre a reposta dada pelo prefeito, Castelo Branco disse que, de fato, os dois não se conheciam pessoalmente e que o negócio havia sido feito por intermédio de um funcionário de Edson Moura.

O cheque de R$ 25 mil foi emitido por Duda, a partir de sua conta no BankBoston, em 19 de outubro de 2000, durante a eleição municipal pela qual Moura se elegeu.

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