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06/08/2006 - 10h41

Entidade de São Paulo afirma ter sido "usada" por deputado

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MAURÍCIO SIMIONATO
da Agência Folha, em Campinas

A Instituição Filantrópica Parábola, entidade que atende cerca de 130 crianças e adolescentes carentes em São Paulo, afirma que foi "usada" pelo deputado Neuton Lima (PTB-SP) para repassar R$ 1,6 milhão, em 2005, a uma empresa de fachada da Planam, a Suprema Rio Comércio de Equipamentos de Segurança e Representações.

A verba, depositada pelo Ministério da Saúde em contas da Parábola, deveria ser usada para a compra de 27 ambulâncias por meio de emenda proposta em 2004 pelo deputado. As ambulâncias não foram entregues até hoje. A entidade, que alega que não sabia do esquema à época, fica na Vila Ester, em São Paulo, numa casa simples, com garagem para um carro.

Neuton Lima é um dos parlamentares citados em depoimento por Luiz Antonio Vedoin, sócio da Planam. A verba foi depositada em quatro parcelas, entre junho e outubro de 2005, em duas contas da entidade abertas para o convênio, em uma agência do Banco do Brasil em Taboão da Serra (SP). A abertura da conta é exigência do Ministério da Saúde.

A seguir, a verba foi repassada para a conta da Suprema Rio Comércio, cujo proprietário é Ricardo Waldmann Brasil, que foi preso pela Polícia Federal sob a acusação de manter a empresa a serviço da Planam.

A presidente da Parábola, Marisa Mello, disse que foi uma assessora do deputado quem a procurou, em 2004, pedindo que ela firmasse o convênio. Segundo Mello, a assessora disse que os veículos iriam para outras instituições que, por não terem registro de filantrópica, não podiam receber verba do Orçamento em convênios com o Ministério da Saúde.

A chefe-de-gabinete do deputado Neuton Lima, Izildinha Linares, disse à Folha que foi a entidade quem procurou o deputado pedindo ambulâncias. "O dinheiro [R$ 1,6 mi] a gente sabe que chegou na conta. Acham que este recurso passa pelo deputado, e não passa. Vai direto para a conta da entidade", disse Linares: "Se ela não tivesse aceitado [o convênio], por que ela não devolveu o dinheiro do ministério?"

O preço estipulado nas emendas para cada ambulância era R$ 50 mil. Um documento do Ministério da Saúde foi assinado pela chefe-de-gabinete do deputado como "dirigente ou representante legal" da Parábola. Linares disse que a dona da Parábola assinou procuração para que o gabinete cuidasse do trâmite do convênio.

O advogado da Parábola, Marcos Vinícius Oliveira, admitiu que Mello assinou a procuração porque "confiou" no deputado: "Se ela [Mello] tivesse me consultado antes, eu jamais deixaria ela assinar uma procuração. Ela achou que estava tudo bem, até porque a Izildinha já havia ajudado a Parábola antes. Veio um rapaz que é funcionário da Planam. Foi ele quem preparou toda a documentação para entrar com o pedido. O material já chegou pronto", disse.

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