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30/10/2006
-
09h05
PAULO SAMPAIO
da Folha de S.Paulo
Freqüentadores de Higienópolis, bairro de Fernando Henrique Cardoso e reduto de intelectuais tucanos, tentavam explicar ontem o que um deles classificou de "fenômeno Lula", referindo-se ao crescimento do candidato petista nas pesquisas, "apesar da roubalheira do PT".
"O eleitor do Lula é o povo do interior ou do Nordeste, que não tem acesso à informação e por isso não sabe o quanto se roubou no governo do PT", formula a artesã Maria Lúcia Barros Barreto, 66.
"As pessoas podem até assistir ao jornal pela TV, mas muitas não têm condição de interpretar a notícia", acrescenta a executiva Margareth Goldenberg, 44.
Na opinião dela, o erro de Alckmin foi transmitir seu programa de governo de maneira muito formal. "É triste, mas só ganha quem reduz a qualidade do discurso para atingir o maior número de eleitores possível."
A administradora de empresas Patrícia Marino, 40, acredita que "Lula faz apologia da pobreza e fala mal o português de propósito".
Sua tia, a pedagoga Cecília Andreolli, não tem dúvidas: "O que estragou foi colocarem o Alckmin ao lado do (Anthony) Garotinho. Quem teve aquela idéia?"
Incrédulas na quantidade de votos para Lula, as duas afirmam que "tem muito petista enrustido por aí".
Em cerca de três horas de entrevistas na praça Vilaboim, coração de Higienópolis, a Folha observou que existe uma tentativa de "organizar" o pensamento --sem garantia de coerência.
Mesmo afirmando que "o povão vota no Lula" porque não tem acesso à informação, a artesã Maria Lúcia diz que é contra publicar pesquisa antes da eleição. "Isso induz o voto do eleitor (ignorante)."
A aposentada Zuleika Frizzo afirma que "Lula rouba" --mas não se responsabiliza pela idoneidade do PSDB. "Pelo menos, a gente não tem a sensação de que está sendo extorquido." Para ela, "o brasileiro perdeu a credibilidade em si mesmo". "Os americanos começaram uma nação de verdade; os portugueses já chegaram extorquindo."
Dizendo-se "abaladas", mas sem parecer propriamente tristes, a mesária tucana Flávia Heilman, 27, e sua amiga, a designer Tatiana Bauman, 28, perguntam, sentadas no terraço do lado de fora de um barzinho: "Se a gente fizer cara de desoladas, você colocará nossa foto na capa do jornal?"
Flávia prepara-se para a pose, segurando o dinheiro que recebeu para despesa com o almoço. "Ganhei R$ 10 pro "lanche'", debocha.
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Freqüentadores de Higienópolis, bairro de Fernando Henrique Cardoso e reduto de intelectuais tucanos, tentavam explicar ontem o que um deles classificou de "fenômeno Lula", referindo-se ao crescimento do candidato petista nas pesquisas, "apesar da roubalheira do PT".
"O eleitor do Lula é o povo do interior ou do Nordeste, que não tem acesso à informação e por isso não sabe o quanto se roubou no governo do PT", formula a artesã Maria Lúcia Barros Barreto, 66.
"As pessoas podem até assistir ao jornal pela TV, mas muitas não têm condição de interpretar a notícia", acrescenta a executiva Margareth Goldenberg, 44.
Na opinião dela, o erro de Alckmin foi transmitir seu programa de governo de maneira muito formal. "É triste, mas só ganha quem reduz a qualidade do discurso para atingir o maior número de eleitores possível."
A administradora de empresas Patrícia Marino, 40, acredita que "Lula faz apologia da pobreza e fala mal o português de propósito".
Sua tia, a pedagoga Cecília Andreolli, não tem dúvidas: "O que estragou foi colocarem o Alckmin ao lado do (Anthony) Garotinho. Quem teve aquela idéia?"
Incrédulas na quantidade de votos para Lula, as duas afirmam que "tem muito petista enrustido por aí".
Em cerca de três horas de entrevistas na praça Vilaboim, coração de Higienópolis, a Folha observou que existe uma tentativa de "organizar" o pensamento --sem garantia de coerência.
Mesmo afirmando que "o povão vota no Lula" porque não tem acesso à informação, a artesã Maria Lúcia diz que é contra publicar pesquisa antes da eleição. "Isso induz o voto do eleitor (ignorante)."
A aposentada Zuleika Frizzo afirma que "Lula rouba" --mas não se responsabiliza pela idoneidade do PSDB. "Pelo menos, a gente não tem a sensação de que está sendo extorquido." Para ela, "o brasileiro perdeu a credibilidade em si mesmo". "Os americanos começaram uma nação de verdade; os portugueses já chegaram extorquindo."
Dizendo-se "abaladas", mas sem parecer propriamente tristes, a mesária tucana Flávia Heilman, 27, e sua amiga, a designer Tatiana Bauman, 28, perguntam, sentadas no terraço do lado de fora de um barzinho: "Se a gente fizer cara de desoladas, você colocará nossa foto na capa do jornal?"
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