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26/03/2006 - 09h00

Mercadante ganha força como substituto de Palocci

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KENNEDY ALENCAR
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Cresceu a possibilidade de o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), substituir o ministro Antonio Palocci Filho na Fazenda. O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Guido Mantega, segue cotado com menos força do que até anteontem à noite. Lula analisa outros nomes, não descartados, mas com menor chance.

A Folha apurou que Mercadante é o preferido de parte da cúpula do governo e do PT. Tem a proximidade com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva que Mantega também possui e que é considerada o critério principal para a troca de Palocci. A favor do senador contam o maior peso e traquejo político para missão espinhosa e o melhor trânsito com o empresariado nacional.

No fim do ano passado, quando Palocci enfrentou duelo sobre política econômica contra a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, o ministro da Fazenda pediu demissão três vezes, mas Lula não aceitou. O presidente, porém, sondou Mercadante para o cargo.

Pesa contra Mercadante o temor de arroubos para mudar o "paloccismo" da política econômica. Mercadante, porém, já sinalizou que, se for o escolhido, dará provas inequívocas de manutenção do rumo econômico.

Exemplo: crítico da meta de inflação de 4,5% ao ano, poderia dizer que acha que esse patamar deva continuar num eventual segundo governo Lula. "Beijaria a cruz dos mercados", diz um ministro, e se firmaria no posto.

Para Lula, Mercadante amadureceu politicamente e deixaria a disputa pela candidatura petista ao governo paulista para assumir a Fazenda. Ele foi referência econômica no PT até Palocci virar o homem-forte na área.

Um integrante da cúpula do governo diz ser "o fim da linha" para Palocci, petista que coordenou o programa de governo de Lula em 2002, convenceu o presidente a abandonar o receituário econômico tradicional do PT, aprofundou a ortodoxia fiscal e monetária do governo FHC e virou o ministro mais forte em seus quase três anos e meio de governo.

Palocci deverá sair em breve, como antecipou ontem a Folha. O presidente da Caixa, Jorge Mattoso, também. Mattoso teria, no mínimo, perdido credibilidade para continuar na Caixa, instituição centenária e com imagem arranhada no episódio.

Uma parte da cúpula do governo defende uma troca na Fazenda ainda no final de semana para o novo titular ser apresentado até hoje à noite, e para que o mercado abra calmo amanhã. Lula, porém, tem dito que deve decidir até amanhã, quando encontrará Mercadante.

Caseiro

Palocci só poderia permanecer se um rápido desfecho da apuração da Polícia Federal isentasse o ministro ou sua assessoria de participação na quebra ilegal do sigilo do caseiro Francenildo Costa. Há, porém, suspeitas de que Marcelo Netto, assessor especial do ministro, tenha participado do vazamento, o que ele nega em conversas reservadas.

Mesmo que Palocci seja isentado da quebra ilegal de sigilo, há o agravante da perda das "condições políticas" para continuar, segundo palavras do próprio ministro da Fazenda em reunião com Lula na quinta-feira.

Lula estava decidido a bancar Palocci a qualquer custo quando a crise era alimentada pelo debate se ele havia ou não freqüentado a chamada "casa do lobby". No entanto, avalia que não pode segurá-lo após a quebra ilegal do sigilo do caseiro e de indícios de participação de assessores pelo menos no vazamento.

Francenildo diz que Palocci freqüentou a casa alugada em Brasília por ex-auxiliares para fazer lobby e dar festas com garotas de programa. Palocci disse à CPI dos Bingos que nunca foi à casa. Em reuniões do governo, admitiu ter ido à casa para atividade de caráter privado, mas nunca para participar de corrupção.

Na opinião de Lula e principais auxiliares, o presidente está sendo visto pela opinião pública como protetor de um poderoso ministro contra um cidadão de origem humilde à custa de abusos das instituições do Estado. Essa imagem é tida no Planalto como mortal eleitoralmente.

Além de Mercadante e Mantega, há outros cotados para a Fazenda: os ministros Paulo Bernardo (Planejamento) e Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) e o secretário-executivo da Fazenda, Murilo Portugal.

Bernardo é afinado com Palocci e bem avaliado por Lula, mas não teria tanta intimidade com o presidente. Portugal é solução difícil de ser aceita pelo PT, apesar de querido pelo mercado. Furlan seria independente demais. A chance de um banqueiro ou empresário existe, mas é pequena.

Confirmada a saída de Palocci, ele manterá o direito de concorrer a deputado federal nas eleições de outubro. O ministro teme que um juiz de primeira instância acate eventual pedido de prisão por suspeitas de corrupção do tempo em que foi prefeito de Ribeirão Preto. Um mandato de deputado lhe daria foro privilegiado --poderia responder a eventuais processos somente no STF (Supremo Tribunal Federal).

Especial
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  • Leia a cobertura completa sobre a crise em Brasília
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