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20/03/2006 - 10h16

CPI aponta operação suspeita com maior franquia dos Correios

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RUBENS VALENTE
MARTA SALOMON
da Folha de S.Paulo, em Brasília

O relatório final da área de contratos da CPI dos Correios revelará que dois policiais civis de São Paulo sacaram cerca de R$ 6,6 milhões em dinheiro e os entregaram ao dono de uma agência franqueada dos Correios no shopping Tamboré (Grande SP).

A agência é a maior franquia dos Correios no país, com faturamento anual de R$ 144 milhões e uma comissão, para a empresa, de R$ 12 milhões. Ouvidos pela PF na semana passada, os policiais confirmaram os saques e disseram que o dinheiro era entregue ao dono da franquia, o ex-deputado estadual João Leite Neto, 61.

"Esses saques demonstram claramente uma tentativa de ocultar para onde vai o dinheiro. Isso é uma rotina nos contratos dos Correios", disse o subrelator José Eduardo Cardozo (PT-SP). "Eram recursos para pagar diaristas", argumentou José Afonso Braga, assessor do ex-deputado João Leite.

Os saques ocorreram em diferentes agências bancárias entre 2001 e 2005. O delegado da Polícia Civil de Barueri Nilton de Lima Brahim recebeu 36 cheques nominais no valor de R$ 4,8 milhões, com valores que oscilaram de R$ 50 mil a R$ 350 mil. A franquia emitiu, em nome do agente de polícia Ronaldo Dias de Andrade, 19 cheques no valor total de R$ 1,8 milhão, com valores que oscilaram de R$ 50 mil a R$ 324,7 mil.

A investigação da rede de franquias --lojas autorizadas pelos Correios a trabalhar com serviços postais-- foi dificultada pelos mandados de segurança impetrados pelo grupo de três franqueadas no STF (Supremo Tribunal Federal). Uma das franquias que recorreu ao STF foi a do Shopping Tamboré. Ela não conseguiu a liminar, e a CPI pôde investigar os dados bancários. As franqueadas Cidade Ademar e Anchieta conseguiram liminares no STF.

A suspeita inicial da CPI era que a rede de franquias, concedida sem licitação, escondia uma rede de interesses de parlamentares.

Segundo Cardozo, o esquema estaria restrito às grandes lojas, que mantêm como clientes grandes corporações, como bancos. A CPI pedirá que sejam acionados o Ministério Público Federal e o Tribunal de Contas da União.

No relatório, a subrelatoria apontará um prejuízo de ao menos R$ 3,4 milhões sofrido pelos Correios entre janeiro e julho de 2005 --após a diretoria autorizar a migração de grandes clientes (Santander, Itaú, Unibanco e Real) para 15 agências franqueadas tomando por base, para efeitos de cálculo do pagamento da comissão às franquias, parâmetros equivocados, na visão da CPI.

Outro lado

O assessor do ex-deputado João Leite Neto, dono da franquia dos Correios no shopping Tamboré, José Afonso Braga, disse que os R$ 6,6 milhões sacados da empresa em nome de policiais civis eram usados para pagamento de diaristas contratadas para determinadas encomendas. "Quando tem serviço de grande volumetria, como os bancos, a gente contrata 200 diaristas, 150 diaristas, e esse pessoal a gente paga em dinheiro."

Segundo ele, os policiais "eram seguranças". "Eles sacavam porque aqui em Alphaville [sede da empresa] começou a ter assalto. O delegado Nilton de Lima Brahim e o policial Ronaldo Dias de Andrade afirmaram que faziam serviço de segurança para a franquia e que dinheiro era entregue aos donos da empresa." A assessoria dos Correios informou que só se manifestará após a apresentação do relatório.

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