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10/05/2006 - 19h34

Silvio alega esquecimento, poupa Lula e irrita oposição

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FELIPE RECONDO
da Folha Online, em Brasília

O ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira admitiu à CPI dos Bingos que foi a falta de apoio do partido que o motivou a dar as declarações que deu para o jornal "O Globo" na semana passada. Nas quase sete horas de depoimento, Silvinho --como era chamado pelo PT-- afirmou que foi procurado pela jornalista do "O Globo" na semana passada, mas que havia recusado o pedido de conceder uma entrevista.

No entanto, procurou pela jornalista quando soube que petistas não o defenderam da acusação de que continuaria com o Land Rover recebido de presente de um executivo da empresa GDK, que tem contratos com a Petrobras.

Silvinho, por sinal, recusou-se a dizer o nome do automóvel em seu depoimento, apesar de ter admitido que errou ao aceitar o carro de presente. De acordo com ele, o presente já foi devolvido.

O presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP), foi alvo do descontentamento de Silvinho com o partido. Berzoini disse para o site do PT que Silvinho resolveu se desfiliar do partido porque sabia que seria expulso caso enfrentasse um processo interno.

"É prepotência do Berzoini. Se não houvesse essa crise, ele não seria o presidente do partido. Ele não teria como fazer essa previsão com tanta antecedência", afirmou Silvinho.

Apesar do descontentamento com o PT, o ex-dirigente da legenda se recusou a confirmar as declarações feitas ao jornal de que o empresário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza pretendia arrecadar R$ 1 bilhão até o final do governo Lula.

"Eu não sei de onde tirei isso, se foi da imprensa, se foi de ouvido ou se foi da minha cabeça", afirmou. "Sobre essa entrevista, não sei mais onde está a verdade", declarou.

Silvinho alegou por diversas vezes que não se lembrava do teor da entrevista. "Estou há 30 dias em processo muito violento. Têm coisas que eu lembro e têm coisas que eu não lembro." Disse ainda que não havia lido o material publicado e por isso não poderia responder a uma série de perguntas. "Não lembro de ter dito que iriam me matar. Não me lembro mesmo. Não significa que não tenha dito."

Por conta dessa situação, Silvinho evitou confirmar as declarações dadas na entrevista. "Não sei se me arrependi ou não [de dar a entrevista]. Não quero fazer nenhuma confirmação. Não estava mentalmente tranqüilo. Não estava em condições de fazer qualquer acusação."

Na reportagem, ele disse que o empresário mineiro Marcos Valério de Souza queria arrecadar R$ 1 bilhão até o final do governo Lula junto a empresas que mantém contratos com o governo. Ele afirmou ainda que o "valerioduto" continuaria em funcionamento no governo federal por intermédio de outros lobistas.

Ontem, para escapar do depoimento, os advogados de defesa de Silvinho recorreram ao STF (Supremo Tribunal Federal) pedindo a ampliação da liminar concedida em novembro de 2005 que garantia o direito de ficar calado em depoimento à CPI dos Bingos.

Mas o pedido foi indeferido pelo ministro Marco Aurélio, relator do caso, que entendeu que o pedido feito pela defesa de Silvinho teria de ser distinto do que foi requerido inicialmente.

Na petição encaminhada ao STF, os advogados de Silvinho anexaram um laudo médico que informava que o ex-petista se encontrava em estado de estresse pós-traumático e que estava "descompensado emocionalmente" e "com ideações de menos valia bem como de auto-extermínio".

Próximos passos

A falta de lembrança de Silvinho irritou a oposição. Para a oposição, o depoimento dele não acrescentou nada às investigações.

Diante da falta de memória do ex-petista, a CPI deve marcar o depoimento nas próximas semanas do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares.

Na terça-feira, os integrantes da CPI devem votar a convocação do empresário Marcos Valério. O líder do PFL, José Agripino (RN) afirmou que se os governistas quiserem barrar as investigações sob a alegação de que a comissão está fora do foco, ele pedirá a criação de uma nova CPI.

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