30/01/2006 - 12h25

PSDB entra com representação no TSE contra o presidente Lula

ROSE ANE SILVEIRA
da Folha Online, em Brasília

O PSDB entrou na semana passada com quatro ações na Justiça Eleitoral contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por antecipação de campanha. Pela Lei, a campanha eleitoral só terá início no dia cinco de julho, mas na avaliação do PSDB o presidente Lula já está em campanha há vários meses.

Segundo o líder tucano no Senado, Arthur Virgílio (AM), "se preciso, o partido vai quatro mil vezes à Justiça contra Lula", para impedir a campanha antecipada. "Lula se coloca à margem da legislação e da ética. Mas, como dirige um governo delinqüente, não poderíamos esperar outro comportamento."

As ações do PSDB contra Lula foram impetradas junto ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O partido alega que Lula tem usado de prática de propaganda eleitoral extemporânea e ilegal de forma recorrente. A primeira representação é referente ao discurso feito durante a inauguração de uma ponte no Acre; outra, por ocasião de uma visita ao Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial), no Rio de Janeiro e, as duas outras ações se referem ao discurso proferido na inauguração de um hospital em Queimados, também no Rio, e pela prestação de contas dos três anos de governo.

Outras ações já estão sendo preparadas pela assessoria tucana. Na avaliação do líder do PSDB no Senado, na última sexta-feira Lula fez um discurso de campanha para militantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) em Castilho (SP). Virgílio afirma que Lula chegou a fazer promessas "como se já estivesse eleito para um novo mandato."

Irritado com a postura do presidente, Arthur Virgílio partiu para o ataque e afirmou que "este é um governo que está afundado, com crescimento econômico pífio em um momento favorável para o Brasil avançar. O presidente não tem ética, não tem compostura e fala sobre o que não entende".

O deputado Bismarck Maia (PSDB-CE) criticou as ações do presidente e cobrou atenção especial do TSE e do Ministério Público Eleitoral para as movimentações do presidente Lula. Segundo ele, o petista está usando o poder do cargo para se promover. "Lula faz verdadeiros comícios em cerimônias oficiais do governo."

Bismarck apontou especial preocupação com o uso da máquina de comunicação do governo para a antecipação da campanha. Segundo o deputado tucano é preciso que as autoridades redobrem as suas atenções para o pronunciamento do presidente, em cadeia nacional, previsto para março.

Agenda presidencial

O presidente do PT, Ricardo Berzoini, negou que o presidente Lula tenha feito uma agenda de candidato nos eventos. "O PT está consciente de que o presidente está fazendo uma agenda presidencial, que não tem característica eleitoral", disse.

Berzoini comparou a agenda de Lula com a do então presidente Fernando Henrique Cardoso em 1998. Segundo ele, Lula não faz nem "mais nem menos" que FHC fez na época.

"É uma movimentação normal, como a do governador de São Paulo [Geraldo Alckmin, pré-candidato à presidência], que pode ser classificada de eleitoral ou eleitoreira. Ele [Alckmin] tem viajado país afora em buscar de articular o seu partido. Assim como o prefeito [de São Paulo, José Serra], que está há um ano no cargo e já em campanha para disputar a presidência. São movimentações normais, típicas de um ano eleitoral", afirmou.

O Palácio do Planalto foi procurado, mas não quis se manifestar sobre o assunto.

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