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05/03/2006 - 09h30

Sub-relator quer prorrogar CPI e apurar novas denúncias

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da Folha de S.Paulo

Sub-relator da CPI dos Correios, o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ) afirmou ontem que pedirá a prorrogação da comissão para investigar novas denúncias do escândalo do "mensalão", publicadas ontem pela revista "Veja". A CPI deve encerrar seus trabalhos em abril. Outro sub-relator da comissão, Maurício Rands (PT-PE), disse que a prorrogação é discutível, mas vê a medida com "cautela porque o país não pode se preocupar tanto com CPI".

A revista apresentou três novas acusações, que reproduzem informações não confirmadas que circulam em Brasília. A primeira, de que o "mensalão", a compra de apoio para o governo, atingia 55 dos 81 deputados peemedebistas. Não há provas documentais.

A segunda, supostamente revelando mais uma fonte de recursos para o caixa dois dos aliados do governo, dessa vez na usina de Itaipu, com uma propina de US$ 6 milhões. A terceira, de que o apresentador Carlos Massa, o Ratinho, recebeu dinheiro para elogiar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ex-prefeita Marta Suplicy na campanha de 2002.

Todos os acusados que a Folha conseguiu contatar ontem negam o teor da reportagem da revista. A diretoria de Itaipu classificou as acusações de "ardilosas e sem fundamento" e afirmou que vai recorrer à Justiça.

O publicitário Marcos Valério, acusado de fazer chantagem com peemedebistas para buscar proteção na CPI, também negou por meio de seu advogado que mantenha contato com políticos. Valério é o principal acusado de ser o operador do "mensalão".

Ontem, Paes afirmou que pode até ser criada uma nova CPI para investigar as acusações envolvendo Itaipu e outra empresa do setor elétrico, Furnas, que já é alvo de outras denúncias.

"Não podemos terminar a CPI deixando de esclarecer todos os assuntos. Pelo que eu entendi, esse esquema de Itaipu ocorreu dentro do "valerioduto". Ou se prorroga a CPI dos Correios ou se forma outra comissão para apurar as novas denúncias", afirmou.

As acusações

De acordo com a "Veja", o advogado Roberto Bertholdo, do Paraná, era o operador do "mensalão" na bancada do PMDB. Ele seria ligado ao deputado José Borba (PMDB-PR), que renunciou por envolvimento no "mensalão". Bertholdo está detido e não foi localizado.

A revista cita uma única fonte, um ex-assessor de Bertholdo que se mantém no anonimato, para afirmar que 55 dos 81 deputados do partido recebiam uma mesada de R$ 15 mil a R$ 200 mil.

O número é muito superior ao total de congressistas envolvidos no escândalo até agora. Atualmente, 19 deputados foram acusados de envolvimento com o "mensalão".

No campo da propina, a revista afirma ter obtido uma gravação de 2004 em que Bertholdo conta a um ex-sócio, Sérgio Renato Costa Filho, ter descoberto que o diretor-geral de Itaipu, o petista Jorge Samek, cobrou US$ 6 milhões de propina da empresa Voith Siemens.

Na transcrição, Bertholdo diz que "vai dar uma ferrada no Samek", por ter cobrado a suposta propina sem dividi-la com o PMDB. De acordo com o advogado, o valor foi pago para que a Voith Siemens fosse livrada de uma multa muito maior, de US$ 200 milhões. Na verdade, o contrato descumprido tem valor total de US$ 184,3 milhões, e a multa pode chegar a 10% disso --US$ 18,4 milhões.

A empresa alemã atrasou o cronograma de um contrato e já pagou uma multa de US$ 2,6 milhões. Agora, como atrasou novamente, está sujeita a uma nova multa, de mais US$ 15,8 milhões. Segundo nota de Itaipu ontem, o valor será cobrado.

A Folha procurou ontem a Voith Siemens, por meio do telefone da assessoria que consta do site da empresa, mas não conseguiu ouvir a companhia.

Samek é amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e ontem estava passando o sábado na Granja do Torto.

Outro lado

O advogado do publicitário Marcos Valério, Marcelo Leonardo, afirmou que "as informações [publicadas pela "Veja"] não procedem". Segundo ele, seu cliente não está fazendo nenhum tipo de chantagem, tampouco tem mantido contato com congressistas.

"Ele não tem conversado com ninguém, não tem dado entrevistas, não tem tido esse tipo de contatos. Ele está concentrado nas suas empresas e na sua defesa", afirmou o advogado.

Procurado, o ex-deputado José Borba (PMDB-PR) também negou a acusação de que 55 integrantes da bancada peemedebista na Câmara teriam recebido "mensalão". "Não procede nenhuma dessas colocações. Felizmente, nossa bancada está fora de tudo isso", afirmou Borba.

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