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22/02/2006 - 12h12

Governo comemora subida de Lula nas pesquisas e oposição minimiza resultado

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ROSE ANE SILVEIRA
FELIPE RECONDO
da Folha Online, em Brasília

Governo e oposição receberam de forma diferenciada o resultado da pesquisa Datafolha divulgada na edição desta quarta da Folha. A pesquisa mostra que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a ser o favorito para a eleição presidencial de outubro, batendo tanto o prefeito José Serra (SP) como o governador Geraldo Alckmin (SP). Pela primeira vez desde agosto do ano passado, o Datafolha apurou que Lula está à frente de Serra no segundo turno também.

O petista tem 48% das intenções de voto (no início de fevereiro, tinha 41%). A pesquisa mostra que Serra caiu de 49% para 43% nas intenções de voto no segundo turno. No primeiro turno, o Datafolha apurou pela primeira vez em quatro meses que o presidente Lula aparece à frente de Serra. Lula subiu de 33% para 39% desde a pesquisa dos dias 1º e 2 de fevereiro. Serra recuou e foi de 34% para 31%.

Os governistas comemoraram o resultado da pesquisa. "A pesquisa mostra que é o momento da subida. O resultado em dois turnos é uma evolução, mostra que a recuperação é real", disse o ministro das Relações Institucionais, Jaques Wagner.

Segundo ele, a recuperação de Lula --apontada nas últimas pesquisas-- é uma resposta definitiva para a oposição, que chegou a acusar outros institutos de manipulação de dados e pediu auditoria nas pesquisas.

A oposição, por sua vez, minimizou a subida de Lula nas pesquisas de intenção de voto. O presidente nacional do PMDB, Michel Temer (SP), disse que é prematuro fazer qualquer análise do resultado da pesquisa, já que ainda falta muito tempo para as eleições.

"A pesquisa registra apenas um momento político. Pesquisa que vale para mim é a que é divulgada um ou dois dias antes das eleições", disse Temer.

Ontem à noite, antes da divulgação da pesquisa Datafolha, Alckmin também informou que era cedo para analisar os dados. "É necessário a gente não se precipitar com essa questão de pesquisa eleitoral. Pesquisa eleitoral a 10 meses das eleições [na realidade faltam oito meses], quando ninguém está superligado na questão [das eleições], não tem reflexo", disse.

Para Temer, a falta de definição sobre os candidatos de oposição nas eleições de outubro também beneficiou o desempenho do presidente Lula nas pesquisas.

Para o líder da minoria na Câmara, deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA) o resultado é bom para a oposição e enganosamente favorável a Lula. "Acho o resultado ótimo para início de batalha. Reflete uma situação real. O presidente Lula está em campanha sozinho. Os outros candidatos não estão. A situação dele não é tão boa assim. Era para estar com mais vantagem."

Aleluia defendeu a rápida definição dos candidatos de oposição. Os oposicionistas entendem que enquanto não houver essa definição, Lula continuará sozinho na pré-campanha eleitoral. "Está na hora dos partidos de oposição colocarem na rua suas candidaturas. O PMDB vai se definir, o PSDB também e o PFL vai ter que escolher entre três caminhos: a candidatura César Maia (prefeito do Rio de Janeiro), uma outra candidatura alternativa ou fazer uma aliança e apoiar o candidato de uma outra legenda", afirmou Aleluia.

O primeiro secretário nacional do PSDB, senador Leonel Pavan (SC), disse que a pesquisa não surpreendeu a oposição, pois o "governo teve uma trégua de dois meses sem ataques".

"As atenções ficaram centradas no Congresso, convocação e pagamento de extras para os parlamentares. O presidente está usando descaradamente o dinheiro público para fazer campanha eleitoral. Tinha que crescer", afirmou Pavan.

Reeleição

Apesar dos ataques da oposição, os governistas continuam tranqüilos e dizem que não há motivo para o presidente Lula apressar a decisão sobre se candidatar à reeleição. Wagner disse que não há a menor possibilidade do presidente antecipar a decisão de oficializar sua provável candidatura.

"Oficializar a candidatura agora só pioraria a situação. Aliás, é o que a oposição quer. O que importa é o presidente continuar trabalhando", afirmou a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC).

Ontem, em viagem pelo Nordeste, Lula disse que não está preocupado com a reeleição. "A única coisa que eu peço a Deus e peço aos políticos é que quem quiser brigar que brigue, mas me permitam governar o país até o final do meu mandato, porque tem muita coisa boa para acontecer para o povo brasileiro e é isso que eu tenho que fazer."

Segundo a senadora, a oposição agora perdeu todos os seus argumentos contrários às pesquisas que mostravam a recuperação de Lula.

"O resultado da pesquisa Datafolha apenas corrobora o que a pesquisa CNT/Sensus já indicava. Esta pesquisa causou frisson na oposição, que chegou a pedir auditoria na Sensus. E agora, eu pergunto, vão pedir auditoria no Datafolha também?", questionou Ideli.

Apesar de demonstrar euforia com o resultado da pesquisa, a líder petista pediu cautela à base governista na hora de avaliar os resultados. "A pesquisa sinaliza que a candidatura Lula vai bem, mas não podemos ter dúvidas de que vai ser um processo difícil, com o acirramento da disputa", disse a senadora.

Cenário com Alckmin

Com Alckmin na disputa, em relação à pesquisa anterior, Lula passou de 36% para 43% no primeiro turno, enquanto o governador caiu de 20% para 17%. No segundo turno, o placar é 53% a 35% para o petista.

Na pesquisa anterior, o presidente Lula já havia recuperado votos entre os mais pobres e com menos escolaridade. Agora, ele também cresceu entre os que ganham mais de dez mínimos e têm mais anos de estudo.

Especial
  • Confira a íntegra da reportagem na edição de hoje da Folha (Só assinantes)
  • Veja o site do Datafolha
  • Leia o que já foi publicado sobre as Eleições 2006
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