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29/10/2006 - 12h27

FHC diz que papel da oposição é criticar e que Lula virou um político comum

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RAIMUNDO DE OLIVEIRA
da Folha Online

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, 75, afirmou no início da tarde de hoje que quem está na oposição ao governo não tem que fazer conchavo nem beijar a mão do presidente. Segundo ele, o papel da oposição é criticar e cabe ao governo arcar com a governabilidade.

FHC disse que não acredita em "terceiro turno", que não há clima para impeachment, mas que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva virou um político comum porque só pensa em ganhar eleição. Para ele, Lula terá que "dançar conforme a música da Constituição" em um eventual segundo mandato.

FHC afirmou também que seu partido sai, no mínimo, como um pólo de poder e tem que pensar nos candidatos futuros após a eleição de hoje. "Eu nunca pedi que o PT viesse fazer conchavo, nem reclamei que não tinha condições de governar porque tinha oposição. Não. Eu governei oito anos com eles em cima, duramente", disse o ex-presidente antes de votar no Colégio Sion, no bairro de Higienópolis, na capital paulista, no início da tarde deste domingo.

FHC disse que a oposição ao governo Lula terá que ter altivez. "Altiva não contra o Brasil, contra os erros do governo. Para isto não precisa acordo prévio, não precisa chamar ninguém. Quer fazer reforma, vamos lá, vamos começar pela reforma política. Põe lá voto distrital, o PSDB apóia. A Previdência, ele [Lula] é que tem que dizer o que vai fazer com a Previdência, diga! Se nós tivermos de acordo, for bom para o Brasil, também apoiamos", afirmou.

Questionado sobre a afirmação de Lula que, em um eventual segundo mandato, deixará de fazer comparações do governo petista aos seus oito anos como presidente, FHC disse que isto é problema dele [Lula]. "Ele tem que comparar não é governo com governo, é o Brasil com o resto. O Brasil vai mal no resto do mundo", afirmou.

O ex-presidente disse que Lula tem fixação por ter perdido duas eleições presidenciais para ele e que possui um "amuleto" contra as críticas do opositor. "O presidente Lula parece que se fixou. Sabe, eu acho que ele perdeu duas vezes de mim na primeira volta, no primeiro turno, então ele ficou com esta mágoa... Eu tenho um bonequinho do Lula, que um artista plástico fez, de pelúcia, e cada vez que ele me critica eu vou lá e passo a mão na cabeça do bonequinho", disse FHC. Para ele, Lula deve ir em frente. "Se fizer as coisas boas para o Brasil, eu aplaudo. Eu não tenho este coração maldoso", disse.

Dossiê

O tucano cutucou Lula ao dizer que tem que continuar a falar no dossiê antitucano, que considerou "escandaloso", que tem de haver punibilidade e levar adiante os "processos que estão aí", em referência às denúncias de irregularidades contra a campanha eleitoral do PT por conta da negociação para a suposta compra, por parte de petistas, de um dossiê contra candidatos de seu partido.

Ele rebateu as críticas feitas por Lula no último comício do candidato petista em São Bernardo do Campo sobre as denúncias de irregularidades também por parte do PSDB no caso do falso testemunho que teria sido articulado por Rosely de Souza Pantaleão, secretária-executiva do partido em uma cidade do sul de Minas Gerais, para incriminar o PT nas investigações sobre a origem dos R$ 1,7 milhão que seriam usados na negociação para a compra do dossiê antitucano.

Truque

O ex-presidente também rebateu comparações feitas por Lula em relação ao governo tucano que mostrariam melhora na administração petista em relação ao tempo em que o PSDB ocupou a Presidência. "Isto é um truque, porque [Lula] usa dados que ele escolhe aqui ou ali. Por exemplo, na questão de criação de empregos, ele mistura dados do Caged [Cadastro Geral de Empregados e Desempregados], com outros e soma dados que não pode somar. O desemprego, a taxa, cresceu, não diminuiu. O salário mínimo começou a crescer em 1993 e cresceu na média, não aumentou nada. [Lula] Usa truques desta natureza", afirmou.

Segundo ele, o aumento das exportações ocorrido no governo petista, usado por Lula como comparativo em relação aos tucanos, é fruto de políticas plantadas ainda em sua época à frente do Palácio do Planalto.

Mea culpa

FHC fez um mea culpa discreto sobre o desempenho eleitoral do PSDB na campanha presidencial e foi veemente em relação à legitimidade de um eventual segundo mandato do PT na Presidência. Ele também descartou um processo de impeachment ou uma eventual chicana política por conta das denúncias de crime eleitoral contra Lula por conta do escândalo do dossiê antitucano. "Isto é conversa, não tem terceiro turno. Democracia implica também em convencer o eleitorado, se não se convence, o erro é nosso", afirmou.

De acordo com o ex-presidente, compete ao PSDB assumir o desafio diante de mais quatro anos na oposição, em caso de vitória de Lula, e sobre o pólo de poder que o partido representa. "Agora, poder para quê? Esta é que a questão, o que nós vamos fazer? Temos que discutir qual é o momento. Mas não adianta só ganhar a eleição. É isto que eu critico no presidente Lula. É que ele ficou um político igual a todos os outros, comum. Quer ganhar a eleição... Posso não ter feito tudo, mas não fiz nada de diferente. Nem ele [Lula] sabe [o que vai fazer]. Ele se adapta às situações, é um político comum. Eu acho que isto foi uma pena porque eu esperava dele muito mais. Eu sempre tive amizade por ele", disse FHC.

O ex-presidente voltou a elogiar a reeleição para presidente, instituída em seu governo, e questionou Lula sobre uma provável reforma ministerial em caso de vitória do petista. "Como é que ele vai compor este ministério, é de gente de confiança ou nós vamos ter quadrilheiro de novo? Aí vamos ver!"

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