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15/12/2006 - 11h27

Reajuste de parlamentares destoa dos acordos salariais dos trabalhadores

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MICHELE OLIVEIRA
da Folha de S.Paulo

A realidade dos aumentos salariais por todo o país é muito diferente da do Congresso. No primeiro semestre deste ano, os reajustes de 271 categorias profissionais em nada se comparam com o que será recebido por deputados e senadores a partir de fevereiro. De janeiro a junho deste ano, somente duas categorias receberam um aumento de mais de 5% acima do INPC, do IBGE, índice que mede a inflação usado no Balanço das Negociações de Reajustes Salariais, pesquisa realizada semestralmente pelo Dieese.

Segundo o levantamento de agosto, no primeiro semestre, 81,9% dos reajustes foram superiores ao INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) acumulado em cada data-base (data do ano em que cada categoria, via sindicato, faz sua negociação salarial com os empregadores). O índice, que mede a variação da inflação, ficou acumulado em 2,75% nos 12 meses anteriores à data-base referente ao mês de junho.

Funciona assim: para calcular em junho, por exemplo, um aumento de salário de alguma categoria profissional, leva-se em conta a inflação acumulada nos 12 meses anteriores.

Dos 81,9% dos acordos acima da inflação, a grande maioria ficou muito distante do reajuste de ontem dos parlamentares. São 96 categorias, ou 43,2%, que tiveram aumento entre 0,01% a 1% acima do INPC.

Em segundo lugar, vêm os 31,1% que obtiveram reajustes de 1,01% a 2% acima da inflação acumulada no período.

Conforme o percentual de aumento acima do INPC vai subindo, vai diminuindo o número de categorias beneficiadas.

O topo --os maiores reajustes do primeiro semestre-- é representado por apenas duas categorias, que não são citadas na pesquisa do Dieese. Somente essas duas tiveram um aumento de mais de 5% acima de 2,75%, se for considerada a inflação acumulada nos 12 meses anteriores a junho.

Já o Congresso teve um reajuste de 90,7% de fevereiro de 2003 para cá, sendo que o INPC acumulado no período foi de 22,7%. No entanto, o aumento dado aos 594 parlamentares ficou muito acima da reposição das perdas com a inflação --o ganho real no período, descontado o INPC, foi de 55,4%.

Comparação

Para comparar, os metalúrgicos do Estado de São Paulo, uma das categorias mais sindicalizadas do país, tiveram um aumento real de 2% na última negociação salarial, em setembro. Segundo a Confederação Nacional dos Metalúrgicos, 800 mil trabalhadores foram beneficiados pela decisão.

Por setores da economia, foi no comércio que mais acordos salariais ficaram acima do INPC, 91,1%. A área de serviços registrou 76,9% dos reajustes acima da inflação acumulada.

Dentro do setor de serviços, há outro exemplo do que acontece com os trabalhadores que não estão no Congresso. Os bancários tiveram reajuste de 3,5% em setembro, muito longe dos 90,7% obtidos pelos parlamentares. Em vez de 594, eles são 350 mil no país todo, segundo a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf).

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