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24/10/2006
-
09h57
GUSTAVO PATU
da Folha de S.Paulo, em Brasília
Com discurso aparentemente esgotado na altura do terceiro e penúltimo debate do segundo turno das eleições, os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB) priorizaram duas mistificações sobre o baixo crescimento econômico do país.
O primeiro, mesmo reconhecendo que o crescimento é insatisfatório, apresenta como compensação uma supostamente inédita redução da desigualdade social no país. O segundo atribui todo o problema a uma mera "receita errada" escolhida pelo governo petista.
Pelos dados do IBGE, a desigualdade social vem caindo lenta, mas continuamente, desde 1993 no país. Um estudo da Fundação Getúlio Vargas apontou que a miséria caiu 14,8% nos primeiros três anos do governo Lula (que, no debate, falou em 19,3% e 20%), contra 23,02% no governo Fernando Henrique Cardoso. Na média anual, os resultados são quase idênticos: 5,2% do petista contra 5,1% do tucano.
Lula usou o debate para se apresentar como o candidato dos pobres e chegou ao ponto de dizer, usando seu bordão preferido, que, "pela primeira vez", os pobres podem freqüentar o Palácio do Planalto.
Um imaginário grande aumento dos gastos sociais contraporia o crescimento atual ao da época dos militares --quando, segundo o presidente, taxas de crescimento de 10% ao ano (as taxas, na verdade, chegaram a 14%) não reduziram a pobreza.
É falso. O crescimento econômico da era do "milagre econômico" elevou, de fato, a desigualdade social, mas reduziu a pobreza. Em outras palavras, houve aumento da renda dos mais pobres, mas a renda dos mais ricos aumentou mais.
Alckmin voltou a culpar, pelo baixo crescimento, o aumento de gastos, da carga tributária e dos juros --o que tem lógica pela teoria econômica, mas está longe de ser só uma escolha do governo Lula. Os gastos públicos, em especial com benefícios previdenciários, crescem por imposições constitucionais.
O tucano pregou os tradicionais cortes no número de ministérios e de cargos comissionados (que insistiu serem 40 mil, o dobro do número real), além do combate à corrupção, providências que dariam resultados medidos na casa dos milhões de reais.
Mas defendeu a extensão do reajuste do salário mínimo a todos os aposentados, o que elevaria a despesa anual em mais de R$ 10 bilhões.
Sua proposta de corte de gastos, que no início da campanha ainda exibia ao menos uma meta numérica, se tornou ainda mais vaga. No máximo, o candidato cita a suposta economia de R$ 4 bilhões obtida em seus anos de governador com o pregão eletrônico.
O dado consiste apenas na comparação entre os preços obtidos nos leilões informatizados para compras do governo e os chamados preços de referência, uma estimativa de valor feita antes do pregão.
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Tucano e petista distorcem dados sobre o crescimento
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da Folha de S.Paulo, em Brasília
Com discurso aparentemente esgotado na altura do terceiro e penúltimo debate do segundo turno das eleições, os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB) priorizaram duas mistificações sobre o baixo crescimento econômico do país.
O primeiro, mesmo reconhecendo que o crescimento é insatisfatório, apresenta como compensação uma supostamente inédita redução da desigualdade social no país. O segundo atribui todo o problema a uma mera "receita errada" escolhida pelo governo petista.
Pelos dados do IBGE, a desigualdade social vem caindo lenta, mas continuamente, desde 1993 no país. Um estudo da Fundação Getúlio Vargas apontou que a miséria caiu 14,8% nos primeiros três anos do governo Lula (que, no debate, falou em 19,3% e 20%), contra 23,02% no governo Fernando Henrique Cardoso. Na média anual, os resultados são quase idênticos: 5,2% do petista contra 5,1% do tucano.
Lula usou o debate para se apresentar como o candidato dos pobres e chegou ao ponto de dizer, usando seu bordão preferido, que, "pela primeira vez", os pobres podem freqüentar o Palácio do Planalto.
Um imaginário grande aumento dos gastos sociais contraporia o crescimento atual ao da época dos militares --quando, segundo o presidente, taxas de crescimento de 10% ao ano (as taxas, na verdade, chegaram a 14%) não reduziram a pobreza.
É falso. O crescimento econômico da era do "milagre econômico" elevou, de fato, a desigualdade social, mas reduziu a pobreza. Em outras palavras, houve aumento da renda dos mais pobres, mas a renda dos mais ricos aumentou mais.
Alckmin voltou a culpar, pelo baixo crescimento, o aumento de gastos, da carga tributária e dos juros --o que tem lógica pela teoria econômica, mas está longe de ser só uma escolha do governo Lula. Os gastos públicos, em especial com benefícios previdenciários, crescem por imposições constitucionais.
O tucano pregou os tradicionais cortes no número de ministérios e de cargos comissionados (que insistiu serem 40 mil, o dobro do número real), além do combate à corrupção, providências que dariam resultados medidos na casa dos milhões de reais.
Mas defendeu a extensão do reajuste do salário mínimo a todos os aposentados, o que elevaria a despesa anual em mais de R$ 10 bilhões.
Sua proposta de corte de gastos, que no início da campanha ainda exibia ao menos uma meta numérica, se tornou ainda mais vaga. No máximo, o candidato cita a suposta economia de R$ 4 bilhões obtida em seus anos de governador com o pregão eletrônico.
O dado consiste apenas na comparação entre os preços obtidos nos leilões informatizados para compras do governo e os chamados preços de referência, uma estimativa de valor feita antes do pregão.
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