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01/10/2006 - 08h01

Artistas e filhos de políticos devem invadir o Congresso em 2007

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GABRIELA GUERREIRO
ANDREZA MATAIS
da Folha Online, em Brasília

Se as eleições deste domingo confirmarem as principais pesquisas de intenção de voto e a opinião de especialistas, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal serão tomados por artistas, filhos e parentes de políticos famosos e outras figuras polêmicas a partir de 2007.

Nomes como o do ex-presidente da República Fernando Collor de Melo (PRTB), o ex-governador de São Paulo Paulo Maluf (PP) e o estilista Clodovil Hernandes (PTC) estão entre os mais cotados em seus respectivos Estados para assumirem cadeiras no Congresso.

Collor, que renunciou à Presidência em 1992 em meio a um processo de impeachment, está entre os favoritos na corrida eleitoral em Alagoas por uma vaga no Senado.

Paulo Maluf disputa uma vaga na Câmara por São Paulo. Além de Maluf, o estilista e apresentador de TV Clodovil tem chances de ser um dos deputados mais votados do Brasil, também por São Paulo.

Artistas

Mesmo concorrendo pelo PTC, partido pouco conhecido dos eleitores, Clodovil tem tudo para ganhar uma vaga na Câmara. Durante a campanha, ele demonstrou um pouco de como pretende agir caso seja eleito deputado federal ao lançar o seu principal slogan: "Brasília nunca mais será a mesma, vocês verão".

Alguns artistas e até mães de cantores disputam vagas à Câmara. Regina Dirce (PAN), mãe do cantor Latino, concorre a uma vaga à Câmara no Rio de Janeiro. Em São Paulo, é Célia Alves (PSB) --mãe do vocalista dos Mamonas Assassinas Dinho, que morreu em um acidente aéreo em 1996-- que pretende se tornar deputada federal pelo PSB.

O cantor Frank Aguiar (PTB), conhecido pelo repertório regional que tem o forró como carro-chefe, é outro que deve estar entre os mais votados em São Paulo para uma vaga à Câmara dos Deputados.

A apresentadora de TV Soninha (PT) também decidiu alcançar vôos mais altos. Depois de se tornar conhecida como VJ da MTV e comentarista de programas esportivos, ela deve conquistar uma cadeira na Câmara Federal por São Paulo. Vereadora de São Paulo, o discurso da candidata é voltado prioritariamente para os jovens.

Paternidade

Há candidatos que apostam no sobrenome e prestígio político de parentes para se elegerem à Câmara e ao Senado. Ratinho Júnior (PPS), filho do apresentador de TV Ratinho, acredita no sobrenome famoso do pai para se eleger à Câmara. Ele disputa com o deputado Gustavo Fruet (PSDB), que ficou nacionalmente conhecido como sub-relator da CPI dos Correios, e Cássio Taniguchi (PFL), ex-prefeito de Curitiba, o título de deputado federal mais votado do Estado.

Paulo Bornhausen (PFL), filho do presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), concorre a uma vaga na Câmara apostando na influência política paterna. A esposa do ex-governador de Santa Catarina, Ângela Amim (PP), também disputa uma cadeira na Câmara. Paulo e Ângela estão, segundo as pesquisas, entre os candidatos mais votados do Estado.

Cristiane Brasil (PTB), filha do polêmico deputado Roberto Jefferson (PTB) --que teve o mandato cassado pela Câmara dos Deputados no ano passado depois de denunciar o escândalo do mensalão-- também aproveitou o prestígio paterno e deve conseguir se eleger à Câmara dos Deputados pelo Rio de Janeiro.

No horário eleitoral gratuito, Jefferson foi presença constante no programa da filha, que está entre as mais cotadas para a Câmara defendendo o combate à corrupção --mesma bandeira levantada pelo pai famoso durante as investigações do mensalão.

Análise

O analista político Antônio Queiroz, diretor do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), acredita numa pequena renovação na Câmara e no Senado neste ano. Na Câmara, o Diap calcula que serão eleitos menos da metade de novos parlamentares entre os 513 deputados --a maioria será dos que já exercem mandato em Brasília.

Já o Senado vai renovar apenas um terço das suas 81 cadeiras, uma vez que a maioria dos senadores têm mandato de oito anos até 2011.

Mas entre os que prometem renovar a Câmara, o analista reconhece que eles estarão divididos em três categorias: artistas que se destacaram em programas de TV, filhos de políticos famosos e bispos de Igrejas Evangélicas.

Queiroz atribui a vantagem de tantos artistas nas pesquisas a uma espécie de gratidão dos brasileiros por momentos descontraídos oferecidos enquanto tiveram destaque na TV.

"A razão para votar nessas pessoas é a gratidão pelos serviços prestados em atividades anteriores. Não vejo como um voto de protesto, nem de renovação. Em São Paulo, por exemplo, no universo de 70 deputados federais, temos três artistas famosos que devem se eleger: Soninha, Clodovil e Frank Aguiar", disse o analista.

Já em relação a ex-políticos que deixaram a vida pública marcados por escândalos de corrupção, como Collor e Maluf, Queiroz acredita que o voto também é decorrente de ações praticadas no passado. "São eleitores que não querem abandona-los porque, lá atrás, em algum momento, lhes ajudaram", disse.

O analista acredita, no entanto, que as eleições deste ano vão encerrar um "ciclo" na política brasileira. Queiroz acredita em ampla renovação do Congresso em 2011, quando políticos tradicionais como José Sarney (PMDB-AP), Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e o próprio Maluf devem encerrar a atuação política nacional.

Sarney, no entanto, corre o risco de não conseguir se reeleger ao Senado já este ano. A candidata Cristina Almeida (PSB) apareceu nas últimas pesquisas de intenção de voto sete pontos percentuais atrás do senador, que tem uma rejeição mais alta entre os eleitores do Amapá. Cristina é militante do movimento negro e participa ativamente das festividades populares tradicionais, além de ser dançarina.

Com a reeleição ameaçada por uma novata na política, o senador intensificou a campanha pelo interior do Amapá e ensaiou passos de marabaixo --uma dança típica do Estado-- na propaganda eleitoral na TV.

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