Publicidade
Publicidade
10/05/2006
-
21h46
PAULO PEIXOTO
da Agência Folha, em Belo Horizonte
O ex-ministro José Dirceu (PT-SP), convidado pelo Diretório Central dos Estudantes da PUC-MG (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais) para falar sobre "Mídia e a Crise", foi xingado e vaiado ontem, em Belo Horizonte. Em coro, os estudantes o chamaram de "ladrão".
Ao final do encontro de quase uma hora, um grupo de estudantes entoou: "Ei Dirceu, vai tomar no cu". O ex-deputado se irritou com essa "minoria autoritária" e emendou acusando "grande parte" dos estudantes ali presentes de serem "tucanos".
Quanto a ser chamado de "ladrão" pela maioria, ele disse, entrevista: "Normal. Aliás não é só com coro de ladrão, agora eles me mandaram tomar no cu. Espero que vocês publiquem isso, porque mostra o nível de quem está aqui. É uma minoria. O nível é esse. Quer dizer, pessoas autoritárias que não aceitam o debate democrático, que não escutam".
Dirceu disse ser "inocente" e criticou os estudantes. "Grande parte aqui, inclusive, é tucano, porque, quando eu falava do PSDB, eles protestavam, uma parcela grande é tucano. Eu lamento o baixo nível que impuseram."
O auditório para 450 pessoas abrigou 700 estudantes, estimou a assessoria da PUC.
Na primeira manifestação de Dirceu, já na mesa, os estudantes deram o tom do clima. Vaiaram e mostraram muitos cartazes improvisados em folhas de papel ofício brancas, todos com críticas. "Cretino", "Cadeia", "Pega Ladrão", diziam alguns. Estudantes usaram narizes de palhaço vermelhos. Sua fala foi intercalada com vaias e apupos.
"Estou acostumado com o debate democrático, com as vaias e com a discordância", afirmou ele já na sua primeira intervenção.
Antes de deixar o auditório, um estudante se aproximou dele para dizer que ele precisava olhar nos olhos da sociedade. Ele respondeu: "Eu olho nos olhos da sociedade brasileira, já olhei e já falei no plenário da Câmara. É verdade. Pouca gente faz isso, tem coragem de fazer isso. Me respeite por isso, só por isso. Não é pelas minhas idéias, não".
Minutos antes desse bate-boca, quando Dirceu dava entrevista, jogaram da platéia um nariz de palhaço de plástico que atingiu o rosto do ex-ministro.
Mídia, PSDB e PT
O ex-ministro disse que a imprensa "sempre teve lado e partido" e que "é uma ilusão" acreditar na "neutralidade e objetividade da mídia". E que o PT sempre encontrou restrições, que o "tratamento" que é dado ao governo Lula é diferente do que foi dado ao governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
O PSDB foi sempre um alvo. Dirceu disse que o PT "fez caixa dois, assumiu e está respondendo na Justiça", mas que outros partidos também fizeram e nada foi apurado. Citou campanhas suspeitas do PSDB de 1998 e 2002 e as privatizações no governo FHC.
Disse que o PT optou "acertadamente" por cuidar da economia do país que herdara, evitando a "devassa no governo anterior, levando o país a uma crise".
"No entanto, considero que foi um erro nosso não ter feito uma denúncia política, não ter esclarecido a opinião pública da situação que nós encontramos o país e de tudo o que aconteceu no governo passado, inclusive nas privatizações", afirmou ele.
Sobre o caso Santo André, disse que há seis anos as denúncias de corrupção na prefeitura são investigadas e que seu nome nunca apareceu. Que são "denúncias vazias" e o inquérito, "ilegal".
"Se tem uma coisa que até os adversários reconhecem, inclusive os do PSDB, é que eu sou uma pessoa honesta", afirmou ele, ouvindo em seguida o coro: "Ladrão, ladrão, ladrão".
Especial
Leia o que já foi publicado sobre José Dirceu
Leia o que já foi publicado sobre a CPI dos Bingos
Leia o que já foi publicado sobre a CPI dos Correios
Leia a cobertura completa sobre a crise em Brasília
Dirceu é recebido com vaias por estudantes de Minas
Publicidade
da Agência Folha, em Belo Horizonte
O ex-ministro José Dirceu (PT-SP), convidado pelo Diretório Central dos Estudantes da PUC-MG (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais) para falar sobre "Mídia e a Crise", foi xingado e vaiado ontem, em Belo Horizonte. Em coro, os estudantes o chamaram de "ladrão".
Ao final do encontro de quase uma hora, um grupo de estudantes entoou: "Ei Dirceu, vai tomar no cu". O ex-deputado se irritou com essa "minoria autoritária" e emendou acusando "grande parte" dos estudantes ali presentes de serem "tucanos".
Quanto a ser chamado de "ladrão" pela maioria, ele disse, entrevista: "Normal. Aliás não é só com coro de ladrão, agora eles me mandaram tomar no cu. Espero que vocês publiquem isso, porque mostra o nível de quem está aqui. É uma minoria. O nível é esse. Quer dizer, pessoas autoritárias que não aceitam o debate democrático, que não escutam".
Dirceu disse ser "inocente" e criticou os estudantes. "Grande parte aqui, inclusive, é tucano, porque, quando eu falava do PSDB, eles protestavam, uma parcela grande é tucano. Eu lamento o baixo nível que impuseram."
O auditório para 450 pessoas abrigou 700 estudantes, estimou a assessoria da PUC.
Na primeira manifestação de Dirceu, já na mesa, os estudantes deram o tom do clima. Vaiaram e mostraram muitos cartazes improvisados em folhas de papel ofício brancas, todos com críticas. "Cretino", "Cadeia", "Pega Ladrão", diziam alguns. Estudantes usaram narizes de palhaço vermelhos. Sua fala foi intercalada com vaias e apupos.
"Estou acostumado com o debate democrático, com as vaias e com a discordância", afirmou ele já na sua primeira intervenção.
Antes de deixar o auditório, um estudante se aproximou dele para dizer que ele precisava olhar nos olhos da sociedade. Ele respondeu: "Eu olho nos olhos da sociedade brasileira, já olhei e já falei no plenário da Câmara. É verdade. Pouca gente faz isso, tem coragem de fazer isso. Me respeite por isso, só por isso. Não é pelas minhas idéias, não".
Minutos antes desse bate-boca, quando Dirceu dava entrevista, jogaram da platéia um nariz de palhaço de plástico que atingiu o rosto do ex-ministro.
Mídia, PSDB e PT
O ex-ministro disse que a imprensa "sempre teve lado e partido" e que "é uma ilusão" acreditar na "neutralidade e objetividade da mídia". E que o PT sempre encontrou restrições, que o "tratamento" que é dado ao governo Lula é diferente do que foi dado ao governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
O PSDB foi sempre um alvo. Dirceu disse que o PT "fez caixa dois, assumiu e está respondendo na Justiça", mas que outros partidos também fizeram e nada foi apurado. Citou campanhas suspeitas do PSDB de 1998 e 2002 e as privatizações no governo FHC.
Disse que o PT optou "acertadamente" por cuidar da economia do país que herdara, evitando a "devassa no governo anterior, levando o país a uma crise".
"No entanto, considero que foi um erro nosso não ter feito uma denúncia política, não ter esclarecido a opinião pública da situação que nós encontramos o país e de tudo o que aconteceu no governo passado, inclusive nas privatizações", afirmou ele.
Sobre o caso Santo André, disse que há seis anos as denúncias de corrupção na prefeitura são investigadas e que seu nome nunca apareceu. Que são "denúncias vazias" e o inquérito, "ilegal".
"Se tem uma coisa que até os adversários reconhecem, inclusive os do PSDB, é que eu sou uma pessoa honesta", afirmou ele, ouvindo em seguida o coro: "Ladrão, ladrão, ladrão".
Especial
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Nomeação de novo juiz do Supremo pode ter impacto sobre a Lava Jato
- Indicação de Alexandre de Moraes vai aprofundar racha dentro do PSDB
- Base no Senado exalta currículo de Moraes e elogia indicação
- Na USP, Moraes perdeu concursos e foi acusado de defender tortura
- Escolha de Moraes só possui semelhança com a de Nelson Jobim em 1997
+ Comentadas
- Manifestantes tentam impedir fala de Moro em palestra em Nova York
- Temer decide indicar Alexandre de Moraes para vaga de Teori no STF
+ EnviadasÍndice