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13/03/2006 - 10h53

Alencar planeja saída nesta semana; Tarso deve assumir a Defesa

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ELIANE CANTANHÊDE
da Folha de S.Paulo

O ex-ministro da Educação e ex-presidente do PT Tarso Genro é o nome mais forte para substituir o vice-presidente da República, José Alencar, no Ministério da Defesa. Alencar deve deixar o cargo até a próxima quinta-feira, antes de embarcar para uma viagem de dez dias à China. A volta está marcada para o dia 26, a cinco dias do prazo de desincompatibilização.

A nomeação de Tarso resolveria dois problemas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de uma só vez. Ele teria um homem de sua confiança pessoal numa pasta já naturalmente difícil e agora num momento delicado.

Alencar decidiu se desincompatibilizar da Defesa para concorrer nas eleições de outubro, mesmo sem saber exatamente para qual cargo. Ele ainda pode manter o lugar de vice na chapa de Lula à reeleição, mas é possível que o presidente o ajude a viabilizar a candidatura ao Senado por Minas.

Ao trocar o PL pelo inexpressivo PRB, Alencar dificultou a manutenção da chapa com Lula. A vice é um trunfo para atrair o PSB, que decidiu que o ministro Ciro Gomes (Integração Nacional) deveria se desincompatibilizar para "ficar disponível".

Lula teme concorrer numa aliança apenas do PT com o PC do B, o que lhe daria pouco tempo de propaganda na TV e poucos palanques regionais. Preferia o PMDB, mas pode se contentar com o PSB.

Dois coelhos

Tarso Genro é considerado ideal para a Defesa por ser um homem culto, que tem acesso direto a Lula e que não criaria problemas numa área sensível como a militar.

Ao mesmo tempo, Lula acomodaria Tarso, que ficou sem nada ao sair do Ministério da Educação para presidir o PT, mas acabou cedendo a vaga na chapa do Campo Majoritário para o deputado Ricardo Berzoini (SP).

Tarso também era cotado para a coordenação do programa de governo da campanha eleitoral de Lula, mas acabou descartado.

Ele é crítico da política econômica e falou precipitadamente em uma nova "Carta ao Povo Brasileiro", em defesa de uma guinada nos juros, por exemplo. Além disso, é adversário direto do ex-ministro e deputado cassado José Dirceu no PT, e Lula não quer problemas com Dirceu. Na Defesa, Tarso estaria acomodado, mas fora do eixo político.

Fogo cruzado

O Exército está sob fogo cruzado, depois que dez fuzis e uma pistola foram roubados de um quartel no Rio e tropas subiram o morro para pressionar traficantes a devolver as armas. Simultaneamente, o comandante da Força, general Francisco Albuquerque, está sendo convocado pela Câmara e pela Comissão de Ética Pública para explicar um "carteiraço" para embarcar num vôo.

Antes de viajar para Londres, na segunda-feira passada, Lula ouviu um relato de José Alencar sobre o incidente do vôo, segundo o qual o general enviou um sargento com mais de uma hora de antecedência para fazer o check-in dele e de sua mulher e que a culpa era da TAM, que aplicou "overbooking" (vendeu mais passagens do que cadeiras disponíveis). Disse que não mandou parar a aeronave.

Lula aceitou a versão mas, conforme a Folha antecipou na terça-feira passada, o funcionário Daniel Bezerra, da Infraero, que estava de plantão na torre de comando de Viracopos quando houve o incidente, contou em detalhes, oficialmente, que o avião voltou ao pátio por ordem de "uma alta patente militar" --o general.

Do Chile, onde esteve parte da semana passada, Albuquerque voltou a telefonar para Alencar para reclamar duramente da imprensa, que continua divulgando detalhes de como o avião teve de retornar à pista, abrir a porta e trocar dois passageiros pelo casal Albuquerque. Estava irritado até com as cartas de leitores.

A Folha apurou que Lula poderia aproveitar a troca na Defesa para mudar os comandantes das três Forças num eventual segundo mandato. Na Aeronáutica, havia um movimento para promover o seu comandante, o brigadeiro Luiz Carlos Bueno, à Defesa. O Planalto nem quis ouvir falar.

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