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22/08/2006 - 09h53

Lula afirma a artistas que elite quis fazê-lo "sangrar"

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MÔNICA BERGAMO
enviada especial da Folha de S.Paulo ao Rio de Janeiro

Em reunião ontem com artistas na casa do ministro Gilberto Gil (Cultura), no Rio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que foi atacado por uma elite que queria fazê-lo "sangrar", mas que quem fará "sua vingança" será o povo. O presidente se emocionou e chegou a chorar ao lembrar do ápice da crise em seu governo.

Lula começou seu discurso lembrando que, na década de 80, conheceu os "artistas famosos" do Rio numa reunião na casa da atriz Dina Sfat, quando pediu apoio para as Diretas-Já. "Estávamos eu e o FHC. Não estava só o Lula."

Ao falar da crise política, reclamou da imprensa. "Se a imprensa desse para mim 10% da condescendência que deu para outros presidentes, eu teria hoje 70% dos votos."

Segundo o petista, parte da elite política "se deu conta" de que era preciso "impedir" a continuidade de seu governo.

"O que aconteceu com Getúlio Vargas? Foi levado à morte. O que aconteceu com João Goulart? E com o JK? Ele foi achincalhado pelo Carlos Lacerda e por outros que ainda hoje o representam. A elite queria fazer o Lula sangrar. Eis que todo mundo ficou surpreso quando saíram as pesquisas e as pessoas que eles queriam destruir estavam crescendo. Esqueceram de um componente chamado povo brasileiro. E houve um antagonismo das pessoas que escreviam com sabedoria infinita com o povo que provavelmente não lê o que eles escrevem."

Ontem, em evento em São Paulo, FHC também citou Lacerda.
Lula citou uma frase de Fidel Castro --"A história me absolverá"-- e concluiu: "Nós não vamos precisar da história. O povo vai mostrar quem é quem neste país". Afirmou ainda: "Que não mexam comigo: estou com 60 anos, não me irrito com nada. Minha vingança quem vai fazer é o povo".

Sobre o escândalo do mensalão, Lula afirmou: "Foi triste? Foi. O PT errou? Errou. O PT, não, teve companheiros que erraram. Como posso julgar o PT por erros que alguns companheiros cometeram?"

No fim do discurso, o ator José de Abreu pediu uma "homenagem" a José Dirceu, José Mentor e José Genoino, todos envolvidos no escândalo do mensalão. O presidente aplaudiu. Na saída, Abreu perguntou a Lula: "Estraguei a festa?". E o presidente: "Não, não. Não podemos renegar as amizades que temos".

Após o discurso, Lula chorou ao abraçar o compositor Wagner Tiso, lembrando de entrevista em que ele defendeu o presidente no auge da crise.

O presidente reclamou com a reportagem de notícia de ontem da Folha sobre ele não ter querido aparecer no palanque ao lado do deputado federal João Paulo Cunha, outro envolvido com o mensalão. "Foi uma sacanagem da Folha. Em todos os meus comícios, tem separação entre deputados, prefeitos e candidatos majoritários. Eu não tinha visto o João Paulo."

Diversos dos presentes declararam voto em Lula --entre outros, Luiz Carlos Barreto, Tonico Pereira, Alcione, Lecy Brandão e Tassia Camargo. Também foram ao jantar, entre outros, os atores Paulo Betti, Renata Sorrah e Letícia Sabatella e os cantores Zeca Pagodinho, Sandra de Sá e Fernanda Abreu. Não compareceram Chico Buarque, que já declarou voto em Lula, e Caetano Veloso. "O Caetano não vem porque já não é Lula há muito tempo. Não é uma questão racional, é uma questão de afeto. Política não se faz só com razão, mas com afeto também", disse Gil.

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