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30/07/2006 - 10h30

70% do Congresso pode ser comprado, diz dono da Planam

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ADRIANO CEOLIN
FÁBIO ZANINI
da Folha de S.Paulo

Apontados como integrantes da máfia dos sanguessugas, Darci Vedoin, Ronildo Pereira Medeiros e Ivo Spínola reforçam, em depoimentos à CPI dos Sanguessugas, as declarações já prestadas pelo empresário Luiz Antonio Trevisan Vedoin à Justiça Federal do Mato Grosso. A Folha obteve acesso às íntegras dos três depoimentos, prestados em sessões secretas da comissão no dia 13 de julho, em Cuiabá (MT).

O depoimento expõe a visão que Darci Vedoin --dono da Planam e pai de Luiz Antonio-- tem do Congresso. Em três trechos do depoimento, Darci afirma que até 70% dos 513 deputados e dos 81 senadores são corruptíveis: "Tem muitos deputados e muitos senadores --muitos!-- que são honestos. Mas tem 70%, que só faz o cargo dele para isso [corrupção]".

Noutro trecho, o empresário dá a entender que usou o termo como força de expressão: "Não estou dizendo que é todo mundo. Quando eu falei que tem 70%, tomara que tenha só 10%. Tomara!". Em um trecho, Darci diz que a Casa Civil na gestão Lula só liberava emendas para quem apoiava o governo, mas descarta uma infiltração do esquema no órgão.

Mas afirmou que o Ministério da Saúde compra ambulâncias para o Samu a preços mais altos que os da Planam: ele cobra R$ 100 mil, e o governo compra ambulâncias a R$ 122.500,00.

Dono da Frontal (empresa da quadrilha que forneceria equipamentos para ambulâncias), Ronildo Medeiros diz que esquemas fraudulentos de emendas estão sendo executados hoje, apesar de a máfia dos sanguessugas ter sido presa. "Se não vendêssemos, outros venderiam. Tanto é que hoje deve estar acontecendo a mesma coisa. Nós estamos fora do circuito, e está acontecendo da mesma forma", disse Ronildo.

Ele preferiu não citar para a CPI os nomes das empresas. Disse que voltaria a falar sobre assunto somente no seu depoimento à Justiça. "Senador, eu posso até, na defesa, fazer isso [revelar os nomes das empresas que continuam operando]".

Tanto Ronildo quanto Darci prestaram novos depoimentos à Justiça do Mato Grosso. Como Luiz Antonio já havia feito, os dois também fizeram acordo para delação premiada. A CPI deve receber os dois depoimentos entre amanhã e terça.

À CPI, Ronildo disse que a Maria da Penha Lino (que trabalhou na Planam e depois no Ministério da Saúde) era uma "pessoa próxima" do ex-ministro e atual deputado federal Saraiva Felipe (PMDB-MG): "Parece que ela tinha contato com o ministro anteriormente".

A deputada Vanessa Grazziotin (PC do B-AM) insistiu na pergunta: "Ela era mais próxima?" Ronildo respondeu: "Exatamente... Inclusive ela falou isso aí para mim algumas vezes". Foi o dono da Frontal também que citou a senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) e Magno Malta (PL-ES) como participantes do esquema.

Ivo Spínola disse que passou a participar do esquema para montar, na Bahia, uma empresa de carroceria de ônibus e que o grupo tentou viabilizar o projeto com financiamento junto ao Banco do Nordeste.

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