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03/04/2006
-
20h32
PAULO PEIXOTO
da Agência Folha, em Belo Horizonte
Dois protestos de rua contra a reunião do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), aberta hoje em Belo Horizonte, acabaram em confrontos com a Polícia Militar e quebra-quebra promovido pelos manifestantes na sede da Cemig, a estatal de energia do governo de Minas. Dez pessoas foram presas e ao menos 21 ficaram feridas, entre manifestantes, policiais e dois seguranças da empresa.
Entre 200 e 250 manifestantes (estimativa da PM) de vários movimentos sociais, principalmente da Via Campesina --da qual faz parte o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra)-- e do MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens), destruíram a recepção do prédio da Cemig. Quebraram portas de vidro, cadeiras, computadores, uma maquete e alguns objetos de arte em exposição no hall.
Os manifestantes preservaram apenas um espaço em que telas de um artista plástico estão expostas. Entre elas, dez pinturas com a imagem da secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice.
A Cemig informou que os prejuízos não foram contabilizados.
Quase no mesmo instante, na praça Sete, no centro da cidade, ocorria outro confronto entre PMs e cerca de cem manifestantes da Liga Operária e do Sindicato dos Trabalhadores no Transporte Rodoviário. Três foram presos.
As versões para a destruição na Cemig são conflitantes. O major José Geraldo Rodrigues disse que os manifestantes atacaram deliberadamente o prédio, enquanto a PM agiu para contê-los.
Já os movimentos sociais alegam que foram agredidos pela PM e, encurralados, buscaram proteção dentro do prédio. A marcha ia em direção ao centro da cidade e estava programada uma parada na Cemig para protesto contra o preço da energia. Lá chegando, foram agredidos, segundo Joceli Andrioli, do MAB.
Os manifestantes contabilizaram 17 feridos. A polícia informou que foram feridos sete PMs feridos e cinco manifestantes. A rede Samu de emergência informou ter atendido 12 manifestantes feridos.
Uma comissão de deputados identificou sete presos no confronto da Cemig, sendo um adolescente, todos ligados à Via Campesina. O deputado estadual Rogério Correia (PT) disse que os presos estavam "muito machucados" e que eles denunciaram terem sido torturados por PMs dentro da delegacia.
O tenente-coronel Alexandre Salles, assessor de Comunicação da PM, não respondeu ao contato da reportagem para responder sobre essa denúncia.
O arcebispo de Mariana (MG), dom Luciano Mendes, foi até a concentração dos manifestantes do 1º Encontro dos Movimentos Sociais Mineiros para tentar acalmar os ânimos. Ele reafirmou seu apoio às manifestações, mas condenou a perda de controle.
"O que aconteceu aqui foi uma falta de controle. As pessoas queriam entregar um manifesto e foram impedidas. Ao serem impedidas foram machucadas, e é claro que isso criou desordem inevitável e lamentável", disse. Segundo ele, é "difícil dizer" de quem partiu a falta de controle.
O bispo dom Mauro Morelli, um dos idealizadores do Consea (Conselho Nacional de Segurança Alimentar), também condenou o confronto. "A democracia não se faz com violência, se faz com participação, muito diálogo. Mas ainda assim há muitos teimosos. E o governante, mais do que ninguém, é pago para ouvir o povo", disse.
O governador Aécio Neves (PSDB) disse que a manifestação é "legítima", mas que "perde força quando há violência". Ele disse que espera um relatório para saber se houve excessos da PM.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre o BID
Contra o BID, manifestantes atacam Cemig e entram em confronto com a PM
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da Agência Folha, em Belo Horizonte
Dois protestos de rua contra a reunião do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), aberta hoje em Belo Horizonte, acabaram em confrontos com a Polícia Militar e quebra-quebra promovido pelos manifestantes na sede da Cemig, a estatal de energia do governo de Minas. Dez pessoas foram presas e ao menos 21 ficaram feridas, entre manifestantes, policiais e dois seguranças da empresa.
Entre 200 e 250 manifestantes (estimativa da PM) de vários movimentos sociais, principalmente da Via Campesina --da qual faz parte o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra)-- e do MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens), destruíram a recepção do prédio da Cemig. Quebraram portas de vidro, cadeiras, computadores, uma maquete e alguns objetos de arte em exposição no hall.
Os manifestantes preservaram apenas um espaço em que telas de um artista plástico estão expostas. Entre elas, dez pinturas com a imagem da secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice.
A Cemig informou que os prejuízos não foram contabilizados.
Quase no mesmo instante, na praça Sete, no centro da cidade, ocorria outro confronto entre PMs e cerca de cem manifestantes da Liga Operária e do Sindicato dos Trabalhadores no Transporte Rodoviário. Três foram presos.
As versões para a destruição na Cemig são conflitantes. O major José Geraldo Rodrigues disse que os manifestantes atacaram deliberadamente o prédio, enquanto a PM agiu para contê-los.
Já os movimentos sociais alegam que foram agredidos pela PM e, encurralados, buscaram proteção dentro do prédio. A marcha ia em direção ao centro da cidade e estava programada uma parada na Cemig para protesto contra o preço da energia. Lá chegando, foram agredidos, segundo Joceli Andrioli, do MAB.
Os manifestantes contabilizaram 17 feridos. A polícia informou que foram feridos sete PMs feridos e cinco manifestantes. A rede Samu de emergência informou ter atendido 12 manifestantes feridos.
Uma comissão de deputados identificou sete presos no confronto da Cemig, sendo um adolescente, todos ligados à Via Campesina. O deputado estadual Rogério Correia (PT) disse que os presos estavam "muito machucados" e que eles denunciaram terem sido torturados por PMs dentro da delegacia.
O tenente-coronel Alexandre Salles, assessor de Comunicação da PM, não respondeu ao contato da reportagem para responder sobre essa denúncia.
O arcebispo de Mariana (MG), dom Luciano Mendes, foi até a concentração dos manifestantes do 1º Encontro dos Movimentos Sociais Mineiros para tentar acalmar os ânimos. Ele reafirmou seu apoio às manifestações, mas condenou a perda de controle.
"O que aconteceu aqui foi uma falta de controle. As pessoas queriam entregar um manifesto e foram impedidas. Ao serem impedidas foram machucadas, e é claro que isso criou desordem inevitável e lamentável", disse. Segundo ele, é "difícil dizer" de quem partiu a falta de controle.
O bispo dom Mauro Morelli, um dos idealizadores do Consea (Conselho Nacional de Segurança Alimentar), também condenou o confronto. "A democracia não se faz com violência, se faz com participação, muito diálogo. Mas ainda assim há muitos teimosos. E o governante, mais do que ninguém, é pago para ouvir o povo", disse.
O governador Aécio Neves (PSDB) disse que a manifestação é "legítima", mas que "perde força quando há violência". Ele disse que espera um relatório para saber se houve excessos da PM.
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