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30/10/2006
-
18h47
FELIPE NEVES
da Folha Online
O ex-ministro José Dirceu afirmou nesta segunda-feira que o ministro Tarso Genro (Relações Institucionais) não tem nem "legitimidade" nem "representatividade" para sugerir uma "refundação" do PT.
Na opinião de Dirceu, que admite a necessidade de uma renovação interna, a proposta de refundar significa negar a história do partido. O ex-ministro diz acreditar que essa não é a vontade da maioria da militância.
"Eu não acredito que o ministro Tarso Genro tenha legitimidade e representatividade para propor isso [refundação]. Eu não vejo apoio no PT para isso", afirmou o ex-ministro, que gravou entrevista para o programa "Opinião Nacional", da TV Cultura.
"Eu vejo com naturalidade, não a idéia de refundação, mas a idéia de que o PT faça um balanço, um ajuste de contas com a sua história, faça uma autocrítica e se renove", acrescentou.
PT não ficou parado
Dirceu defendeu que o partido "não ficou parado" quando estouraram os escândalos de corrupção envolvendo seus dirigentes --sobretudo o episódio do valerioduto-- porque convocou eleições internas e trocou toda sua diretoria.
No entanto, com a crise do dossiê, o ex-ministro acredita que "existe uma situação que exige" que o PT antecipe o congresso que definirá seu rumo e uma nova direção. Segundo ele, "tudo indica" que isso vai acontecer no primeiro semestre de 2007.
Ele apontou como temas relevantes para o congresso um balanço das ações do partido desde a última convocação, as eleições e, inclusive, uma "discussão sobre a relação do PT com o Estado, com o governo".
Reeleição de Lula
Para Dirceu, a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva representa a confirmação de seu primeiro governo e a aprovação das políticas propostas pelo petista e de sua liderança.
Em sua opinião, o primeiro mandato criou as condições para que o governo possa agora, com apoio das forças da Câmara e do Senado, "lançar o país em uma política de desenvolvimento".
Para isso, o ex-ministro acredita que sejam fundamentais duas reformas: a tributária e a política. "Se o país quer superar essa questão de caixa dois eleitoral e de corrupção, tem que fazer a reforma política", afirmou.
Ele se mostrou cético quanto ao apoio do PMDB, mas defendeu que este seria importante para a governabilidade. "Tomara que o PMDB como um todo faça um acordo programático de coalizão de governo", disse.
Dirceu disse ainda que não pretende participar do governo de forma alguma, a não ser como cidadão. "Minha prioridade será provar minha inocência no Supremo [Tribunal Federal]", afirmou, em referência aos processos que correm na Justiça.
Acusações
Dirceu foi acusado de ser o chefe do suposto esquema do "mensalão" --que seria a compra de votos de parlamentares pelo Executivo--, que ele negou a existência. As denúncias fizeram que Dirceu saísse do governo e ainda levaram a Câmara dos Deputados a cassar seu mandato.
Dirceu, que se diz vítima de um "julgamento político", quer que o STF o julgue o mais rápido possível para provar sua inocência. "O que eu não aceito é não ter a presunção da inocência."
Agressões
Ontem, ao votar, Dirceu foi vítima de agressões. Reconhecido enquanto concedia entrevista à imprensa, o ex-ministro foi chamado de "ladrão", "Judas", entre outras coisas. Uma mulher, inclusive, tentou agredi-lo, mas foi contida por policiais militares que resguardavam o local.
"Eu sou uma pessoa tranqüila, reagi serenamente, não falei nada, fui lá votei e saí. Mas eu considero muito grave o que aconteceu. Eu considero uma violência totalmente desnecessária", disse, ao término da gravação do "Opinião Nacional". O programa da TV Cultura vai ao ar na madrugada de terça para quarta, às 0h40.
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Para Dirceu, Tarso não tem "legitimidade" para propor refundação do PT
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da Folha Online
O ex-ministro José Dirceu afirmou nesta segunda-feira que o ministro Tarso Genro (Relações Institucionais) não tem nem "legitimidade" nem "representatividade" para sugerir uma "refundação" do PT.
Na opinião de Dirceu, que admite a necessidade de uma renovação interna, a proposta de refundar significa negar a história do partido. O ex-ministro diz acreditar que essa não é a vontade da maioria da militância.
"Eu não acredito que o ministro Tarso Genro tenha legitimidade e representatividade para propor isso [refundação]. Eu não vejo apoio no PT para isso", afirmou o ex-ministro, que gravou entrevista para o programa "Opinião Nacional", da TV Cultura.
"Eu vejo com naturalidade, não a idéia de refundação, mas a idéia de que o PT faça um balanço, um ajuste de contas com a sua história, faça uma autocrítica e se renove", acrescentou.
PT não ficou parado
Dirceu defendeu que o partido "não ficou parado" quando estouraram os escândalos de corrupção envolvendo seus dirigentes --sobretudo o episódio do valerioduto-- porque convocou eleições internas e trocou toda sua diretoria.
No entanto, com a crise do dossiê, o ex-ministro acredita que "existe uma situação que exige" que o PT antecipe o congresso que definirá seu rumo e uma nova direção. Segundo ele, "tudo indica" que isso vai acontecer no primeiro semestre de 2007.
Ele apontou como temas relevantes para o congresso um balanço das ações do partido desde a última convocação, as eleições e, inclusive, uma "discussão sobre a relação do PT com o Estado, com o governo".
Reeleição de Lula
Para Dirceu, a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva representa a confirmação de seu primeiro governo e a aprovação das políticas propostas pelo petista e de sua liderança.
Em sua opinião, o primeiro mandato criou as condições para que o governo possa agora, com apoio das forças da Câmara e do Senado, "lançar o país em uma política de desenvolvimento".
Para isso, o ex-ministro acredita que sejam fundamentais duas reformas: a tributária e a política. "Se o país quer superar essa questão de caixa dois eleitoral e de corrupção, tem que fazer a reforma política", afirmou.
Ele se mostrou cético quanto ao apoio do PMDB, mas defendeu que este seria importante para a governabilidade. "Tomara que o PMDB como um todo faça um acordo programático de coalizão de governo", disse.
Dirceu disse ainda que não pretende participar do governo de forma alguma, a não ser como cidadão. "Minha prioridade será provar minha inocência no Supremo [Tribunal Federal]", afirmou, em referência aos processos que correm na Justiça.
Acusações
Dirceu foi acusado de ser o chefe do suposto esquema do "mensalão" --que seria a compra de votos de parlamentares pelo Executivo--, que ele negou a existência. As denúncias fizeram que Dirceu saísse do governo e ainda levaram a Câmara dos Deputados a cassar seu mandato.
Dirceu, que se diz vítima de um "julgamento político", quer que o STF o julgue o mais rápido possível para provar sua inocência. "O que eu não aceito é não ter a presunção da inocência."
Agressões
Ontem, ao votar, Dirceu foi vítima de agressões. Reconhecido enquanto concedia entrevista à imprensa, o ex-ministro foi chamado de "ladrão", "Judas", entre outras coisas. Uma mulher, inclusive, tentou agredi-lo, mas foi contida por policiais militares que resguardavam o local.
"Eu sou uma pessoa tranqüila, reagi serenamente, não falei nada, fui lá votei e saí. Mas eu considero muito grave o que aconteceu. Eu considero uma violência totalmente desnecessária", disse, ao término da gravação do "Opinião Nacional". O programa da TV Cultura vai ao ar na madrugada de terça para quarta, às 0h40.
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