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28/09/2006 - 14h01

Mercadante pede pressa na investigação de dossiê e diz que caso é "pesadelo"

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CRISTINA CHARÃO
da Folha Online
da Folha de S.Paulo

O candidato do PT ao governo de São Paulo, Aloizio Mercadante, classificou o envolvimento de seu ex-assessor Hamilton Lacerda no caso de compra de dossiê contra o ex-ministro José Serra como "um pesadelo" para a sua campanha.

Mercadante afirmou que torce para a Polícia Federal terminar as investigações sobre o caso antes das eleições. "Torço para que a PF possa fazer isso antes das eleições, porque isso poderia terminar um pesadelo que existe na minha campanha e na minha vida neste momento", disse ele, que fez campanha hoje no centro de São Paulo.

O petista pediu para o eleitor um "voto de confiança" e que seu histórico de "30 anos de vida pública" seja levado em consideração, já que ele nunca se envolveu com nenhum tipo de escândalo.

"Preciso de um voto de confiança porque será uma brutal injustiça eu ser prejudicado nesta eleição sendo que eu tenho total convicção, e a história vai mostrar no momento em que estiver concluída a investigação, que eu não tive nenhuma participação neste episódio", justificou Mercadante.

O candidato disse à imprensa e depois repetiu aos militantes, reunidos em frente ao Teatro Municipal, que não é ele, Mercadante, quem tem de dar explicações. "Eu não tenho que explicar, nem justificar, porque eu não participei e não concedi [que outros participassem]", afirmou.

Lacerda, então coordenador da campanha de Aloizio Mercadante (PT) ao governo de São Paulo, foi quem entregou a mala com dinheiro ao advogado Gedimar Pereira Passos e ao empresário Valdebran Padilha da Silva, no hotel Ibis em São Paulo, no dia 14, segundo informação da PF. Lacerda deixou a campanha de Mercadante após o caso.

Gedimar e Valdebran foram presos pela PF com R$ 1,168 milhão e US$ 248,8 mil. O dinheiro, cuja origem a PF ainda investiga, seria usado para comprar um dossiê contra tucanos montado pelo empresário Luiz Antônio Vedoin, chefe da máfia dos sanguessugas.

Após analisar os CDs com a gravação de imagens que registram movimento de pessoas no hotel, a PF concluiu que Lacerda foi quem entregou o dinheiro a Gedimar e Valdebran. Contudo a PF informou que a confirmação oficial, necessária para conclusão do inquérito, será feita por meio de perícia.

Desde o início da semana, a PF fazia a análise das imagens e ontem concluiu que Lacerda aparece na gravação entregando o dinheiro. Foram estudados vários CDs gravados no hotel no dia 14.

Nesse dia, por telefone, Valdebran negociava com Vedoin, que estava em Cuiabá, a venda do dossiê contra os tucanos José Serra, adversário de Mercadante nas eleições em São Paulo, e Geraldo Alckmin, candidato a presidente. O material era composto por fotos, CD e fita de vídeo mostrando Serra e Alckmin em eventos de entrega de ambulâncias da máfia dos sanguessugas.

Depoimentos

A Polícia Federal vai ouvir nesta sexta-feira, em São Paulo, os depoimentos de Lacerda e Freud Godoy, ex-assessor da Secretaria Particular de Lula, que cuidava da segurança do petista durante a campanha eleitoral.

Uma equipe da PF de Cuiabá (MT) vem para São Paulo nesta quinta-feira para tomar os depoimentos.

Já Freud foi citado durante depoimento por Gedimar Pereira Passos.

Dossiê

A 15 dias das eleições, a Polícia Federal apreendeu vídeo, DVD e fotos que mostram o candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra, na entrega de ambulâncias da máfia dos sanguessugas.

O material contra Serra seria entregue pelo empresário Luiz Antônio Vedoin, chefe dos sanguessugas e sócio da Planam, a Gedimar Pereira Passos e Valdebran Padilha da Silva, filiado ao PT do Mato Grosso.

Gedimar e Valdebran foram presos, em São Paulo, com R$ 1,7 milhão. Eles estavam no hotel Ibis, e aguardavam por um emissário do empresário, que levaria o dossiê contra o tucano. O PT nega que o dinheiro seja do partido.

O emissário seria o tio do empresário, Paulo Roberto Dalcol Trevisan. A pedido de Vedoin, o tio entregaria em São Paulo o documento a Valdebran e Gedimar. Os quatro envolvidos foram presos pela Polícia Federal.

Em depoimento à PF, Gedimar disse que foi "contratado pela Executiva Nacional do PT" para negociar com a família Vedoin a compra de um dossiê contra os tucanos, e que do pacote fazia parte entrevista acusando Serra de envolvimento na máfia.

Ele disse ainda que seu contato no PT era alguém de nome "Froud ou Freud". Após a denúncia, Freud Godoy pediu afastamento do cargo de assessor da Presidência. Ele nega as acusações.

Após o episódio, outros nomes ligados ao PT começaram a ser relacionados ao dossiê. Esse é o caso do ex-coordenador da campanha à reeleição de Lula, Ricardo Berzoini, presidente do PT. Seu ex-secretário no Ministério do Trabalho Oswaldo Bargas (coordenador de programa de governo da campanha) e Jorge Lorenzetti --analista de mídia e risco do PT e churrasqueiro do presidente-- procuraram a revista "Época" para oferecer o dossiê.

Lorenzetti foi afastado do cargo e Berzoini deixou a coordenação da campanha de Lula, mas, por enquanto, permanece na presidência do partido.

O ex-diretor do Banco do Brasil Expedito Afonso Veloso também foi afastado da instituição, após denúncia sobre seu suposto envolvimento com o dossiê. Valdebran disse que recebeu parte do dinheiro de uma pessoa chamada "Expedito". Ele teria participado da operação de montagem e divulgação do documento.

Em São Paulo, Mercadante afastou o coordenador de comunicação da campanha Hamilton Lacerda.

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