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30/09/2006 - 18h04

Garcia diz que PT pode provar que vazamento de fotos teve motivação política

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CRISTINA CHARÃO
da Folha Online

O coordenador da campanha eleitoral do PT à Presidência, Marco Aurélio Garcia, afirmou que há provas de que o vazamento das imagens do dinheiro apreendido pela Polícia Federal que seria usado na suposta compra do dossiê contra candidatos tucanos teve motivação política.

Segundo Garcia, os profissionais de imprensa que receberam as fotos teriam gravado a conversa com o membro da PF responsável pelo vazamento em que este afirmaria que sua intenção era prejudicar o governo de Luiz Inácio Lula da Silva e o PT.

"Temos absoluta certeza de que estas fotos foram passadas por um delegado a vários profissionais e, no momento em que foram passadas, foi dito por este delegado que o propósito dele era, sim, um propósito político e que ele pretendia prejudicar com essas fotos --ele usou uma expressão de baixo calão que eu não vou repetir, mas que começa com 'F'-- tanto o governo quanto o PT", relatou.

O coordenador da campanha do PT especulou ainda sobre a participação de partidos da oposição no vazamento. "Há informações, que não estão confirmadas, que haveria interferência dos dois partidos da oposição, inclusive por incentivo monetário", disse.

Garcia não confirmou que a gravação tenha sido repassada à campanha de Lula, mas cobrou que a íntegra das informações relacionadas ao vazamento seja publicada pelos meios de comunicação que dispõem do registro.

Para ele, a imprensa agiu de forma "parcializada" ao deixar de noticiar um delito, uma vez que o membro da PF não tinha autorização para divulgar as imagens e ainda teria afirmado que sairia dali para registrar um boletim de ocorrência sobre o furto de um CD com as fotos, que lhe ajudaria a esconder sua participação.

De acordo com Garcia, o membro da PF responsável pelo vazamento é o delegado Edmílson Pereira Bruno, que atuou na prisão dos petistas no Hotel Íbis, quando também foram apreendidos os R$ 1,7 milhão que pagariam o dossiê. Bruno negou que seja responsável pelo vazamento e afirmou ontem que um CD com as fotos teria sido roubado de sua sala. O caso está sendo investigado por sindicância interna da PF.

Ao ser informado que Bruno teria ligado para algumas redações para dizer que gostaria de tornar público que ele é o responsável pelo vazamento, Garcia disse não ter "a menor dúvida" de que a atitude foi tomada porque o delegado ficou sabendo que a campanha de Lula já sabia de sua participação.

O delegado Bruno, apesar de figurar entre os principais agentes da PF no momento da prisão de Valdebran Padilha e Gedimar Passos, foi extra-oficialmente afastado das investigações. Para Garcia, é pouco provável que este fato apenas o teria motivado a divulgar as fotos do dinheiro. "Um funcionário público não opera por ressentimento", afirmou.

"Não acredito [que a atitude do delegado] tenha sido só por razões ideológicas", disse Garcia, fazendo nova menção ao incentivo monetário que supostamente teria sido oferecido pela oposição.

O caso

A 15 dias das eleições, a Polícia Federal apreendeu vídeo, DVD e fotos que mostram o candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra, na entrega de ambulâncias da máfia dos sanguessugas.

O material contra Serra seria entregue pelo empresário Luiz Antônio Vedoin, chefe dos sanguessugas e sócio da Planam, a Gedimar Pereira Passos, advogado e ex-policial federal, e Valdebran Padilha da Silva, filiado ao PT do Mato Grosso.

Gedimar e Valdebran foram presos, em São Paulo, com R$ 1,7 milhão. Eles estavam no hotel Ibis, e aguardavam por um emissário do empresário, que levaria o dossiê contra o tucano. O PT nega que o dinheiro seja do partido.

O emissário seria o tio do empresário, Paulo Roberto Dalcol Trevisan. A pedido de Vedoin, o tio entregaria o documento a Valdebran e Gedimar. Os quatro envolvidos foram presos pela PF.

Em depoimento, Gedimar disse que foi 'contratado pela Executiva Nacional do PT' para negociar com a família Vedoin a compra de um dossiê contra o tucano, e que do pacote fazia parte uma entrevista --supostamente à "IstoÉ"-- acusando Serra de envolvimento na máfia.

Ele disse ainda que seu contato no PT era alguém de nome "Froud ou Freud". Após a denúncia, o assessor especial da Presidência da República, Freud Godoy, pediu afastamento do cargo. Ele nega as acusações.

Após o episódio, outros nomes ligados ao PT começaram a ser relacionados ao dossiê. A crise derrubou o coordenador da campanha à reeleição de Lula, Ricardo Berzoini, presidente do PT. Ele foi substituído por Marco Aurélio Garcia.

Ex-secretário de Berzoini no Ministério do Trabalho, Oswaldo Bargas (coordenador de programa de governo da campanha), e Jorge Lorenzetti --analista de mídia e risco do PT e churrasqueiro do presidente-- procuraram a revista "Época" para oferecer o dossiê. Também caíram.

O ex-diretor do Banco do Brasil Expedito Afonso Veloso também foi afastado da instituição, após denúncia sobre seu suposto envolvimento com o dossiê. Valdebran disse que recebeu parte do dinheiro de uma pessoa chamada "Expedito". Ele teria participado da operação de montagem e divulgação do documento.

Em São Paulo, o candidato ao governo Aloizio Mercadante (PT) afastou o coordenador de comunicação da campanha Hamilton Lacerda, que teria articulado a publicação da reportagem da "IstoÉ" contra Serra.

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