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06/02/2006 - 09h45

Duda dividiu "offshore" com tesoureiro de Maluf

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ANDRÉA MICHAEL
RUBENS VALENTE
da Folha de S.Paulo

O tesoureiro do ex-prefeito Paulo Maluf (PP) Calim Eid, morto em 1999, o publicitário Duda Mendonça, sua ex-mulher e ex-sócios usaram a mesma empresa de fachada gerida por doleiros de São Paulo para movimentar US$ 3,4 milhões nos Estados Unidos entre 1997 e 2000.

Duda trabalhou em 1998 para a campanha de Maluf ao governo de São Paulo e em 1996 para a campanha de Celso Pitta à prefeitura paulistana.

No curso da investigação do "mensalão" conduzida pela Polícia Federal e pela Procuradoria Geral da República, surgiram indícios de que em outras campanhas eleitorais, além das que fez para o PT em 2002, o marqueteiro também teria sido pago por um esquema de caixa dois. As investigações em que já foram reunidos mais elementos são sobre as campanhas de Eduardo Azeredo (PSDB) em Minas e de Maluf.

A análise da base de dados do MTB Bank de Nova York levantou um indício que poderá reforçar a tese do Ministério Público. A mesma Agata International Holdings --"offshore" com sede nas Ilhas Virgens Britânicas que recebeu e enviou recursos de Duda e associados-- também pagou US$ 620 mil para o tesoureiro e ex-chefe da Casa Civil de Maluf.

Calim Eid, que morreu em 1999 num acidente de automóvel, foi um dos responsáveis pelo comando da campanha malufista de 1998. Braço direito de Maluf, também foi implicado no escândalo da corretora Pau Brasil, que teria operado um esquema de caixa dois em 1992.

O pagamento da conta da Agata para uma conta atribuída a Eid no banco Chase Manhattan de Nova York (EUA) ocorreu no dia 13 de novembro de 1998.
A conta registrada em nome do tesoureiro aparece relacionada a uma conta bancária em nome de uma empresa em Genebra, na Suíça. O número da conta de Eid é 9958. Aberta na seqüência no mesmo Chase, a conta de número 9960, identificada apenas por um apelido, "Pera", recebeu US$ 702 mil também da Agata.

Uma pessoa que se apresentou à Folha como viúva de Eid, por telefone, na última sexta-feira, disse que o empresário não mantinha conta bancária nos EUA.

As operações da Agata com Duda e associados estendem-se de 14 de janeiro de 1997 a 12 de julho de 2000. Em nome da jornalista Rita de Cássia Moraes, ex-mulher de Duda, aparecem cinco pagamentos para a Agata no valor total de US$ 133 mil, o último em 2002.

Um dos registros traz o atual endereço residencial de Rita, na praia de Piatã, em Salvador. Em entrevista, Rita de Cássia negou ter conhecimento de qualquer conta no exterior e disse estar surpresa com a informação.

Em nome de Duda aparecem oito operações que totalizam US$ 668,2 mil entre 19 de maio de 1999 e 26 de maio de 2000. Sua sócia Zilmar Fernandes é quem tem o maior nome de operações entre os associados. Foram 14 depósitos e recebimentos sempre intermediados pela offshore Agata. Totalizam US$ 943,4 mil de 28 de fevereiro de 1997 a 12 de julho de 2000.

Outros dois ex-sócios de Duda cujos nomes aparecem na base de dados do banco são João Santana (US$ 528,8 mil) e Armando de Carvalho Ribeiro (US$ 539,3 mil).

A base de dados do MTB Bank chegou ao Brasil no decorrer das investigações da CPI do Banestado. O banco já era investigado nos EUA por suspeita de lavagem de dinheiro. As investigações mostraram que dezenas de doleiros brasileiros abriram contas no MTB em nome de "offshores" com sede em paraísos fiscais.

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