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15/03/2006 - 18h53

Após silêncio, CPI quer indiciar Duda por obstrução das investigações

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FELIPE RECONDO
da Folha Online, em Brasília

O relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), afirmou que pedirá à consultoria jurídica da comissão para estudar a possibilidade de indiciar o publicitário Duda Mendonça no relatório final por obstrução às investigações.

No depoimento fechado de hoje, o publicitário se recusou a responder as perguntas feitas pelos parlamentares sobre as investigações de suas contas no exterior. Ele disse que seguia uma estratégia combinada com seus advogados.

Duda estava amparado por um habeas corpus concedido pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes. A liminar garantia a Duda o direito de ficar calado diante de perguntas que considerasse que pudessem incriminá-lo. A liminar também garantia que Duda deveria responder apenas as perguntas que não o incriminassem.

Como essa diferença é subjetiva, segundo Serraglio, Duda se aproveitou para não responder a maioria das perguntas formuladas na sessão aberta. A única pergunta que o publicitário respondeu foi a do deputado Carlos William (PTC-MG), que perguntou se Duda acreditava em Deus. "Sim deputado, eu acredito em Deus."

No começo do depoimento, ele avisou que ficaria calado. "Minha intenção era vir aqui e responder as perguntas da mesma forma. Gosto das coisas francas e abertas. Meus advogados me convenceram a não falar, dizendo que falei uma vez e me dei mal e que qualquer coisa que eu dissesse iria comprometer a minha defesa."

Ele adotou a mesma estratégia de silêncio na segunda parte do depoimento, que foi fechada e restrita aos quatro parlamentares que tiveram acesso aos dados sigilosos sobre as contas no exterior enviados pela Promotoria de Nova York: o presidente Delcídio Amaral (PT-MS), o relator Osmar Serraglio (PMDB-PR), e os deputados Eduardo Paes (PSDB-RJ) e Maurício Hands (PT-PE).

Conta Dusseldorf

Os dados sigilosos das conta do publicitário Duda Mendonça mostram a migração de recursos próximos a R$ 3 milhões da conta Dusseldorf, aberta no exterior para receber recursos do PT, para outras seis contas.

A comissão ainda não identificou de quem são essas contas. A suspeita é de que sejam pessoas ligadas ao publicitário, possivelmente membros de sua família. Essas outras contas podem ter sido usadas para que o publicitário recebesse recursos de campanhas feitas em outros países.

Os dados em poder do governo brasileiro mostram 83 transações feitas na conta Dusseldorf entre março e dezembro de 2003, que teria recebido recursos de outras 16 empresas. Esses recursos começaram a sair da Dusseldorf logo em seguida, sendo que parte foi sacada, especialmente em julho de 2004.

Para identificar os beneficiários desses recursos retirados da Dusseldorf, as autoridades americanas precisam repassar novos dados sigilosos ao governo brasileiro. A CPI dos Correios, portanto, terminará suas investigações sem descobrir o destino desse dinheiro.

Os integrantes da CPI dos Correios encontraram ainda uma diferença de cerca de US$ 300 mil na conta Dusseldorf, do publicitário, aberta no BankBoston de Miami (EUA). No ano passado, Duda admitiu em depoimento à CPI ter recebido o equivalente a R$ 10,5 milhões do caixa 2 do PT para pagamento de serviços prestados na campanha eleitoral do partido de 2002.

A diferença de valor foi detectada na primeira consulta dos integrantes da CPI aos documentos enviados pela promotoria Distrital de Nova York sobre as contas de Duda no exterior. A autorização para a CPI consultar os dados saiu apenas no dia 23 de fevereiro. A CPI também teve acesso aos dados de mais 15 contas que abasteceram a Dusseldorf.

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