Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
15/03/2006 - 09h33

Ex-caseiro deve confirmar à PF idas de Palocci à "casa de lobby"

Publicidade

da Folha de S.Paulo

Francenildo dos Santos Costa, 24, caseiro até ontem da casa alugada entre 2003 e 2004 por ex-assessores de Antonio Palocci Filho (Fazenda) na Prefeitura de Ribeirão Preto (SP), deve confirmar hoje à Polícia Federal o testemunho de que o imóvel não apenas era freqüentado pelo ministro --contrariando o depoimento que Palocci prestou à CPI dos Bingos em janeiro-- como também servia para partilha de dinheiro e abrigava festas animadas por garotas de programa.

A testemunha aproxima ainda mais Palocci do grupo de lobistas acusado de interferir em negócios de seu interesse no governo Lula, como a renovação do contrato de R$ 650 milhões da empresa de informática GTech com a Caixa Econômica Federal.

A Polícia Federal intimou o caseiro Francenildo Santos Costa para ser apresentar e se de identificar hoje, em Brasília, a pedido da CPI dos Bingos. A intimação foi feita porque havia dúvidas sobre sua real identidade e localização. A própria CPI vai votar hoje a convocação do caseiro. Se for o pedido for aprovado, ele deve depor amanhã.

A CPI chegou a Francenildo por meio do motorista Francisco das Chagas Costa, que já desmentira Palocci na semana passada. Em depoimento à CPI, o motorista disse ter visto Palocci "duas ou três vezes" na casa. Depois Costa foi até a casa no Lago Sul, bairro nobre de Brasília, e identificou, a um agente da Polícia Federal que o acompanhava, Francenildo como o homem que limpava e vigiava a casa.

Num primeiro contato com o agente da PF, o caseiro negou que tivesse trabalhado para a chamada "república de Ribeirão". Ele resolveu falar após ter entrado em contato com assessores do PSDB no Senado, por meio de um conhecido comum.

Em entrevista ao jornal "O Estado de São Paulo", publicada ontem, Costa afirmou que Palocci esteve na mansão "10 ou 20" vezes --o ministro nega. No período de oito meses em que trabalhou para ex-assessores do ministro, o caseiro teria presenciado a entrega de dinheiro a Ademirson Ariosvaldo da Silva, assessor especial de Palocci, no estacionamento do Ministério da Fazenda, em Brasília. Ariosvaldo atua como um secretário particular do ministro.

Francenildo Costa disse ter presenciado o movimento de malas e pacotes de dinheiro, em notas de R$ 50 e R$ 100, administrado principalmente por Vladimir Poleto, ex-funcionário da Prefeitura de Ribeirão Preto.

O dinheiro, segundo o caseiro, era enviado mensalmente de São Paulo por Rogério Buratti, ex-assessor de Palocci em sua primeira gestão na Prefeitura de Ribeirão.

A Folha tentou localizar Francenildo Costa ontem de manhã na casa do Lago Sul. Uma funcionária disse que ele havia abandonado o emprego poucas horas antes. O advogado Wlicio Chaveiro Nascimento disse que seu cliente deve confirmar à PF, hoje, o teor da entrevista divulgada ontem.

Francenildo contou, na reportagem, que para ir à casa Palocci não usava um carro oficial, mas sim um Peugeot prata pertencente a Ralf Barquete, então assessor da presidência da Caixa, morto em 2004. Barquete possuía um carro com essas características, vendido em 2004 para Poleto.

Segundo denúncia de Buratti ao Ministério Público, era Barquete quem recebia em nome do PT, entre 2001 e 2002, R$ 50 mil mensais da empresa Leão Leão como parte de um esquema de caixa dois na gestão de Palocci.

O ministro seria chamado de "chefe" pelos freqüentadores da casa, contou ainda o ex-caseiro. A mesma expressão consta de interceptações de telefonemas de Buratti feitas a pedido do Ministério Público.

CPI

A oposição apresentou dois requerimentos sobre o assunto na CPI dos Bingos. Porém demonstrou cautela sobre a possibilidade de chamar Palocci para depor mais uma vez. "É preciso ouvir o caseiro antes. Até agora não há provas, apenas testemunhos", disse o senador Romeu Tuma (PFL-SP), um dos autores do requerimento de convocação da testemunha.

O líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), criticou a própria oposição pelo excesso de zelo com Palocci. "Não podemos ficar calados. A matéria é explosiva. O presidente precisa ter coragem para demitir Palocci", disse.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre a CPI dos Bingos
  • Leia a cobertura completa sobre a crise em Brasília
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página