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30/10/2006 - 10h33

Lula retorna a Brasília e deve começar contato com governadores eleitos

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da Folha Online

O presidente reeleito Luiz Inácio Lula da Silva afirmou neste domingo que irá priorizar o diálogo com a oposição e com todos os governadores eleitos do país. Lula afirmou ainda que sua primeira medida no segundo mandato será articular a aprovação da reforma política, que prevê, entre outros pontos, a fidelidade partidária. "Os partidos políticos precisam se fortalecer e, por isso, vamos discutir, logo no começo do mandato, a reforma política que o Brasil tanto precisa."

O petista retorna na manhã de hoje a Brasília depois de acompanhar a apuração dos votos em São Paulo. Depois da maratona de viagens na campanha pelo segundo turno, Lula deve tirar alguns dias de descanso nesta semana ao lado de familiares. O destino ainda é mantido sob sigilo pelo Palácio do Planalto, mas especula-se que Lula deve viajar para a Bahia a convite do governador eleito Jaques Wagner (PT), ou para o litoral do Rio de Janeiro.

Nesta segunda-feira, ele pretende retomar a agenda oficial de presidente da República que ainda não foi divulgada oficialmente pelo Palácio do Planalto. O presidente deve, porém, se encontrar com líderes dos partidos aliados para receber cumprimentos e dar início às conversas sobre a composição do seu novo ministério no segundo mandato e conceder uma entrevista coletiva à imprensa.

Lula foi reeleito neste domingo com 60,83% dos votos válidos, segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Com 100% das urnas apuradas, Lula contabilizou 58.294.988 de votos, enquanto o tucano Geraldo Alckmin obteve 37.543.083 de votos (39,17%).

Reeleição

Ex-torneiro mecânico e primeiro líder de um partido de esquerda eleito presidente, Lula consegue igualar a façanha de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Em 1998, o tucano chegou ao segundo mandato consecutivo --foi o primeiro presidente a se beneficiar da reeleição no Brasil. Ao contrário de Lula, FHC conseguiu a reeleição já primeiro turno, com 53,06% dos votos válidos --escolhido por quase 36 milhões de eleitores.

Nestas eleições, além dos adversários, Lula teve que enfrentar crises políticas e escândalos envolvendo o Congresso Nacional, membros de seu governo e dirigentes de seu partido, o PT. A mais recente crise estourou durante a campanha eleitoral e causou revolta na oposição: a tentativa de compra de um dossiê antitucano. O episódio continua sendo investigado pela Polícia Federal e pela Justiça. Existe no TSE, inclusive, um processo de impugnação da candidatura do petista, que pode acontecer mesmo após a votação, caso as investigações comprovem crime eleitoral.

A aprovação e a popularidade de Lula, entretanto, não estavam ligadas ao sistema político, como mostrou a eleição. A atuação do governo petista na área social foi fundamental para a reeleição.

Discurso da vitória

No discurso da vitória, no Hotel Intercontinental, em São Paulo, o presidente disse que pretende iniciar ainda neste ano um diálogo com a oposição. "Até dezembro, pretendo conversar com todas as forças políticas do país. Não haverá veto a ninguém. Chamarei todo mundo para conversar. Não tenho dúvida nenhuma de que podemos conversar com todos os partidos da oposição."

O presidente fez questão de ressaltar o fim da campanha e que "agora não há mais adversário". "O adversário agora são as injustiças sociais. É todo mundo se juntar para fazer o Brasil crescer."

Indagado sobre o que mudaria em relação ao segundo mandato, o presidente falou que seu tratamento com a imprensa será diferente e que irá interferir nas relações com o Congresso.

"Eu pessoalmente irei interferir nessas relações com o Congresso Nacional. O Congresso, historicamente, é uma cabeça pensante com muitas cabeças pensando ao mesmo tempo. Não haverá veto a ninguém. Vou chamar todo mundo para conversar."

Disse, ainda, que uma decisão tomada na sua mesa, "não pode ficar mais de 30 dias sem ser executada". "Se quiser discutir, que se discuta antes de chegar à minha mesa."

O petista afirmou que seu segundo mandato continuará priorizando a população de baixa renda. "Os pobres terão preferência no nosso governo. As regiões mais empobrecidas terão do nosso governo uma atenção ainda maior, porque queremos deixar o Brasil mais equânime."

Lula aproveitou para apelar à responsabilidade de todos. "Eu tenho a Presidência, mas todos os brasileiros e brasileiras têm a responsabilidade de dar sua contribuição para que o Brasil não perca mais uma oportunidade [de crescimento]", disse.

Política fiscal

O presidente disse que terá, nesse segundo mandato, "uma política fiscal dura". "Não pode gastar mais do que ganha, pois vai se endividar mais do que pode e depois não consegue pagar a dívida que contraiu", afirmou.

Nesse sentido, Lula mandou um recado aos sindicalistas presentes na cerimônia. "Os meus companheiros sindicalistas, reivindiquem o que puderem. Nós daremos apenas aquilo que a responsabilidade permite que a gente dê."

Apesar da indicação de dureza na política fiscal, o presidente prometeu não penalizar o povo.

Questionado sobre a expectativa de crescimento para os próximos quatro anos, ponto bastante criticado pela oposição, o presidente respondeu que já tinha uma previsão.

"Já prevíamos para o próximo ano [um crescimento] de 5%. Depende de nós agilizarmos os projetos que estão em andamento. Já temos grandes projetos em fase final de implantação. A Petrobras, por exemplo, tem US$ 87 bilhões para investir, dos quais US$ 79 bilhões serão investidos no Brasil", disse Lula, que destacou outros investimentos da gigante do petróleo, como a construção de 4 mil quilômetros de gasodutos, além de construção e recuperação de ferrovias, rodovias, linhas de transmissão de energia e usinas hidrelétricas.

Também atribuiu parte do crescimento à ascensão social de beneficiários dos programa sociais implantados por seu governo. "Pode gravar aí. Vai ter mais crédito, vai ter mais renda, o salário mínimo vai voltar a crescer. Nós provamos que quando o povo tem um pouco de dinheiro, o povo começa a comprar, a loja começa a vender e a fábrica começa a produzir."

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