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08/11/2006 - 18h00

Saraiva Felipe diz que recebeu pedidos "não-republicanos" na Saúde

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GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília

Em um curto depoimento para um plenário vazio na CPI dos Sanguessugas, o ex-ministro da Saúde Saraiva Felipe (PMDB) negou nesta quarta-feira ter participação na máfia das ambulâncias enquanto esteve à frente do ministério. Apenas cinco dos 38 integrantes da comissão acompanharam o depoimento, que durou pouco mais de uma hora.

O ex-ministro admitiu que sofreu pressões políticas durante os nove meses em que ficou no ministério para a indicação de cargos e liberação de emendas parlamentares. Alguns pedidos, segundo Saraiva, foram "não-republicanos" e impossíveis de serem concedidos. "Eu não deixaria que, nesses nove meses, eu fraquejasse", disse.

Apesar de admitir a pressão política na pasta, o ex-ministro disse que em nenhum momento foi procurado pelos empresários Luiz Antonio e Darci Vedoin para convênios superfaturados, ou mesmo por parlamentares em busca de emendas para a compra superfaturada de ambulâncias. Saraiva admitiu, no entanto, que podem ter ocorrido irregularidades diante da "complexidade" que envolve o Ministério da Saúde.

"Eu não estive com o pai [Darvi Vedoin], com o filho [Luiz Antonio], nem com o Espírito Santo. Nenhum deputado me pediu para recebê-los. Mas nada impede que algum município tenha feito licitações fraudulentas. Há hoje a subordinação absoluta dos ministérios às negociações políticas. Nenhum ministro consegue controlar cinco mil emendas parlamentares", disse.

Saraiva afirmou que o senador Ney Suassuna (PMDB-PB) --que responde a processo de cassação por suspeita de envolvimento com a máfia das ambulâncias --fez vários pedidos para "favores políticos" enquanto esteve no cargo.

Segundo o ex-ministro, Suassuna chegou a reclamar que "nada era liberado" no ministério para os deputados e senadores do PMDB. "Isso não era só o Suassuna que pedia. Todos os líderes partidários freqüentavam o meu gabinete. Mas a relação do ministro com o seu partido é mais complexa do que com os outros", disse.

Contradição

No depoimento, Saraiva acabou contradizendo Suassuna ao comentar um encontro que teria sido realizado no ministério no final do ano passado entre os dois peemedebistas. Segundo o ex-ministro, o senador disse que esteve no ministério em dezembro de 2005 para negociar emendas com Saraiva, que negou o encontro.

"O Suassuna disse que fez a discussão no final do ano passado, mas nesse período eu estava de recesso de fim de ano, fora do ministério. Se ele apresentou alguma demanda, foi ao secretário-executivo, e não a mim", disse.

Saraiva também negou ter indicado Maria da Penha Lino, ex-assessora do Ministério da Saúde, apontada como o elo da máfia das ambulâncias no ministério. Segundo o ex-ministro, o líder do PMDB na Câmara, Wilson Santiago (PB), indicou a assessora para o deputado José Divino (sem partido-RJ), que encaminhou o pedido ao ministério.

Absolvição

As explicações apresentadas pelo ex-ministro convenceram o relator da CPI e colega de partido de Saraiva, senador Amir Lando (PMDB-RO). "Para mim era dispensável ele ter vindo. Quando votamos o primeiro relatório, ficou comprovada a sua inocência. Não vi qualquer informação que impute responsabilidades ao ex-ministro", disse Lando. O senador prometeu apresentar o relatório final da CPI até o dia 18 de dezembro.

O vice-presidente da CPI, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), disse que Saraiva acabou se beneficiando diante do esvaziamento da sessão. "Ganhos, não foram muitos, mas a CPI tem que caminhar. Passado o período eleitoral, temos o interesse dos parlamentares diminuído", afirmou.

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