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17/04/2006 - 09h40

Procurador cogitou pedir a prisão dos 40 denunciados

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RUBENS VALENTE
LEONARDO SOUZA
da Folha de S.Paulo, em Brasília

O procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, cogitou pedir a prisão dos 40 acusados de envolvimento com o que chamou de "organização criminosa" que tinha como objetivo "manter o PT no poder". Ele mudou de planos, segundo a Folha apurou, ao perceber que o pedido não seria acolhido pelo ministro Joaquim Barbosa, relator do caso no Supremo Tribunal Federal.

Na denúncia, divulgada na última terça-feira, Souza fez as acusações sem pedir medidas cautelares. No caso de uma "quadrilha ou bando", é comum que a prisão dos integrantes seja pedida para evitar comunicação entre os suspeitos e impedir coação de testemunhas --no caso do mensalão, o procurador listou 41 delas.

A Folha apurou que a estratégia original de Souza era, com as prisões, apertar o cerco contra os acusados para que alguns passassem a colaborar nas investigações, via delação premiada --sistema que permite o abrandamento da punição em troca de informações importantes para o caso.

A edição desta semana da revista "Veja" informou que pelo menos um dos suspeitos, o corretor de valores Lúcio Bolonha Funaro, já estaria ajudando o Ministério Público Federal.

Funaro, apontado pela CPI dos Correios como um dos pólos operacionais do pagamento do mensalão por meio de sua corretora Guaranhuns, de fato não foi incluído entre os denunciados.

O texto da denúncia revela que Funaro prestou depoimento no dia 28 de março, dois dias antes do protocolo da denúncia, no STF. Trecho do depoimento revela que Funaro, que negava envolvimento com o mensalão, apresentou detalhes reveladores sobre o papel da Guaranhuns como repassadora de recursos ao PL, após obtê-los das empresas do publicitário Marcos Valério de Souza.

Funaro contou que, ao longo de 2003, entregou valores em dinheiro ao "sr. José Tadeu Candelária no escritório do PL de Mogi das Cruzes (SP)" a pedido do presidente do partido, o ex-deputado Valdemar Costa Neto (SP). Candelária é o atual presidente do PL no Estado de São Paulo.

"Esse repasse era feito semanalmente às sextas-feiras porque era informado ao depoente [Funaro] que o deputado Valdemar Costa Neto necessitava dos recursos para transportar para Brasília", disse Funaro ao Ministério Público.

Circularam ao todo R$ 6,5 milhões nas contas de Funaro e da Guaranhuns. Ao todo, segundo a denúncia, o PL se beneficiou de R$ 10,8 milhões do valerioduto.

Funaro acrescentou outro nome às investigações sobre o PL, o do doleiro de São Paulo Richard Otterlloo. Segundo Funaro, o dinheiro era levado ao PL de Mogi "na maioria das vezes pelo [funcionário da Guaranhuns] sr. José Carlos Batista ou por algum funcionário do sr. Otterlloo".

O doleiro já havia sido citado no depoimento de outro doleiro na CPI dos Bingos, Antonio Carlos Claramunt, o Toninho da Barcelona, como um operador de remessas de dinheiro para o exterior. Otterlloo teria tentado convencer Claramunt a não comparecer à CPI do Banestado em abril de 2004, quando foi convocado.

Próximos alvos
Segundo a Folha apurou, o procurador-geral disse a parlamentares da CPI dos Correios que as movimentações financeiras do publicitário Duda Mendonça e de Marcos Valério no exterior serão analisadas com mais atenção na segunda etapa das investigações.

O procurador disse ter mais provas sobre transações realizadas por Duda em paraísos fiscais além do que já foi divulgado pela imprensa e pela CPI. Os dados comprovariam que Duda recebia recursos de caixa dois em contas no exterior desde muito antes da campanha presidencial que fez para o PT, em 2002.

Segundo parlamentares ouvidos pela reportagem, as acusações contra os dirigentes do Rural ficarão ainda mais fortes do que o publicado no primeiro relatório, no qual Antonio Fernando pede o indiciamento da presidente do banco, Kátia Rabello, e de mais três executivos da instituição.

Os documentos que Souza vem reunindo poderão comprovar crimes como lavagem de dinheiro, evasão de divisas e ocultação de patrimônio. Os dirigentes do banco podem estar na primeira leva de pedidos de prisão a ser feita pelo procurador-geral.

A prisão dos acusados, embora não tenha sido formalizada na denúncia, pode ser pedida a qualquer momento pelo procurador, caso julgue conveniente. A colaboração dos suspeitos pode fechar brechas e sanar deficiências na linha da acusação.

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