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30/10/2006 - 09h45

Resultado expõe derrota de oligarquias

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da Folha de S.Paulo

A derrota de Roseana Sarney no Maranhão completou o novo mapa político do Nordeste: os governos de três grandes Estados trocaram de mãos pela primeira vez em pelo menos 16 anos. No primeiro turno, o carlismo já havia perdido na Bahia e, no Ceará, a eleição marcou o fim do protagonismo de Tasso Jereissati (PSDB) no Estado.

A derrota das mais emblemáticas oligarquias nordestinas (principalmente no Maranhão e na Bahia) ocorre simultaneamente a um avanço das esquerdas na região. Na Bahia, ganhou Jaques Wagner (PT); no Maranhão, Jackson Lago (PDT); no Ceará, Cid Gomes (PSB). Some-se Pernambuco, com Eduardo Campos (PSB), e Sergipe, com Marcelo Déda (PT).

"Aquele Nordeste ali vai virar um enclave de esquerda, seja lá o que você quiser chamar de esquerda", diz o cientista político Carlos Ranulfo Melo, da UFMG. Mas a explicação do avanço das esquerdas não decreta a morte dos grupos políticos tradicionais nem admite resposta única. Reflete, em combinações e doses diferentes em cada caso, fatores como:
1) o esgotamento dos projetos oligárquicos em si e problemas sucessórios nos clãs; 2) o sucesso do governo Lula na região, que turbinou oposições até então sem fôlego eleitoral; 3) o impacto das políticas sociais federais e seu formato de distribuição, que limita a ingerência política local e estadual e dá margem maior à movimentação política dos prefeitos.

O caso dos Sarney no Maranhão, a primeira derrota da família em 40 anos, exemplifica: Roseana teve a oposição do atual governador, um ex-aliado do clã. Mesmo tendo Lula como cabo eleitoral, perdeu.

Para Francisco Araújo, professor da Universidade Estadual do Maranhão e autor da tese "Mandonismo e cultura política pós-1985", o sarneísmo já dava "sinais de caduquice porque se tornou velho, esgotado enquanto projeto. Depois de 40 anos de controle político, já demonstrou que não tem capacidade e compromisso para resolver os graves problemas do Maranhão, mas isso não significa que já esteja em seu ocaso".

O caso baiano, porém, evidenciou a força de Lula no Estado. É que, até então, explica o professor titular da Faculdade de Comunicação da UFBA, Albino Rubim, a oposição na Bahia havia se revelado incapaz de formular "projetos alternativos de poder e governo na Bahia".

Ministro de Lula e apoiado na aprovação dos programas sociais federais no Estado, Jaques Wagner conseguiu decolar. Vale dizer que a Bahia é um dos poucos Estados onde o carro-chefe da campanha nacional, o Bolsa Família, tem potencialmente ainda mais impacto. É que parte das famílias beneficiárias no Estado já está integrada em ações como a "tarifa social de energia", que faz cair até 80% do valor da conta.

No Ceará, governado pelo grupo de Tasso Jereissati desde 1987, o senador conseguiu forjar uma saída de cena sem rupturas. O tassismo já acumulava derrotas na capital, rejeição que começava a se irradiar para a região metropolitana.

No meio do caminho, Tasso viu o discípulo Ciro Gomes virar aliado de primeira hora de Lula, desde 2002, e a vitória petista na Prefeitura de Fortaleza, em 2004. A decisão então foi abandonar o candidato tucano Lúcio Alcântara à própria sorte e apoiar tacitamente Cid Gomes, irmão do ministro, o nome do ciro-petismo no Ceará --sai o PSDB do governo, mas o senador vai disputar espaço de influência no governo.

Crise do PFL

O encolhimento das oligarquias marca, no novo mapa nordestino, o desaparecimento do PFL dos governos estaduais. "O PFL está em apuros. Perdeu sua base e vai entrar em crise", diz Carlos Ranulfo. Ele já projeta influência do novo quadro na sucessão de 2010.

O cientista político carioca Renato Lessa concorda com a crise, mas pondera: "Não se assina atestado de óbito de gente como Antonio Carlos Magalhães. Mas é inegável que não existia, para o PFL, lugar pior para perder que a Bahia".

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