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05/11/2006 - 09h12

Socióloga vê erro de "desenvolvimentistas"

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FLÁVIA MARREIRO
da Folha de S.Paulo

Para a socióloga da USP Maria Victoria Benevides, a chamada "ala desenvolvimentista" do governo cometeu um erro tático na semana passada ao anunciar o fim da era Palocci --o que foi desautorizado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas ela aposta que o movimento está apenas no começo: "A pressão vai ser impaciente, implacável, muito maior do que no primeiro mandato".

Benevides diz que o erro dos ministros Dilma Rousseff (Casa Civil) e Tarso Genro (Relações Institucionais) foi de timing: "Faltou habilidade. Não é o momento oportuno, quando Lula ainda está vendo o que vai acontecer para montar o governo. A alma sindicalista e negociadora dele aí pesa muito", diz.

A socióloga afirma, porém, que tanto a esquerda petista e os intelectuais quanto os movimentos sociais que apoiaram o PT --do MST a alas da Igreja Católica-- estão a postos para cobrar o governo.
Mas o que garante que não se reeditará o filme do primeiro mandato, quando a influência desses grupos minguou ou praticamente desapareceu? Para Benevides, o motivo é pragmático: a sucessão de 2010.

Segundo ela, a única maneira de os petistas se viabilizarem na próxima disputa presidencial é fazer mudanças na política econômica e aprofundar a política social: "A única saída para a eleição é fazer não um governo socialista ou de esquerda, mas social, que tenha um projeto de desenvolvimento", afirma Benevides.

"Quem está entre os 20 melhores países do mundo, em crescimento econômico e outros indicadores sociais, pode ter hesitações. Quem está na rabeira, como nós, não", diz.

A socióloga rechaça o "lulismo" --porque "personifica" e subtrai importância da equipe de governo responsável por políticas setoriais exitosas--, mas também confia no cuidado de Lula com sua própria biografia para forçar alterações de rumo.

"O presidente tem uma preocupação muito grande com sua passagem para a história. Ele sabe muito bem o que pode ser trágico no segundo mandato."

No partido

Petista, Benevides cobra mudanças no PT: "Não adianta dizer que todo mundo faz. Cobro a saída do [Ricardo] Berzoini, não porque acho que ele é culpado, mas porque está envolvido". E completa: "Ou eles fazem esse esforço ou essa idéia de refundação acabou, vai virar um PMDB do "D'", diz a socióloga, que integrou a Comissão de Ética Pública da Presidência e o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.

Ela se fia no discurso de Lula aos militantes no último domingo, na avenida Paulista: "Como Lula diz, não podemos mais errar. Não temos o direito e nem tempo para isso".

Benevides diz que lhe dão "calafrios" as alianças políticas que se desenham para o segundo mandato, mas se define como "otimista à moda gramsciana": "Pessimista no diagnóstico, mas otimista na ação".

A professora da USP diz que outro fator de pressão para mudanças no governo é o retorno de alguns setores da intelligentsia de esquerda à órbita de apoio do governo --ela cita a declaração de apoio do sociólogo Francisco de Oliveira ao presidente no segundo turno.

Benevides diz que há "movimentos" para retomar os encontros de um grupo de intelectuais ligados ao PT e integrantes do governo --as reuniões foram interrompidas em meados do ano passado. O grupo nasceu na campanha de 2002 e, de lá para cá, contabilizou dissidências --como a do próprio Oliveira e do filósofo Paulo Arantes.

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