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06/10/2006
-
20h56
THIAGO GUIMARÃES
da Agência Folha
Em provável tentativa de mostrar distanciamento da decisão que afastou Ricardo Berzoini da presidência do PT, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição, defendeu hoje pela manhã, antes do anúncio da saída, a permanência do petista no cargo.
Em entrevista a rádios do Nordeste, Lula disse que a decisão sobre o futuro de Berzoini --a quem chamou de "homem importante no PT" e "quadro político de muita envergadura"-- era do partido, mas adotou o discurso da cautela.
"Eu não vejo necessidade de tomar nenhuma decisão política agora, enquanto você não desvendar esse processo [da compra do dossiê]. Eu não vejo isso [afastamento de Berzoini] ajudar em nada nesse momento", disse Lula.
Ex-ministro de Lula (Previdência e Trabalho), Berzoini deixou a coordenação geral da campanha petista no último dia 20, após revelação de que seu ex-secretário no Trabalho Oswaldo Bargas procurou a revista "Época" para tentar publicar material contra tucanos. Bargas integrava a campanha de Lula e está envolvido na tentativa de compra, por petistas, do dossiê contra o PSDB. No final da tarde de hoje, Berzoini anunciou seu afastamento da presidência do PT.
Lula deu a entender que a saída de Berzoini poderia ser um movimento precipitado. "Normalmente nessas horas as pessoas trabalham na pressão das manchetes e tomam atitudes precipitadas." E destacou o PT ante os demais partidos: "É que nós apuramos, os outros jogam embaixo do tapete".
"Quando houve a crise [escândalo do mensalão] no ano passado, as pessoas diziam: o PT acabou, o PT acabou. Pois bem, foi a legenda mais votada outra vez, em uma demonstração de que o povo sabe separar o joio do trigo. O partido pune quem é culpado e a vida continua", afirmou o candidato. "É assim na família. Em uma família que tem dez pessoas, uma comete um erro, a família não pode ser sacrificada. Sacrifica quem cometeu o erro."
Segundo turno
Na entrevista, concedida no Palácio da Alvorada, Lula disse que três fatores podem ter impedido sua vitória no primeiro turno. "Eu acho que tem a ver, possivelmente, com muito otimismo da minha tropa, as denúncias do dossiê e o trabalho dos adversários."
Sobre o primeiro motivo, chegou a dizer que "é por isso que eu falo que, quando as pessoas ficam de sapato alto, às vezes a coisa não dá certo".
O presidente disse ainda que não vê problema em disputar o segundo turno. "A Copa do Mundo do Brasil de 1994 não foi diminuída porque ganhou na prorrogação, ou seja, nos pênaltis. Eu só lamento é que a gente tenha mais 20 e tantos dias para trabalhar."
Lula chamou de "cretinice" a tentativa de compra de dossiê contra tucanos e classificou os envolvidos no episódio como "bando". "Somente daqui a alguns anos um especialista vai explicar como é que um bando de pessoas cometeu uma cretinice daquela."
Ao dizer que prefere deixar a Polícia Federal apurar o caso --"porque ela faz menos pirotecnia, mas aponta resultados"--, Lula deu uma estocada indireta em seu antecessor, o tucano Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). "Mais de 80% de todas as quadrilhas que nós desmontamos na Polícia Federal foram exatamente montadas em 1998, 1999, 2000, 2001", afirmou.
Especial
Leia a cobertura especial das eleições 2006
Lula elogia Berzoini no rádio
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da Agência Folha
Em provável tentativa de mostrar distanciamento da decisão que afastou Ricardo Berzoini da presidência do PT, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição, defendeu hoje pela manhã, antes do anúncio da saída, a permanência do petista no cargo.
Em entrevista a rádios do Nordeste, Lula disse que a decisão sobre o futuro de Berzoini --a quem chamou de "homem importante no PT" e "quadro político de muita envergadura"-- era do partido, mas adotou o discurso da cautela.
"Eu não vejo necessidade de tomar nenhuma decisão política agora, enquanto você não desvendar esse processo [da compra do dossiê]. Eu não vejo isso [afastamento de Berzoini] ajudar em nada nesse momento", disse Lula.
Ex-ministro de Lula (Previdência e Trabalho), Berzoini deixou a coordenação geral da campanha petista no último dia 20, após revelação de que seu ex-secretário no Trabalho Oswaldo Bargas procurou a revista "Época" para tentar publicar material contra tucanos. Bargas integrava a campanha de Lula e está envolvido na tentativa de compra, por petistas, do dossiê contra o PSDB. No final da tarde de hoje, Berzoini anunciou seu afastamento da presidência do PT.
Lula deu a entender que a saída de Berzoini poderia ser um movimento precipitado. "Normalmente nessas horas as pessoas trabalham na pressão das manchetes e tomam atitudes precipitadas." E destacou o PT ante os demais partidos: "É que nós apuramos, os outros jogam embaixo do tapete".
"Quando houve a crise [escândalo do mensalão] no ano passado, as pessoas diziam: o PT acabou, o PT acabou. Pois bem, foi a legenda mais votada outra vez, em uma demonstração de que o povo sabe separar o joio do trigo. O partido pune quem é culpado e a vida continua", afirmou o candidato. "É assim na família. Em uma família que tem dez pessoas, uma comete um erro, a família não pode ser sacrificada. Sacrifica quem cometeu o erro."
Segundo turno
Na entrevista, concedida no Palácio da Alvorada, Lula disse que três fatores podem ter impedido sua vitória no primeiro turno. "Eu acho que tem a ver, possivelmente, com muito otimismo da minha tropa, as denúncias do dossiê e o trabalho dos adversários."
Sobre o primeiro motivo, chegou a dizer que "é por isso que eu falo que, quando as pessoas ficam de sapato alto, às vezes a coisa não dá certo".
O presidente disse ainda que não vê problema em disputar o segundo turno. "A Copa do Mundo do Brasil de 1994 não foi diminuída porque ganhou na prorrogação, ou seja, nos pênaltis. Eu só lamento é que a gente tenha mais 20 e tantos dias para trabalhar."
Lula chamou de "cretinice" a tentativa de compra de dossiê contra tucanos e classificou os envolvidos no episódio como "bando". "Somente daqui a alguns anos um especialista vai explicar como é que um bando de pessoas cometeu uma cretinice daquela."
Ao dizer que prefere deixar a Polícia Federal apurar o caso --"porque ela faz menos pirotecnia, mas aponta resultados"--, Lula deu uma estocada indireta em seu antecessor, o tucano Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). "Mais de 80% de todas as quadrilhas que nós desmontamos na Polícia Federal foram exatamente montadas em 1998, 1999, 2000, 2001", afirmou.
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