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01/03/2006 - 09h11

Lula escala Palocci, Wagner e Dulci para coordenar reeleição

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KENNEDY ALENCAR
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Para os principais auxiliares, o jogo de cena de Luiz Inácio Lula da Silva sobre a dúvida entre ser ou não candidato à reeleição terminou em uma reunião reservada na semana passada. No encontro, o presidente designou três ministros para preparar sua campanha: Antonio Palocci (Fazenda), Jaques Wagner (Relações Institucionais) e Luiz Dulci (Secretaria Geral).

Lula fez divisão de tarefas. Palocci cultivará pontes com o empresariado e canais com a oposição para tentar pôr limites a ataques mais duros (preservar familiares, por exemplo). Wagner ajudará a costurar alianças partidárias. Dulci cuidará de movimentos sociais e da Igreja Católica.

Em público, Lula manterá o discurso de que decidirá sobre candidatura em junho, mês em que os partidos devem oficializar seus postulantes em convenções.

O ministro da Fazenda, porém, dirá a empresários que Lula será candidato e que, num eventual segundo mandato, dará prioridade ao crescimento da economia com ajustes na atual política. Com Palocci dando tal recado, Lula acha que afastará suspeitas de guinada na economia, o que descarta.

Palocci abrirá portas para um assunto fundamental, mas delicado após o escândalo do "mensalão": arrecadação de recursos. O ministro não atuará com a desenvoltura de 2002, quando captou ajuda financeira. Motivo: suspeitas de corrupção do tempo em que foi prefeito de Ribeirão Preto e acusações de tráfico de influência que pesam sobre ex-auxiliares (Rogério Buratti, por exemplo).

Apesar da limitação de movimentos, Lula avalia que não tem melhor auxiliar para fazer contraponto aos tucanos na área empresarial. O ministro da Fazenda deverá também participar da formulação de um programa de governo, tarefa que coordenou oficialmente na campanha de 2002.

Lula e Palocci discutem a conveniência de o ministro integrar oficialmente o time da campanha. Avalia-se o risco de Palocci, fora do ministério e sem foro privilegiado, ser alvo de uma decisão judicial de primeira instância que ordene, por exemplo, sua prisão. Ainda que a decisão seja revista rapidamente, o desgaste político seria grande.

O Palácio do Planalto estuda se uma licença de Palocci do ministério manteria o foro privilegiado. Nesse caso, Palocci poderia ser substituído pelo número dois, o secretário-executivo Murilo Portugal, ou entregar a pasta interinamente ao colega do Planejamento, Paulo Bernardo. Lula já pediu que Bernardo desista de concorrer a deputado federal no Paraná. Ele atendeu à solicitação.

Lula avalia que Bernardo soube endurecer com os aliados do Congresso mais ávidos por recursos durante o auge da crise do "mensalão" e da fragilidade política do governo. Ganhou pontos, e hoje é um dos mais bem avaliados pelo presidente. Também se dá bem com Palocci e seria opção palatável ao PT para dirigir a Fazenda. Petistas resistem a Portugal, que foi secretário do Tesouro no governo tucano de Fernando Henrique Cardoso.

Se não concorrer ao governo baiano, Wagner será forte candidato à coordenação geral da campanha. O ministro, porém, está tentado a disputar. Nesse caso, crescerá a chance de o coordenador-geral ser o deputado Ricardo Berzoini (SP), presidente do PT, que já tem a missão de arrancar concessões de petistas a aliados nos Estados.

Na opinião do presidente, Wagner atuou com mais habilidade do que os ex-ministros José Dirceu (Casa Civil) e Aldo Rebelo (Coordenação Política) na articulação congressual. Dirceu e Aldo viviam às turras. Amigo de Lula e da ministra Dilma Rousseff, sucessora de Dirceu, Wagner diminuiu conflitos no Planalto.

Wagner conversará com líderes partidários para preparar reuniões mais objetivas com o presidente para tratar de alianças, assunto que Lula quer discutir em abril, após a reforma ministerial.

Dulci, que participou do comando da campanha de 2002, continuará a cuidar da relação com os movimentos sociais e Igreja Católica. No final de 2005, Lula teve encontros reservados com bispos católicos para tentar diminuir o nível de crítica da igreja ao seu governo. Dulci manterá esses canais. Exemplo: a ligação do governador Alckmin com o Opus Dei, grupo católico conservador --negada pelo governador paulista--, virou tema de interesse do secretário-geral.

Na intimidade, Lula se queixa muito do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e da Igreja Católica. Acha que cobram demais e que deveriam avaliar se serão mais bem atendidos por um tucano no Palácio do Planalto. Dulci admitirá que Lula não cumpriu todas as promessas, mas dirá que outro presidente não teria feito mais para os setores historicamente ligados ao PT.

O ministro Luiz Marinho (Trabalho) ajudará Dulci nessa área, especialmente com as centrais sindicais. Ex-presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Marinho foi outro que ouviu pedido de Lula para ficar fora das eleições. Também disse sim.

Reforma ministerial

A reforma ministerial que Lula realizará até o final do mês, prazo para quem ocupa cargo executivo se desincompatibilizar a fim de disputar as eleições de outubro, deixará mais claro com quais peças ele poderá contar para a campanha e o governo.

Exemplo: o governador Jorge Viana (PT-AC) é cotado para integrar o time reeleitoral e até um ministério (Relações Institucionais). Lula, porém, avalia que Viana precisa ser candidato ao Senado, já pensando em tê-lo como articulador político nessa Casa em substituição ao líder do governo, Aloizio Mercadante, que pode disputar o governo paulista.

Lula já acertou a saída de três ministros: Saraiva Felipe (Saúde e filiado ao PMDB), Alfredo Nascimento (Transportes, do PL) e o vice-presidente, José Alencar (Defesa, do PRB). Alencar é opção para nova dobradinha com Lula.

Antes cotado para voltar à Educação, o ex-ministro Tarso Genro já foi sondado por Lula para substituir Alencar ou Wagner. Lula avalia que Fernando Haddad conduz bem a Educação.

Especial
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