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21/11/2006 - 09h27

PT não pode mais aparelhar governo de Lula, diz Maggi

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JOÃO CARLOS MAGALHÃES
da Agência Folha

Despontando como um dos principais aliados de Lula em seu segundo mandato, o governador reeleito de Mato Grosso, Blairo Maggi (PPS), disse em entrevista à Folha que o partido do presidente não pode mais promover um "aparelhamento do Estado". "Acho que o PT passou dessa fase."

Maggi, que declarou voto em Lula no segundo turno, após o governo liberar cerca de R$ 1 bilhão para ajudar os produtores de soja, criticou a possibilidade de a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy (PT) assumir o Ministério das Cidades e afirmou que o critério de escolha dos cargos deve ser técnico.

"Tem que haver um governo de coalização, o PT tem que abrir espaço." O governador recebe o presidente para uma visita hoje à BR-364 e a uma usina de biodiesel no Estado. Leia trechos da entrevista.

FOLHA - Que papel o sr. deve desempenhar no segundo mandato do presidente Lula?
BLAIRO MAGGI -
Nós [Maggi e Lula] tivemos oportunidade de conversar várias vezes e acho que essa aproximação decorreu da minha pré-disposição de sair, de buscar votos, de recolocá-lo num segmento em que ele estava desgastado [o agronegócio]. Em 1996, tivemos uma crise [na agricultura] pior que essa. E demorou de três a cinco anos para resolver os problemas. Na crise de 2005 nós resolvemos muitos problemas, e faltam muito poucos para resolver. A minha missão foi a de reavivar a memória das pessoas de que Lula fez o papel dele.

FOLHA - O PT pode atrapalhar a configuração política que o presidente ensaia?
MAGGI -
Eu creio que não. O presidente é maior que o PT. Tem que haver um governo de coalização, o PT tem que abrir espaço.

FOLHA - Além da corrida por cargos, existe um projeto de governo por trás desse novo cenário?
MAGGI -
É aí que eu entro e defendo a tese de que tem que ter um projeto de nação. Tem órgãos que existem nas três esferas [federal, estadual e municipal] e esses mesmos órgãos muitas vezes trabalham em direções diferentes. Nós precisamos ter um alinhamento de pensamento. Isso para mim não passa nem por quem vai exercer o cargo, mas o perfil de quem vai exercer o cargo.

FOLHA - Que perfil é esse?
MAGGI -
Aqui em Mato Grosso, o que menos importa é a questão política. O que mais importa é a questão técnica. Esse é o governo que eu imagino que deve ser montado. Claro que as pessoas que o presidente indicará estão dentro de um partido. O presidente e sua equipe vão olhar para dentro daquele partido e dizer: "Esse é o perfil que preciso para trabalhar".

FOLHA - Mas o critério técnico nem sempre foi o adotado pelo PT, não?
MAGGI -
Acho que o PT passou dessa fase. Essa página do PT deve ter ficado para trás, porque o primeiro mandato de Lula foi, e ninguém pode negar, o mandato do PT. Houve um aparelhamento do Estado. Não vejo disposição do presidente em repetir isso. A intenção dele não é a de fazer um governo de derrotados. "Ah, não conseguiu ser governador, vem para cá." Me parece que a intenção do presidente vai muito na direção do que eu estou falando, de tentar compor o que é político, mas que tem também uma coisa mais técnica. O Marcio Fortes, do Ministério de Cidades, é um profissional de carreira, um técnico, alguém que conhece o Brasil. É um ministério que não pode ser dado para a Marta Suplicy, por exemplo. O que vai acontecer? O negócio vai acontecer em São Paulo, e o resto do Brasil não vai ver mais nada no Ministério das Cidades.

FOLHA - O que é preciso mudar na política econômica para que aconteça o crescimento prometido?
MAGGI -
Acho que, para a iniciativa privada participar efetivamente do crescimento, o Brasil tinha que acreditar mais na política econômica que ele tem e extinguir de vez a TR [Taxa Referencial de Juros]. Outra questão que atrapalha os investimentos, mais especificamente no agronegócio, é a biotecnologia. Temos muito transgênico produzindo muito mais do que se produz hoje. Essas coisas precisam passar por uma força tarefa por parte do governo, e sei que isso não é fácil. E precisamos derrubar muitos cartéis, como o dos agroquímicos.

FOLHA - Como o sr. vê as críticas de que advoga em causa própria quando defende o agronegócio, já que é dono de uma das maiores empresas de grãos do Brasil, o grupo Amaggi?
MAGGI -
Tenho que aceitar essas críticas. O importante é que nessas questões, renegociações e coisas parecidas, a minha empresa não precisa dessa ajuda. Agora, sou governador de um Estado que é eminentemente agropecuário. E, quando eu defendo o Estado, claro que defendo quem está dentro desse negócio e eu estou incluído.

FOLHA - Como está a negociação para ir para o PSB?
MAGGI -
Não acho que eu fiz algo errado, acho que é uma injustiça o que estão fazendo comigo. Agora, lá na frente eu vou sair do partido? Eu vou, acho que não tem mais clima para ficar. Mas expulso, não. Vou brigar na Justiça, me defender.

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