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30/10/2006 - 09h51

Por controle do PSDB, Serra e Aécio ensaiam aliança

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CATIA SEABRA
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
da Folha de S.Paulo

Eleitos governadores em primeiro turno, José Serra (SP) e Aécio Neves (MG) ensaiam uma aliança estratégica para assumir o controle do partido e evitar que a disputa de 2010 contamine sua relação desde já. Serra, porém, não deixa de alimentar uma aproximação com Geraldo Alckmin, que tem sido estimulado por aliados a se lançar ao Palácio do Planalto daqui a quatro anos.

Serra e Aécio passaram a trocar telefonemas depois da eleição e fecharam um pacto para não permitir que petistas e até mesmo tucanos explorem essa rivalidade política. Segundo tucanos, nenhum dos dois deseja ver Geraldo Alckmin na presidência do PSDB.

Os dois --que já definiram estratégia de atuação no Congresso-- conversaram durante o último debate da corrida presidencial, na Rede Globo.

A dupla alinhavou até mesmo um acordo para a eleição do novo líder do partido na Câmara. Dono da maior bancada --com 18 deputados--, o PSDB de São Paulo indicaria o líder. A Minas, caberia a cadeira a que o partido terá direito na Mesa Diretora da Câmara.

Segundo tucanos, Aécio teria concordado com a indicação de Antônio Carlos Pannunzio para a liderança da bancada. Em troca, um mineiro --Nárcio Rodrigues ou Custódio Mattos-- terá apoio de Serra para ocupar a vice-presidência da Casa.

O acordo foi proposto pelo atual líder, Jutahy Magalhães (BA), a Nárcio Rodrigues. Hoje, Nárcio conversa pessoalmente com Serra em São Paulo.

Semana passada, numa reunião com Nárcio, Aécio avalizou o acordo e deixou claro que prefere assistir à distância à disputa interna da bancada de São Paulo. "Não vamos entrar nessa bola dividida", afirmou Nárcio, "a liderança é de SP".

Ainda segundo tucanos, Aécio e Serra já estariam discutindo com o governo uma pauta no Congresso, incluindo uma minirreforma tributária e a renovação da CPMF.

Animado com seu desempenho eleitoral, Alckmin poderá, no entanto, pôr água nessa política do café-com-leite. Alckmin tem sido incentivado a dispor de seu capital eleitoral para se lançar à Presidência em 2010, mesmo que seja para se impor como candidato ao Palácio dos Bandeirantes.

Seus aliados o desaconselharam a concorrer à Prefeitura em 2008, sob pena de os tucanos serem acusados de usar a cidade de São Paulo como plataforma de lançamento.

Entre os alckmistas, prevalece a tese de que o ex-governador não deva recuar. "Alckmin tem caminho pela frente. Hoje, Aécio enfrenta o mesmo problema que Alckmin tinha antes de disputar. Só é conhecido em Minas. Alckmin está na mesma condição que Serra: a de ex-governador que já disputou a Presidência", disse Paulo Bressan, tesoureiro da campanha.

Alckmistas não descartam a possibilidade de Alckmin lançar um candidato à liderança do PSDB na Câmara. Seus aliados falam em Rafael Guerra (MG) e Gustavo Fruet (PR). Mas o recém-eleito Sílvio Torres (SP) também teria apresentado seu nome para a disputa.

Alckmin e Serra buscaram uma aproximação especialmente no segundo turno. Os dois estiveram juntos, na noite de sábado, numa confraternização na produtora dos programas dos dois candidatos.

Serra e Alckmin também tiveram uma reunião na quarta-feira e discutiram a melhor estratégia para o debate final, da Globo. Serra forneceu até seus soldados a Alckmin. Na reta final, o consultor José Roberto Afonso trabalhou na preparação de Alckmin para os debates. Mas não sem antes pedir autorização a Serra.

No PSDB, a avaliação é de que Alckmin depende de Serra para manter seu capital em São Paulo, inclusive o emprego de seus aliados na estrutura do Estado. Serra, por sua vez, estará mais confortável se não enfrentar a oposição de Alckmin no partido. Há expectativa de que Serra nomeie um alckmista para o governo.

Um nome cogitado é o de Emanuel Fernandes, que, eleito deputado, não estaria disposto a deixar a Câmara.

Na avaliação de tucanos, Alckmin e Serra deixam a disputa com relação melhor do que quando entraram. O mesmo não será aplicado a Aécio. Alckmistas apostavam ontem num afastamento de Aécio, depois da perda de mais de 500 mil votos no Estado em comparação ao primeiro turno. Alckmin também deixa a disputa contrariado com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Apesar dos afagos, a escolha do líder promete ser um embaraço entre Serra e Alckmin. Os dois discordam do nome ideal para o cargo. O difícil é encontrar alguém que não seja caracterizado como vitória serrista ou alckmista.

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