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05/11/2006 - 09h17

Bens de deputados estaduais somam R$ 1 bi

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JOÃO CARLOS MAGALHÃES
THIAGO REIS
da Agência Folha

As Assembléias Legislativas do país estarão mais elitizadas no próximo mandato. Levantamento feito pela Folha sobre o perfil socioeconômico dos novos deputados estaduais e distritais mostra que, em comparação com os eleitos em 2002, o patrimônio médio cresceu 72%, o número de empresários aumentou em 34 e mais parlamentares (710) agora têm o ensino superior completo.

Os 1.059 deputados estaduais eleitos têm, juntos, R$ 1 bilhão no total de bens declarados (R$ 640 milhões a mais que os de 2002). O patrimônio médio chegou a R$ 965 mil. Em 2002, era de R$ 560 mil.

"Isso mostra realmente uma certa elitização. Mas ela é positiva, pois denota que as pessoas mais preparadas, que têm maior peso na vida econômica e social brasileira, estão se interessando pelas candidaturas das Assembléias, o que provavelmente vai fortalecer essas instituições", afirma o cientista político Geraldo Tadeu, da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro).

O número de milionários nas Assembléias quase dobrou. São 205 milionários eleitos, contra 114 da eleição passada. O PMDB lidera a lista, com 45. O PSDB tem 44, e o PFL, 40. O PT tem quatro. A Assembléia de Minas abriga 32 deputados com mais de R$ 1 milhão de patrimônio. São Paulo tem 25. O mais rico é o empresário Otaviano Pivetta (PDT-MT), que declarou R$ 82 milhões.

Ensino superior

Os dados revelam ainda que 67% têm ensino superior completo -índice superior ao de 2002 (62%). Dado da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), feita pelo IBGE, mostra que só 5,6% da população brasileira estudou 15 anos ou mais --tempo mínimo necessário para se completar um curso universitário.

Para Tadeu, esse é mais um dado que revela a "inclusão política" nas Casas. "As Assembléias sempre foram uma instância menos prestigiada, às quais concorrem pessoas com menor formação, com menores recursos, que têm pouca visibilidade pública."

Empresariado

Em relação à profissão declarada, os empresários se tornaram a segunda principal ocupação das Casas. São 80 eleitos neste ano. Em 2002, eram 46 empresários --houve um aumento de 74%.

Segundo o cientista político, isso representa uma mudança no padrão. "Até 2002, havia o não-envolvimento direto do empresário brasileiro na política. Agora, ele considera melhor ser o próprio porta-voz do seu setor do que financiar políticos que ele, na verdade, não controla." Tadeu diz que isso decorre em parte do descrédito com a classe política.

Os políticos continuam em primeiro. O crescimento foi substancial (183%), o que mostra a profissionalização do parlamentar. São 453 eleitos que declaram como ocupação "deputado" ou "vereador". Há quatro anos, eram só 160.

Para o analista Leôncio Martins Rodrigues, ex-professor da USP e da Unicamp, o dado é "surpreendente". "No Brasil, os políticos não gostam de falar que são políticos. Esse número pode significar que muitos deles têm vergonha de dizer qual a sua outra profissão."

Já os profissionais liberais perderam espaço neste ano. Em 2002, os advogados e médicos eram maioria nas Casas: 114 e 92, respectivamente. Em 2007, serão 79 representantes de cada classe.

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