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25/06/2006 - 17h58

Confira a íntegra do discurso de José Serra

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da Folha Online

Confira abaixo a íntegra do discurso do ex-prefeito José Serra, candidato tucano ao governo de São Paulo.

"Assumo hoje, mais uma vez, a enorme responsabilidade de representar meu partido numa eleicão. Já tive a honra de ser escolhido como candidato a deputado federal, a senador, a prefeito e a presidente da República, ao lado de homens como Franco Montoro, Mário Covas, Sergio Motta, Fernando Henrique e Geraldo Alckmin. Ao lado de tanto militantes generosos que nos acompanham há tantos anos.

Ganhamos e perdemos, participando de batalhas emocionantes, aprendendo nas ruas, nos debates, no confronto de idéias, como é da essência do jogo democrático. É ela, a democracia, que nos ensina a ser humilde nas vitórias e altivo nas derrotas, e a não esquecer nunca qual é o objetivo da Política: a busca do bem-comum, do interesse majoritário, do sonho coletivo.

Exatamente hoje o PSDB faz 18 anos de idade. É pouco para a vida de um País. Mas já temos uma história repleta de serviços prestados. Nosso partido amadureceu mantendo os compromissos com a liberdade, com a democracia, com a ética, com a justiça social. Mantendo a coerência. Somos, hoje, o que fomos ontem. Não temos passado a esconder, nem do que nos envergonhar. Muito ao contrário.

Nas campanhas nunca procuramos vender esperanças para, depois, entregar ilusões. Sempre valorizamos a seriedade, não a bravata nem a mentira. Não mudamos de lado, nem de cor, nem de cara. Algumas vezes (parece que isso até mudou) disseram que tenho cara feia ou mal humorada. Eu sempre respondi: pode ser, mas pelo menos tenho uma só cara. Não preciso, não precisamos nos desdizer o tempo todo, porque nosso norte é sempre o mesmo e a nossa marca é a coerência.

Para mim, não é o poder que corrompe os homens. São os homens, alguns homens, que corrompem o poder. Aliás, aqueles envolvidos nas piores práticas de corrupção do poder, que até há pouco tempo se consideravam os únicos incorruptíveis da nação, as vestais guardiãs do templo da moralidade, hoje se defendem dizendo que todos os politicos são iguais. Isto é tão falso quanto uma nota de três reais.

Nós não somos iguais a eles. Sempre soubemos separar Governo de Partido, Estado de Governo. Não nos servimos do governo para atender nossos interesses pessoais ou de grupo, como fazem os atuais donos do poder. Nossa escala de valores é outra.

Aliás, tucano não gosta de lama, não tem nenhuma intimidade com o pântano. Tucano voa. Está sempre mais próximo do amarelo das flores e do azul do céu, que não por coincidência sao as cores do nosso partido. .

Nunca compartilhamos, também, a conhecida máxima do camarada Mao Tse Tung, muito popular entre meus colegas de geração, e alguns pensam assim até hoje, segundo a qual a política é a guerra sem derramamento de sangue, enquanto a guerra seria a política com derramamento de sangue.

Em ambos os casos se associa a politica com a idéia da eliminação do outro, do seu esmagamento, da sua anulação. A nossa idéia de politica é outra. Ela repudia o confronto cego. Nossa politica há de ser a arte do reconhecimento do outro, das identidades e das diferenças.

Mas para aqueles que concebem a política do esmagamento dos outros, damos o recado nesta convenção: Sao Paulo vai se defender atacando: sua arma é o voto.

São Paulo dirá ao País, como já fez antes, que rejeita o desmando, o uso privado da máquina pública, o aviltamento das instituições. São Paulo dirá ao País que não aceita a desonestidade, o imobilismo a inépcia e o fingimento.

São Paulo dirá ao País que é preciso termos uma política nacional de desenvolvimento.

São Paulo dirá ao País que apresentou como candidato a presidente da Republica um dos seus melhores cidadãos, tão bem avaliado pelo povo: Geraldo Alckmin.

Nosso programa para governar São Paulo, tem um ponto de partida fundamental: vamos encontrar as finanças arrumadas e muitos investimentos sendo feitos. Heranças dos governo Covas, Alckmin e agora Lembo. Basta lembrar, apenas como exemplos, as obras do metrô na cidade de Sao Paulo. Do rodoanel na Grande Sao Paulo. Do saneamento na Baixada Santista. As estradas, os hospitais, os campus universitários e as FATECs por todo o nosso estado.

Para mim essa é uma novidade: casa arrumada e as coisas funcionando. Lembro-me de quando Montoro chegou ao governo e me chamou para ser secretário: encontramos um Estado devastado, falido. Foi preciso um grande esforço restaurar a administração. Quando assumi a prefeitura, de novo encontrei uma administração em péssima situação: dividas, atrasos, filas de credores, contas obscuras, contratos descabidos.

De novo, tivemos de dar duro para recuperar a cidade.

Essa é uma lição a ser extraída e uma inspiração para entrarmos nesta batalha: não podemos permitir, mais uma vez, que nosso Estado ande para trás. Como voltou
a administracao e a política do País nestes últimos três anos e meio.

A batalha de São Paulo vale a pena ser travada: nunca poderemos voltar a ter um País forte e competitivo e São Paulo não estiver, também, robusto e progredindo.

O nome de batismo do nosso Estado tem origem naquele que foi o mais dedicado e aplicado dos apóstolos de Cristo: São Paulo. O homem que tinha uma vocação formadora, que se esforçou para reunir pessoas e credos diferentes em nome do bem comum, da aceitação do outro.

Na primeira epístola aos Corinthios, São Paulo diz que instrumentos musicais distintos soam de forma tambem distinta. Só assim se evita a confusão e se aponta um caminho. Preparemos nossa garganta e nossa voz para mostrar com clareza nossas idéias e nossas diferenças em relacao aos que estao distantes de nossos credos e de nossas praticas. Preparemos também nossos braços para trazer conosco aqueles que sao mais próximos.

No governo, se o povo nos conceder esse mandato, vamos impulsionar os projetos estruturantes para o desenvolvimento do Estado, com grandes consequências positivas para o Brasil, como o Ferroanel, o álcoolduto, aeroportos que sirvam de plataforma para a exportação e o desenvolvimento, os pólos tecnologicos, além da continuação de obras como o Rodoanel.

Continuaremos remodelando e expandindo a rede de estradas - oito das dez melhores do Brasil são paulistas. Organizaremos a agência de desenvolvimento do Estado, que funcionará como um banco de desenvolvimento. Como já foi feito no Estado e como fizemos na prefeitura de Sao Paulo, vamos promover alívios nos impostos e aumentar a eficiência da arrecadacao. Utilizaremos as ferramentas fiscais para facilitar os investimentos produtivos e gerar empregos.

Este conjunto de iniciativas será a contribuição que o governo do Estado pode dar para a geração de empregos, problema número 1 de São Paulo e do Brasil. Os programas assistenciais compensatórios são muito importantes, mas sabemos que jamais poderão substituir, para as famílias, o emprego e a renda, jamais poderão contrabalançar o flagelo do desemprego.

Nossa grande prioridade estratégica será a Educação. O governo FH fez a grande inclusão no sistema educacional. Covas e Alckmin ampliaram as horas de aula. O desafio continua sendo a melhora da qualidade, do aproveitamento dos alunos, no ensino fundamental e no ensino médio. Apenas para dar um exemplo, nós começaremos a fazer no Estado, em aliança com os municípios, o que começamos a fazer na Capital: duas professoras por sala de aula no primeiro ano, para reforçar a alfabetização das crianças.

A Saúde e a Segurança serão duas grandes prioridades a curto prazo. Vamos jogar o peso de São Paulo para salvar o SUS, ameaçado pelo loteamento político do Ministério da Saúde e os desvios de recursos constitucionais do setor. Junto com os municipios, vamos planejar a regionalização dos serviços de Saúde, implantar de vez o cartão SUS no Estado, e ampliar para os outros municipios de Sao Paulo a bem sucedida experiência das AMAs, intermediários entre os postos de saúde e os pronto-socorros, que estão indo tão bem na Capital. Em menos de um ano, as AMAs já estão atendendo, de forma eficiente e rápida, 300 mil pessoas por mês. Mas vamos também dedicar muito esforço aa humanização do atendimento a Saúde, que hoje representa o maior déficit do setor em todo o Brasil: atenção e respeito com as pessoas.

Não enfrentaremos o problema da segurança em Sao Paulo com frases, discursos, demagogia ou grupos de terapia. Nem procurando jogar os problemas no colo de outros, como é da especialidade de outros governos, que nunca viram nada, nunca sabem de nada, nunca fazem nada, nada aprendem e tudo esquecem.

O Estado de São Paulo jah tem feito um esforço enorme em matéria de investimentos, tecnologia, recursos humanos, qualificação das policias e construção de presídios. Tanto é assim que os homicídios caíram bastante e índices de outros crimes estão em queda contínua.

Prosseguiremos com esses e empreenderemos novos esforcos, entre eles o da maior integração da inteligência e das ações das polícias.

E tenho certeza de que o Geraldo Alckmin na presidência da República, poderá ajudar e fazer o que o atual governo federal não fez nessa e noutras areas essenciais da vida dos estados.

Quero trazer para a nossa trincheira, a trincheira dos paulistas e brasileiros de bem, as outras instituições que tem muitissimo a ver com a segurança em São Paulo e no Brasil: o governo federal, o Congresso (que, por inércia do Executivo Federal, até hoje nao aprovou as medidas votadas pelo Senado durante a crise de maio), o Judiciário, o Ministério Publico e a Ordem dos Advogados do Brasil.

Eu poderia estender-me muito aqui, falando do propósito de ampliar os CATs --Centros de Apoio ao Trabalho-- que fizemos na Capital para outras regiões do Estado, de unificar os sistemas de transportes coletivos nas regiões metropolitanas, de avançar na reorganizacao do sistema de estadual de saneamento e de recursos hídricos, da prioridade na defesa do meio ambiente, da parceria com os municipios na habitação e urbanizacão, da ampliação da "Virada Cultural" que começamos na Capital e que irá para todo o Estado.

É muita coisa. Vamos elaborar essas idéias na nossa campanha, transformá-las em ação de governo, fazer com que aconteçam na prática.

Para alguém governar São Paulo não é preciso apenas achar que pode governar. É preciso ganhar a eleição. É preciso saber governar. Ter experiência para isso. São Paulo não é um brinquedo para amadores. Um governador de São Paulo não pode querer pegar carona, nem andar na garupa de ninguém. Não é, nem pode ser, nem aprendiz nem pau-mandado.

Aliás, como governador, se assim nosso povo decidir, serei desinibido porta-voz de Sao Paulo nas grandes decisões nacionais que afetam a vida dos paulistas: a politica macro econômica, que hoje sacrifica a atividade produtiva na cidade e no campo; a politica nacional de Saude, que hoje castiga o Sistema Único de Saúde e a politica nacional de Segurança, que só nos trouxe insegurança, para ficar apenas com três exemplos .

Se o povo de São Paulo me der seu apoio, vou trabalhar desde o primeiro dia de mandato. Sabendo o que fazer, com rumo certo, com planejamento, como é do meu estilo. Montar equipes de primeira qualidade, competência e dedicacão, como fiz na secretaria do Montoro, na liderança do partido na Câmara de Deputados, nos ministérios do Fernando Henrique e na prefeitura de São Paulo. Enfrentar interesses quando necessário, mas mobilizar as energias de todos en função do interesse coletivo.

Quando eu era menino, no bairro da Moóca, aqui em São Paulo, uma sensação, uma idéia, me marcou muito. Todos os dias, eu sabia que meu pai saía de casa ainda de madrugada para batalha diária de ganhar a sobrevivência da família. O meu pai era como os pais de muitas crianças, na minha rua e em muitas ruas dos bairros trabalhadores de São Paulo. E o que me impressionava neles era a determinação, o espírito de luta, a perserverança. Diante dos obstáculos da vida, eles não retrocediam: enfrentavam.

Essa idéia, esse comportamento, virou um guia e um lema de vida, para mim. A gente não consegue nada sem muito esforço, sem coragem, sem convicção, sem perserverança. E por que eu lembrei disso agora? Porque começa para mim, para todos nós, para o povo de São Paulo, mais uma batalha decisiva.

Quando eu entrei no movimento estudantil, há mais de 40 anos, o que me movia era o sonho de um Brasil melhor, de um Brasil mais justo, mais desenvolvido. É esse o meu sentimento ainda hoje. Política só tem sentido quando é destinada à promoção do bem comum, ao progresso de um povo, à atenção das necessidades coletivas se sobrepondo aos interesses individuais ou de grupos.

Essa é a minha cartilha, nossa cartilha, a cartilha do PSDB.

Nesta eleição não estamos sós na caminhada. Partidos como o PFL, o PPS e o PTB nos acompanham. Agregam valor aa nossa campanha. Agregam ideias ao nosso programa. Agregarão força ao nosso mandato.

Quando deixei a prefeitura da nossa capital, eu disse que, na vida, há lutas que nós escolhemos, mas também há lutas que nos escolhem. Batalhas que nos chamam, que exigem nossa presença por nossa história, por nossas convicções, por nossos compromissos. Esta é uma delas.

Pois vamos à luta. Com alegria, com coragem, com determinação. Com a certeza de que não podemos deixar o nosso Estado andar para trás. Vamos à vitória, ganhar juntos e governar juntos nosso Estado."

Especial
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