Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
11/07/2006 - 10h05

Apesar de escândalos, 88% da Câmara tenta reeleição

Publicidade

LETÍCIA SANDER
ADRIANO CEOLIN
FERNANDA KRAKOVICS
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Apesar dos escândalos do mensalão e o dos sanguessugas que se abateram sobre o Congresso, 88% dos 513 deputados federais vão concorrer à reeleição em outubro, maior índice desde as eleições de 1994.

O levantamento, feito pela Folha com informações das lideranças partidárias e dos gabinetes dos parlamentares, mostra que apenas 16 deputados não disputarão nenhum cargo.

Em 2002, 80% dos deputados tentaram a reeleição. Em 1998, foram 86% e, em 1994, 85%. Levando em conta candidaturas a outros cargos, o índice de deputados em campanha sobe para 96%. Além dos que disputam a reeleição, 18 deputados vão concorrer ao Senado, 11 são candidatos a governador, seis a vice governador e oito a deputado estadual.

No Senado, apesar de apenas 27 senadores encerrarem seus mandatos no início do próximo ano, 46 vão disputar as eleições de outubro, ou seja, 56,7% da Casa. O Senado possui dois candidatos à Presidência da República, dois a vice-presidente, 19 a governador, três a vice-governador, 13 à reeleição, quatro a deputado federal e três a deputado estadual.

Renovação recorde

Apesar do alto índice de deputados tentando retornar à Câmara, o Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar) prevê uma renovação dos quadros neste ano superior a 50%.

O índice, de acordo com o instituto, só deve ficar abaixo do verificado nas eleições de 1990, quando 62% de novos deputados federais assumiram o mandato, segundo o Diap.

Segundo o pesquisador Antônio Augusto de Queiroz, do Diap, a conjuntura das eleições de outubro deste ano é muito parecida com a de 1990. "Há, tal qual havia naquela época, uma imagem profundamente negativa do Congresso, com muitas denúncias", avalia.

Pesquisa Datafolha publicada em 28 de maio revelou que 42% dos eleitores consideram o desempenho do Congresso ruim ou péssimo. Contribuiu para essa imagem negativa as absolvições de acusados de envolvimento no mensalão. Dos 19 deputados citados no caso, apenas três foram cassados, quatro renunciaram e 11 foram absolvidos. Resta o julgamento do ex-líder da bancada do PP, deputado José Janene (PR).

Em 1994, a taxa de renovação na Câmara foi de 55%. Em 1998, foi de 42% e, em 2002, chegou a 41%. Queiroz ressalta, no entanto, que uma grande renovação não significa necessariamente um dado positivo.

"O grande problema da crise como a que vive o atual Congresso é que as pessoas costumam generalizar, colocando todo mundo no mesmo nível, como se fosse farinha do mesmo saco, sem separar o joio do trigo, abrindo espaço para todo tipo de vigaristas e oportunidades", afirma o pesquisador.

De acordo com análises do Diap, da Arko Advice e do cientista político David Fleischer, o PMDB deve eleger a maior bancada na Câmara, enquanto o PT deve ser o maior prejudicado após o escândalo do mensalão. Segundo a liderança do PT na Câmara, da bancada atual de 81 parlamentares, 79 vão tentar a reeleição. No PMDB, 77 dos 81 deputados tentarão se reeleger.

Recesso branco

Priorizando as eleições, o Congresso decidiu trabalhar, na prática, apenas três dias por mês até outubro. Após o recesso parlamentar, na segunda quinzena deste mês, a Câmara e o Senado só funcionarão na primeira semana de agosto e na primeira de setembro. Só há votações às terças, quartas e quintas-feiras. Mas os parlamentares receberão normalmente os salários de R$ 12.847, no caso dos deputados, e de R$ 12.720, no caso dos senadores.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), tem reclamado do efeito dessa avalanche de candidatos nos trabalhos da Casa. "Os senadores estão nos Estados fazendo campanha e, como os suplentes não estão aqui, temos tido dificuldade para votar", disse ele.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre as eleições 2006
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página