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26/09/2006
-
16h39
da Folha Online
O governador de Minas Gerais e candidato à reeleição pelo PSDB, Aécio Neves, disse considerar "extremamente preocupante" o fato de a origem do dinheiro que seria usado para a compra do dossiê contra os candidatos tucanos José Serra (governo de São Paulo) e Geraldo Alckmin (Presidência) permanecer desconhecida até a eleição.
"Seria muito importante para a democracia e até para o próprio presidente da República, que estes esclarecimentos ocorressem antes das eleições", disse a liderança tucana em passagem pela cidade mineira de Pará de Minas.
Sem falar de quem seria a culpa pela lentidão nas investigações da Polícia Federal, Aécio afirmou que "não é positivo nem para a PF nem para as instituições democráticas que os brasileiros votem sem saber efetivamente os responsáveis por esta ação criminosa".
Ainda sem assumir explicitamente uma posição sobre o fato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva saber da operação de compra de dossiê, Aécio disse que ele é o responsável "independente de ter tido ciência prévia ou não deste dossiê ou desta nova armação".
"O Presidente é responsável por aqueles que coloca no governo", comentou Aécio. "Eu acho que o Brasil está se cansando desta delegação, desta transferência de responsabilidades sempre a terceiros."
O dossiê
No dia em que a máfia sanguessuga fechou a venda para petistas de um dossiê contra Serra, Abel tentou pelo menos três vezes falar com Vedoin por telefone, chegando a deixar recados com um ex-cunhado do dono da Planam. No final do mês passado, Abel esteve hospedado por cerca de dez dias num hotel em Cuiabá.
A PF avalia que Abel possa também ter negociado com Vedoin a compra do dossiê.
Na quinta-feira passada, quando prestou novo depoimento à PF, em Cuiabá, Vedoin entregou uma planilha com nomes das prefeituras que teriam tido emendas individuais ao Orçamento da União "pagas através de acerto com Abel Pereira".
Ao Ministério Público Federal, Vedoin apresentou no dia 14, antes de ser preso, extratos bancários que comprovariam depósitos na conta de empresas supostamente ligadas a Abel para liberação de verbas.
O caso
A 15 dias das eleições, a Polícia Federal apreendeu vídeo, DVD e fotos que mostram o candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra, na entrega de ambulâncias da máfia dos sanguessugas.
O material contra Serra seria entregue pelo empresário Luiz Antônio Vedoin, chefe dos sanguessugas e sócio da Planam, a Gedimar Pereira Passos, advogado e ex-policial federal, e Valdebran Padilha da Silva, filiado ao PT do Mato Grosso.
Gedimar e Valdebran foram presos, em São Paulo, com R$ 1,7 milhão. Eles estavam no hotel Ibis, e aguardavam por um emissário do empresário, que levaria o dossiê contra o tucano. O PT nega que o dinheiro seja do partido.
O emissário seria o tio do empresário, Paulo Roberto Dalcol Trevisan. A pedido de Vedoin, o tio entregaria em São Paulo o documento a Valdebran e Gedimar. Os quatro envolvidos foram presos pela Polícia Federal.
Em depoimento à PF, Gedimar disse que foi "contratado pela Executiva Nacional do PT" para negociar com a família Vedoin a compra de um dossiê contra os tucanos, e que do pacote fazia parte entrevista acusando Serra de envolvimento na máfia.
Ele disse ainda que seu contato no PT era alguém de nome "Froud ou Freud". Após a denúncia, o assessor pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Freud Godoy, pediu afastamento do cargo. Ele nega as acusações.
Após o episódio, outros nomes ligados ao PT começaram a ser relacionados ao dossiê. Esse é o caso do ex-coordenador da campanha à reeleição de Lula, Ricardo Berzoini, presidente do PT. Seu ex-secretário no Ministério do Trabalho Oswaldo Bargas (coordenador de programa de governo da campanha) e Jorge Lorenzetti --analista de mídia e risco do PT e churrasqueiro do presidente-- procuraram a revista "Época" para oferecer o dossiê.
Lorenzetti foi afastado do cargo e Berzoini deixou a coordenação da campanha de Lula, mas, por enquanto, permanece na presidência do partido.
O ex-diretor do Banco do Brasil Expedito Afonso Veloso também foi afastado da instituição, após denúncia sobre seu suposto envolvimento com o dossiê. Valdebran disse que recebeu parte do dinheiro de uma pessoa chamada "Expedito". Ele teria participado da operação de montagem e divulgação do documento.
Em São Paulo, o candidato ao governo Aloizio Mercadante (PT) afastou o coordenador de comunicação da campanha Hamilton Lacerda, que teria articulado a publicação de uma reportagem na "IstoÉ" contra Serra.
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Entenda o caso do dossiê
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PF prende empresário sanguessuga e apreende R$ 1,7 mi com integrante do PT
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Aécio acha "preocupante" lentidão para esclarecer compra de dossiê
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O governador de Minas Gerais e candidato à reeleição pelo PSDB, Aécio Neves, disse considerar "extremamente preocupante" o fato de a origem do dinheiro que seria usado para a compra do dossiê contra os candidatos tucanos José Serra (governo de São Paulo) e Geraldo Alckmin (Presidência) permanecer desconhecida até a eleição.
"Seria muito importante para a democracia e até para o próprio presidente da República, que estes esclarecimentos ocorressem antes das eleições", disse a liderança tucana em passagem pela cidade mineira de Pará de Minas.
Sem falar de quem seria a culpa pela lentidão nas investigações da Polícia Federal, Aécio afirmou que "não é positivo nem para a PF nem para as instituições democráticas que os brasileiros votem sem saber efetivamente os responsáveis por esta ação criminosa".
Ainda sem assumir explicitamente uma posição sobre o fato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva saber da operação de compra de dossiê, Aécio disse que ele é o responsável "independente de ter tido ciência prévia ou não deste dossiê ou desta nova armação".
"O Presidente é responsável por aqueles que coloca no governo", comentou Aécio. "Eu acho que o Brasil está se cansando desta delegação, desta transferência de responsabilidades sempre a terceiros."
O dossiê
No dia em que a máfia sanguessuga fechou a venda para petistas de um dossiê contra Serra, Abel tentou pelo menos três vezes falar com Vedoin por telefone, chegando a deixar recados com um ex-cunhado do dono da Planam. No final do mês passado, Abel esteve hospedado por cerca de dez dias num hotel em Cuiabá.
A PF avalia que Abel possa também ter negociado com Vedoin a compra do dossiê.
Na quinta-feira passada, quando prestou novo depoimento à PF, em Cuiabá, Vedoin entregou uma planilha com nomes das prefeituras que teriam tido emendas individuais ao Orçamento da União "pagas através de acerto com Abel Pereira".
Ao Ministério Público Federal, Vedoin apresentou no dia 14, antes de ser preso, extratos bancários que comprovariam depósitos na conta de empresas supostamente ligadas a Abel para liberação de verbas.
O caso
A 15 dias das eleições, a Polícia Federal apreendeu vídeo, DVD e fotos que mostram o candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra, na entrega de ambulâncias da máfia dos sanguessugas.
O material contra Serra seria entregue pelo empresário Luiz Antônio Vedoin, chefe dos sanguessugas e sócio da Planam, a Gedimar Pereira Passos, advogado e ex-policial federal, e Valdebran Padilha da Silva, filiado ao PT do Mato Grosso.
Gedimar e Valdebran foram presos, em São Paulo, com R$ 1,7 milhão. Eles estavam no hotel Ibis, e aguardavam por um emissário do empresário, que levaria o dossiê contra o tucano. O PT nega que o dinheiro seja do partido.
O emissário seria o tio do empresário, Paulo Roberto Dalcol Trevisan. A pedido de Vedoin, o tio entregaria em São Paulo o documento a Valdebran e Gedimar. Os quatro envolvidos foram presos pela Polícia Federal.
Em depoimento à PF, Gedimar disse que foi "contratado pela Executiva Nacional do PT" para negociar com a família Vedoin a compra de um dossiê contra os tucanos, e que do pacote fazia parte entrevista acusando Serra de envolvimento na máfia.
Ele disse ainda que seu contato no PT era alguém de nome "Froud ou Freud". Após a denúncia, o assessor pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Freud Godoy, pediu afastamento do cargo. Ele nega as acusações.
Após o episódio, outros nomes ligados ao PT começaram a ser relacionados ao dossiê. Esse é o caso do ex-coordenador da campanha à reeleição de Lula, Ricardo Berzoini, presidente do PT. Seu ex-secretário no Ministério do Trabalho Oswaldo Bargas (coordenador de programa de governo da campanha) e Jorge Lorenzetti --analista de mídia e risco do PT e churrasqueiro do presidente-- procuraram a revista "Época" para oferecer o dossiê.
Lorenzetti foi afastado do cargo e Berzoini deixou a coordenação da campanha de Lula, mas, por enquanto, permanece na presidência do partido.
O ex-diretor do Banco do Brasil Expedito Afonso Veloso também foi afastado da instituição, após denúncia sobre seu suposto envolvimento com o dossiê. Valdebran disse que recebeu parte do dinheiro de uma pessoa chamada "Expedito". Ele teria participado da operação de montagem e divulgação do documento.
Em São Paulo, o candidato ao governo Aloizio Mercadante (PT) afastou o coordenador de comunicação da campanha Hamilton Lacerda, que teria articulado a publicação de uma reportagem na "IstoÉ" contra Serra.
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