Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
05/09/2006 - 10h52

Ex-governador de Goiás muda versão sobre relato de mensalão a Lula

Publicidade

SILVIO NAVARRO
Enviado especial da Folha de S.Paulo a Jataí

Mais de um ano depois de dizer que havia alertado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a existência do esquema do mensalão, o ex-governador de Goiás Marconi Perillo (PSDB) decidiu ontem dar mais detalhes da conversa, incluindo uma suposta resposta do presidente dada na ocasião.

O diálogo ao qual Perillo se refere veio à tona em junho do ano passado, logo após o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) denunciar o mensalão. À época, ainda governador de Goiás, Perillo disse ter avisado o presidente que ouvira rumores do caso, ao recebê-lo em solenidade em Rio Verde (GO), em 5 de maio de 2004.

Ontem, a menos de um mês da eleição, Perillo decidiu retomar o assunto. "Não adianta ele [Lula] falar que não sabia do mensalão. Eu o avisei em Rio Verde", disse. "E ele me falou: "Marconi, cuida dos seus deputados, que eu cuido dos meus'".

Perillo é candidato a uma vaga ao Senado. Segundo pesquisa Ibope divulgada na semana passada, ele lidera com 66%.

Essa suposta resposta dada pelo presidente não havia sido revelada até então. Em 26 de julho do ano passado, no auge da crise do mensalão, Perillo enviou uma carta ao Conselho de Ética da Câmara na qual dizia que Lula teria dito "não ter conhecimento do assunto".

Na carta, Perillo dizia: "Relatei ao senhor presidente da República que ouvira rumores sobre a existência de mesada a parlamentares [...] Ele disse que não tinha conhecimento e que ia tomar as providências que o assunto requeria".

A carta foi ignorada na denúncia da Procuradoria Geral da República e não consta do relatório da CPI dos Correios, que apurou o caso. Perillo não respondeu por que só citou a conversa em detalhe agora. A declaração foi dada enquanto aguardava Geraldo Alckmin (PSDB) em Jataí (GO).

Mais tarde, Alckmin comentou a fala de Perillo: "Essa história de que não sabia de nada, é evidente que ninguém acredita nisso. Não há compromisso com a verdade. Veja a questão do [Paulo] Okamotto, fala uma coisa e depois fala outra, os ministros que saíram, grandes amigos e depois diz que os demitiu", disse citando o conflito de versões dadas para explicar o pagamento de uma dívida de Lula com o PT, paga por Okamotto, amigo do presidente.

Há dois meses, já licenciado do cargo para concorrer ao Senado, Perillo disse à Polícia Federal que soube do caso por meio da deputada Raquel Teixeira (PSDB-GO), que teria recebido do deputado Sandro Mabel (PL-GO) proposta de R$ 1 milhão para mudar de partido. Mabel foi absolvido pela Câmara, e Raquel Teixeira foi advertida.

O escândalo do mensalão foi investigado por duas CPIs. No total, 19 deputados foram acusados pela CPI, mas quatro renunciaram antes da abertura dos processos. Outros 15 enfrentaram processos, mas apenas três tiveram mandatos cassados: José Dirceu (PT-SP), Pedro Corrêa (PE) e Roberto Jefferson. O processo de José Janene (PP-PR), licenciado, segue pendente até hoje.

Por falta de opções de vôos em rotas comerciais, o repórter Silvio Navarro fez o trajeto de Goiânia a Jataí em avião locado pelo PSDB

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre o mensalão
  • Leia cobertura completa das eleições 2006
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página