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04/08/2006 - 09h36

Petista citado por Vedoin diz que vai ao palanque de Lula

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FÁBIO ZANINI
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Um dos principais implicados no escândalo dos sanguessugas, o ex-prefeito José Airton Cirilo (PT) afirma, em entrevista à Folha, que mantém a candidatura a deputado federal e subirá no palanque de Luiz Inácio Lula da Silva quando ele visitar o Ceará, o que deve ocorrer ainda em agosto.

"Eu vou para a ofensiva. O presidente Lula mesmo já disse que ninguém pode julgar as pessoas sem ter provas", disse ele, contrariando petistas que defendem que se mantenha discreto para não prejudicar a campanha presidencial.

O petista confirma ter sido procurado por Darci e Luiz Antonio Vedoin, acusados de liderar a quadrilha que pagava propina a parlamentares em troca de emendas ao Orçamento e depois fraudava licitações para compra de ambulâncias superfaturadas por prefeituras. Mas nega ter intermediado liberação de verbas do Ministério da Saúde que acabaram desviadas pela Planam, dos Vedoin.

Cirilo reuniu-se ontem com o presidente do PT, Ricardo Berzoini, em Brasília. Segundo ele, Berzoini acredita em sua "sinceridade". Abaixo, os principais trechos da entrevista do petista à Folha.

FOLHA - O que o sr. disse ao Ricardo Berzoini, presidente do PT?
JOSÉ AIRTON CIRILO -
Disse que as denúncias não têm a menor consistência. Esse cidadão [Darci Vedoin] e o filho dele [Luiz Antonio] me procuraram porque queriam montar uma fábrica de carroceria. Me interessei porque disseram que iam implantar no Ceará. Eu tinha saído de uma campanha a governador [do Ceará] e tinha interesse em ajudar.

FOLHA - Em que ano foi isso?
CIRILO -
Final de 2003, mas eles só apresentaram o projeto em 2004. Minha relação foi só em razão desses contatos. Foram eles que marcaram, lá no Banco do Nordeste. Acompanhei a audiência. Ficaram ligando para mim, para ver qual o resultado. Depois eu soube que [o projeto] não deu certo.

FOLHA - O sr. esteve quantas vezes com os Vedoin?
CIRILO -
No máximo umas quatro reuniões, no Ceará e em Brasília.

FOLHA - Nos depoimentos, os Vedoin dizem que o sr. intermediava a liberação de recursos junto ao ex-ministro da Saúde Humberto Costa.
CIRILO -
Isso é totalmente fantasioso. Eu lhe afirmo categoricamente: estive com o Humberto Costa uma vez, em 20 de março de 2003, para tratar da campanha de erradicação da pólio. Estão mentindo descaradamente e até entendo por quê.

FOLHA - Por quê?
CIRILO -
O que aconteceu foi que duas pessoas, o [José Caubi] Diniz e o [Raimundo] Lacerda se apresentaram aos Vedoin, dizendo que eu era uma pessoa que teria influência com o ministro [Costa]. Usaram meu nome, pelo fato de o Lacerda ser meu sobrinho. Venderam uma imagem de facilidade.

FOLHA - O Darci Vedoin foi enganado pelos dois?
CIRILO -
Não tenho a menor dúvida disso. E agora que ele está sob delação premiada, está carregando nas tintas. Não posso aceitar.

FOLHA - O sr. cogita desistir da eleição?
CIRILO -
Não, nunca. Minha consciência está em paz. Estou sendo vítima de uma campanha sórdida. Essa questão está dentro de uma articulação maior, de segmentos conservadores do PSDB, que querem detonar não a mim, mas atingir o governo Lula.

FOLHA - Quem exatamente?
CIRILO -
Não quero citar pessoalmente.

FOLHA - O PT está lhe dando respaldo?
CIRILO -
O Berzoini disse que acreditava na minha sinceridade, porque tudo que eu falo é passível de comprovação.

FOLHA - O sr. pretende adotar um tom mais discreto na campanha, para não prejudicar politicamente o Lula?
CIRILO -
Eu vou para o ofensiva. O presidente Lula mesmo já disse que ninguém pode julgar as pessoas sem ter provas.

FOLHA - O Lula deve visitar o Ceará dentro de algumas semanas. O sr. vai estar no palanque?
CIRILO -
Devo estar, evidente. É impossível que eu seja massacrado dessa forma. A gente se sente muito revoltado.

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