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02/05/2006 - 16h38

É preciso acabar com o vestibular, diz Rubem Alves

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CAMILA MARQUES
da Folha Online

O psicanalista e professor emérito da Unicamp Rubem Alves, que nesta terça-feira participa da sabatina da Folha no Teatro Folha, em São Paulo, defendeu a extinção do vestibular, o principal método de seleção usado hoje, no Brasil, por universidades públicas e privadas.

Rubem Alves explicou sua posição descrevendo a teoria da caixa de ferramentas, desenvolvida por ele. "É uma excelente idéia", disse arrancando risos da platéia. "Mas é mesmo, o que posso fazer?", brincou.

Segundo a teoria, todo mundo carrega na mão direita uma caixa de ferramentas, ensinamentos usados no dia-a-dia efetivamente. "Se eu for um marceneiro, não preciso carregar um soldador. Não tenho porque levar peso desnecessariamente. É isso o que faz o vestibular. Cobra coisas absurdas que um aluno nunca vai usar", diz.

"Mas como alguém tão provocador como o senhor conseguiu ser pró-reitor da Unicamp?", perguntou o repórter da Folha Antônio Gois, especialista em educação. "Pois é", respondeu ele, como se fosse começar a contar uma grande história.

"Quando fui convidado, eu falei com o reitor e disse que não leria nenhum requerimento, nada disso, que minha única missão seria mudar o vestibular. E foi o que fiz. Ah, e aprendi que não devemos fazer nada a partir dos departamentos, porque é uma burocracia danada", afirmou.

Alves contou que começou fazendo uma reunião com quatro amigos e montando um "jornalzinho que agitou a universidade". "O engraçado é que os únicos que não participaram do agito foram os professores de Educação. Depois de muito barulho o reitor me chamou e disse para eu fazer a portaria que ele assinava", contou Alves.

"O que a gente queria eram alunos que fossem bom em pensar, não em dar respostas". E assim, segundo Alves, chegou-se ao consenso que a capacidade de pensar dos alunos deveria ser medida por meio da redação.

"Primeiro decidimos que deveria haver várias escolhas, e não importaria o que ele (aluno) dissesse, mas sim a capacidade dele de articular. Funcionou em parte, mas percebemos que um problema continuava, porque os alunos de classes pobres não conseguiam chegar lá. Mudamos o perfil dos alunos, mas não a classe social", disse Alves.

"Então veio um amigo e deu a solução definitiva: deveria ser tudo por sorteio", afirmou o escritor. "Mas ninguém aceitou."

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