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22/06/2006 - 14h31

Oposição terá que lembrar "mensalão" para bater Lula, dizem analistas

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EPAMINONDAS NETO
da Folha Online

Analistas políticos ouvidos pela Folha Online concordam que, para derrotar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a oposição vai ter que investir pesado em críticas e lembranças do escândalo do "mensalão" contra o virtual candidato do PT, hoje considerado praticamente imbatível para as eleições de outubro.

Ontem, políticos do PSDB e do PFL indicaram o que deve ser o tom geral da campanha eleitoral, durante a convenção nacional dos pefelistas. "Bêbado" e "ladrão" foram dos nomes usados para qualificar o presidente, enquanto o PT foi qualificado de "corja".

"Descontados os fatores do destino, como a hipótese de um escândalo político ainda mais dramático, fora disso, ele está virtualmente eleito", afirma Walder de Goés, cientista político do Ibep (Instituto Brasileiro de Estudos Políticos).

PSDB e PFL mostram discordância sobre a campanha para a Presidência. Enquanto os últimos querem tornar as críticas mais pesadas, os tucanos parecem mostrar um temor de que a "propaganda negativa" se volte contra os críticos e o eleitorado rejeite tom de geral de denúncia.

Os analistas políticos não concordam integralmente com a avaliação dos tucanos. "Existe uma idéia geral de que a propaganda negativa não funciona no Brasil. Para mim, isso é um mito", diz Ricardo Ribeiro, analista da MCM Consultores Associados.

"Um exemplo claro foi a campanha do José Serra contra o Ciro Gomes em 2002. E teve um efeito fulminante. O Ciro caminhava para o segundo turno com o [Luiz Inácio] Lula e desabou", afirma.

Goés afirma que há pelo menos três tipos de "propaganda negativa" em campanhas: duas com risco de "efeito boomerang" e uma, teoricamente, sem "risco". As duas primeiras são a crítica direta e a ação nos meios de comunicação para atuar sobre a opinião pública.

A terceira é praticamente uma tática de "guerra suja": espalhar boatos contra o candidato, por meio de uma rede de contratados espalhados pelo país. "Isso é um tipo de atitude extrema. Na verdade, o favoritismo de Lula chegou a um ponto que pessoas intelectualmente responsáveis já começam a falar nisso", alerta o cientista político.

Vale tudo na política

Na esperada troca de acusações entre tucanos e petistas sobre escândalos políticos, a avaliação geral da população pode nivelar por baixo a classe política e abafar a discussão ética. Essa possibilidade é admitida pelos analistas políticos como um risco que os políticos terão que correr durante a campanha.

Segundo Ribeiro, pesquisas qualitativas recentes mostram que a questão do nivelamento da classe política aparece muito claramente. "Os escândalos políticos recentes reforçaram essa idéia", diz ele.

"Isso é inevitável [a propaganda negativa], mas não pode ficar somente nisso. [Geraldo] Alckmin [o presidenciável do PSDB] terá que avançar em suas propostas para convencer o eleitorado", afirma Ricardo Ribeiro, da MCM.

Goés vê com reservas esse nivelamento. "Agora, a população está tranqüila, acompanhando a Copa, mas sem deixar a política totalmente de lado. Após a Copa, vai prestar mais atenção à campanha e vai consolidar mais sua opinião", afirma.

Pontos fortes e pontos fracos

Governo e oposição dispõem de armas distintas na campanha eleitoral. Enquanto Lula e o PT contam com o favoritismo do candidato e o desempenho considerado razoável da economia, a oposição terá a vantagem do discurso anti-corrupção.

Apesar dos tucanos também possuírem uma "folha corrida" de eventos considerados suspeitos em 8 anos de governo Fernando Henrique, deve caber à oposição a vantagem desse discurso.

"Os escândalos do PSDB são mais antigos. Para a população, os casos mais recentes é que têm importância. E os escândalos dos tucanos não tiveram a contundência, pelo menos em termos de imagem, do caso do 'mensalão', com malas de dinheiro, etc", diz Ribeiro.

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