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08/11/2006 - 10h25

Lula diz que errou na relação com Congresso

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EDUARDO SCOLESE
PEDRO DIAS LEITE
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Em um dia de intensas articulações políticas no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu ontem que errou em sua relação com o Congresso nos últimos quatro anos e afirmou que nenhum dos ex-ministros que deixaram o governo para se candidatar terão vaga no primeiro escalão do segundo mandato petista.

Em conversas reservadas com integrantes de PMDB e PTB, o presidente disse que nos primeiros quatro anos de gestão se manteve distante do Legislativo, o que prejudicou o governo na aprovação de projetos prioritários e também nas investidas para barrar investigações em CPIs, por exemplo.

Ao admitir tais falhas, Lula prometeu que num segundo mandato a relação com o Congresso será diferente. Ao líder do PTB na Câmara, deputado José Múcio (PE), Lula prometeu que, a partir de 2007, fará pelo menos uma reunião mensal com líderes do Congresso, incluindo, se necessário, os oposicionistas. O Planalto confirmou a idéia. No encontro com o petebista, Lula usou termos como "diminuir a distância" e "estreitar" o caminho entre Executivo e Legislativo.

Ontem, Lula deu início oficialmente a conversas com representantes de outros partidos para a montagem da base aliada no Congresso e às costuras para a formação da equipe ministerial do segundo governo. O ministro Tarso Genro (Relações Institucionais), responsável pela articulação política do governo, está de licença para descansar por 10 dias.

Além de Múcio, passaram pelo Planalto o governador reeleito do Paraná, Roberto Requião (PMDB), e o senador paraibano José Maranhão (PMDB), derrotado na disputa pelo governo do Estado. As negociações devem prosseguir pelas próximas semanas ainda.

Nas conversas, segundo a Folha apurou, Lula mostrou-se decidido em não trazer de volta à Esplanada aqueles que deixaram o cargo, no final de março passado, para disputar as eleições em seus Estados, como José Fritsch (PT-SC), Miguel Rossetto (PT-RS), Saraiva Felipe (PMDB-MG) e Agnelo Queiroz (PC do B-DF). A um interlocutor ouvido ontem pela reportagem, Lula disse que quem deixou o governo para disputar as eleições não volta mais.

A única exceção deve ser Ciro Gomes (PSB), deputado federal eleito no Ceará, ex-ministro da Integração Nacional e que aparece como cotado para a Saúde.

Sobre a escolha de sua nova equipe de ministros, Lula foi além. Disse que montará uma equipe que tenha capacidade administrativa, deixando em segundo plano petistas e candidatos derrotados nos Estados.

Nos mesmos contatos políticos, Lula foi pragmático, ao tratar da necessidade de uma ampla base de apoio no Congresso. Segundo o líder petebista na Câmara, o presidente foi direto ao assunto, ao afirmar que precisa dos votos da legenda para apoiar projetos do governo. O PTB respondeu positivamente ao presidente. "Vamos ajudar na governabilidade", disse Múcio, ao ser questionado sobre o fato de o presidente da sigla, o deputado cassado Roberto Jefferson, ser contrário ao apoio do PTB ao segundo mandato.

Alma lavada

Ontem, tanto nas conversas políticas como em contatos com auxiliares diretos, Lula repetiu estar de "alma lavada" por conta do recado que deu um dia antes aos banqueiros em evento promovido em São Paulo pela revista "Carta Capital". Segundo a Folha apurou, Lula avalia que, entre os banqueiros, houve aqueles que se mobilizaram em prol do tucano Geraldo Alckmin.

No discurso de anteontem à noite, diante de representantes da instituições financeiras, Lula disse que "com o mesmo carinho que olha para um [Jorge] Gerdau e o chama de companheiro, esse presidente da República tem coragem de olhar para um Roberto Setubal [Itaú] e chamá-lo de companheiro".

Especial
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